35 - BLOOD

4K 441 26
                                    

ASTRID

Passar algumas noites acordada estava virando costume. Minha mãe disse que também teve insônia quando estava grávida da Katy mas além da falsa de sono eu também estava sentindo um incômodo abaixo da barriga que não me deixava encontrar uma posição confortável.

Foda-se. Já são quase quatro da manhã e eu tenho um ensaio às sete e meia, vou ficar acordada até lá.

Quando saio do quarto acabo batendo o pé nas caixas que eu fiquei com preguiça de guardar. Boa parte são produtos que marcas me mandaram pra testar além de brinquedos e roupas infantis que Emily e Julie compraram.
Meu preferido é um macacão cáqui todo estampado com o símbolo da Louis Vuitton. É do tamanho certo para um recém nascido e quando eu segurei em mãos me perguntei se era realmente possível caber uma criança dentro de uma peça tão pequena.

Quero dizer, a última vez que vi algum recém nascido foi quando Katy nasceu e eu tinha seis anos, quase não lembro de como ela se parecia quando ainda era um bebê.

Já na cozinha eu aproveito para tomar os remédios da anemia e estava prestes a pegar alguma coisa pra comer quando a dor se intensifica de forma que eu preciso parar o que estou fazendo e me apoiar na pia pra não cair.
O medo me atinge imediatamente quando sinto algo úmido na minha calcinha e vejo uma mancha vermelha pequena aparecer na calça do meu pijama.
Meu celular tinha ficado no quarto, então rapidamente fui pra lá e disquei o primeiro número da minha lista de emergência enquanto pegava um vestido preto solto que eu costumo usar em casa.

"Astrid, o que foi?" Suspirei aliviada quando ouvi a voz da minha mãe e coloquei no viva voz pra poder trocar minha calcinha e colocar o vestido.

"E-eu preciso ir pro hospital, tem alguma coisa errada." Só agora eu notei o quando estava sendo difícil falar porque minha voz estava totalmente embargada e não demorou muito até precisar fungar.
Não chora, se concentra.

"Como assim? O que houve, filha? Respira um pouco."

"Eu estava sentindo dor e agora eu comecei a sangrar...mãe, o que eu faço?" Peguei o primeiro casaco de inverno que vi pela frente e vesti, antes de agarrar o celular e ir até a bolsa que eu costumo deixar meus documentos separados.

"Fica calma, certo? Eu vou acordar seu pai e estamos passando ai daqui a pouco." Eu concordei com a cabeça mesmo que ela não pudesse ver.
Assim que desliguei a ligação minha ficha pareceu realmente cair e por instinto eu levei minha mão trêmula até a parte mais elevada da minha barriga e passei a acariciar devagar enquanto aguardava sentada no sofá, segurando o choro ao máximo.

Meus pais chegaram rápido, e com certeza meu pai levou algumas multas pela velocidade mas não era o momento certo pra ligar para isso. Ele ficou cuidando de toda a burocracia da entrada no hospital e minha mãe a todo momento ficou tentando me acalmar, principalmente quando começaram a me examinar. Só me deixou a sós quando eu pedi para ela ligar para o Matteo e o Tyler.

"O que é isso?" Perguntei quando a enfermeira injetou alguma coisa junto com o soro ligado à minha veia.

"Vai te ajudar a ficar um pouco mais calma." Respondeu antes de começar a verificar como estava minha pressão e eu logo senti meu corpo amolecer.
Ela tinha me sedado.
Vadia.

Durante a ultrassom eu mal entendia o que falavam, e mesmo que eu tentasse perguntar a minha lingua ficava meio enrolada e eu não enxergava direito porque nesse ponto eu já tinha me entregue ao choro.

Dali eu fui levada até um dos quartos, me ajudaram a vestir uma das camisolas do hospital e fiquei sozinha depois que garantiram que eu estava confortável na cama.
Não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo, o efeito do remédio parecia estar passando e a dor era quase inexistente, mas minha preocupação estava à mil enquanto eu mantinha as mãos apoiadas na barriga.

"Ei, vem cá." Respiro fundo quando Matteo e Tyler entram no quarto e em questão de segundos sou abraçada por eles. Não sei ao certo quanto tempo ficamos assim, mas foi o suficiente pra ouvir eles fungando e murmurando coisas que eu não entendi muito bem.

"Está tudo bem, foi só um susto, okay? Vai ficar tudo bem." Tyler afasta o cabelo do meu rosto e abre um sorriso pequeno em meio o rosto vermelho e os olhos marejados.

"Acho que essa criança ainda vai te dar muito trabalho. Ainda nem nasceu e já está nos dando esses sustos." Finalmente um rosto conhecido entra no quarto junto com meus pais. Arya estava com o rosto cansado, provavelmente não era seu turno hoje mas devem ter ligado para ela já que ela é minha obstetra.

"O que aconteceu com ele?"

"Às vezes acontece de o saco gestacional descolar e isso causa o sangramento. É mais comum acontecer só depois dos três meses, isso pode até causar um aborto mas felizmente não deu nada de errado com seu filho porque você sangrou bem pouco, pode ficar calma." Ela diz com um tom reconfortante. "Porém todo risco é possível então vamos te deixar em observação pelo menos por dois dias, só por garantia."

"Pode ser por um mês, eu não ligo. Contanto que não aconteça nada...com ele." Dizer em voz alta parecia tão estranho quanto em pensamento.

Meus pais, como bons adultos chorões que são, logo vem me abraçar e me fazer passar vergonha na frente de Matteo e Tyler, que riem baixinho enquanto secam o canto dos olhos.

"Ei, você nos assustou hoje." Tyler diz com a boca próxima da minha barriga.

"Ele não pode te ouvir ainda." Minha mãe me repreende com o olhar e eu reviro os olhos.

"Vamos buscar umas coisas pra você, okay? Cuidem dela, meninos." Meu pai abraça cada um deles antes de se retirar do quarto com a minha mãe.
Eu respiro fundo pensando no que poderia ter dado errado hoje.

"Acho que eu nunca fiquei tão assustado antes." Matteo confessa segurando minha mão. Tyler faz o mesmo com a outra e eu não consigo reprimir um sorriso pela sensação boa que eles me trazem.

"Eu tenho sorte em ter vocês comigo."

"Andrew estava certo. Eu acho." Tyler se perde todo na hora de falar. "Sobre, a gente se amar...e etc."

"Não, não, não. Se isso foi uma declaração, é melhor você fazer direito, Tyler O'conell Winfrey." Ele ri do meu falso tom de brava e indireita a postura.

"Certo. Astrid Loir Kipper e Matteo Barden Philips... criança sem nome também... eu amo vocês."

"Awn, vem cá bebezão." Matteo agarra o rosto dele e o enche de beijos. Eu também me aproximo e faço o mesmo enquanto a risada de Tyler ecoa pelo quarto enquanto pede pra que a gente pare.

"Obrigada por estarem comigo. Amo vocês." Sou completamente sincera ao dizer.
Eles voltam a me abraçar forte, num claro sinal de que é recíproco.

•••

Chegamos em 20 mil leituras e sério, eu to feliz pra caralho!

Obrigada por tirarem um tempo pra ler essas brisas q passam na minha cabeça.

Espero que tenha gostado.

Vota & comenta pra ajudar a história a crescer <3

AMOUR À TROIS Onde histórias criam vida. Descubra agora