Capítulo I - Solidão

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Oito anos apenas sobrevivendo dia após dia, desejando que toda dor evaporasse. Não havia nenhum antídoto ou medicamento que amenizasse a tristeza, que a afastasse da solidão. Apesar de ter muitas pessoas a sua volta, sentia-se desamparada, perdida, vazia, sozinha, da mesma forma quando teve anorexia na adolescência. Porém desta vez era um pouco diferente e tinha apenas um motivo com nome e sobrenome.

Sentia falta dos beijos escondidos, das brincadeiras e trocas de olhares, das noites em que, escondidos, dividiam o mesmo quarto de hotel durante as turnês e ao invés de descansarem, se amavam intensamente até o raiar do sol. Até as brigas e discussões por ciúmes faziam falta. Cada momento, cada segundo ao lado dele era precioso, único, mágico, independente de estarem entre tapas ou beijos.

O relacionamento com ele, desde o inicio, foi explosivo, cheio de altos e baixos. Mas o amor que os unia era intenso, forte e verdadeiro, havia uma conecção indescritível entre eles, ou como Pedro sempre dizia, naquele casal havia muita química. Inútil seria tentar esquecê-lo.

Como tirá-lo do coração se o vê a todo o momento na mídia? Se em todas as entrevistas as fãs traumadas perguntam sobre ele? Por sorte é boa atriz e sempre soube administrar muito bem o bombardeio de perguntas sobre um possível reencontro, questionamentos sobre sua intimidade.

Alfonso Herrera era único em seu coração, marcado como tatuagem. Jamais poderia esquecê-lo, e nem queria. O moreno de olhos verdes e sorriso sedutor havia sido o seu grande amor e o amaria até depois da morte.

Até tentou dar uma oportunidade aos homens que o destino pôs em seu caminho, porém os relacionamentos fracassavam antes mesmo de começar. Sempre buscou alguma semelhança, alguma característica física, mas ninguém era igual a ele. E talvez devido a isso, se via frustrada com as celebridades do sexo masculino que faziam de tudo para estar ao seu lado, para conquistar o seu coração. Mal sabiam aqueles homens, que eram considerados deuses gregos por toda a população de Los Angeles, e talvez, do mundo, que o coração de Anahí tinha um único dono.

Recorda-se perfeitamente quando o viu pela primeira vez nos estúdios da televisa no primeiro dia de gravações da novela Classe 406. Houve troca de olhares que demarcaram o início de uma história de amor.

Anahí adentrou o estúdio de gravação e notou algumas pessoas conversando em uma rodinha. Imediatamente avistou um rosto conhecido, que ao vê-la abriu um sorriso.

- MINHA DIVA, ANJO DA MINHA VIDA! – Christian gritou indo em sua direção. Ele a abraçou fortemente, e foi então que, sobre o ombro de Christian, ela o viu a encarando. Aqueles olhos verdes se chocaram com o azul e Anahí sentiu o chão faltar.

E após iniciaram-se as brigas, discussões, provocações. Viviam como cão e gato diariamente. Alfonso estava sempre cercado de mulheres bonitas e fazia jus a sua fama de galinha. O fato de ele dividir os lençóis com diversas mulheres incomodava Anahí de uma forma inexplicável. Havia desejo carnal entre eles, porém a loira não daria o braço a torcer e ser mais uma a tê-lo entre as pernas, pois ela queria muito mais do que uma noite.

- Eu não vou transar com você Alfonso. – Anahí disse rolando os olhos.

- O que há de errado comigo? – ele perguntou a olhando com luxúria. – Qualquer mulher daria tudo para estar ao meu lado.

Anahí jogou a cabeça para trás soltando uma gargalhada, expondo o seu pescoço e o moreno engoliu em seco, fato percebido por Anahí pelo movimento na garganta dele, e o desejo em seus olhos.

- Eu nunca, escute bem... – ela disse aproximando-se dele, chegou bem próximo à boca do moreno, deu um sorriso cínico e o encarou, segurou-o pelo colarinho - Nunca irei transar com você! – falou e soltou-o, dando as costas para Alfonso.

Apesar de ter dito que não iria para a cama com ele, Alfonso seguiu insistindo. Não apenas para levá-la a cama, mas sim para manter um relacionamento às escondidas com a loira. Óbvio que Anahí negou-se, pois Alfonso estava iniciando um relacionamento com Dulce Maria, sua amiga desde a infância.

Caminhava pelos corredores distraída quando trombou com ele, e ao invés de afastarem-se, ficaram olhando-se fixamente nos olhos, respirando ofegantes. Em um movimento rápido Alfonso a puxou pela cintura colando os corpos e a beijou.

- Ficou louco Poncho? – ela indagou empurrando-o – O que há com você? Dulce é minha amiga, não deveria ter me beijado!

Ele sorriu galanteador e a puxou contra si e colou seus lábios sobre os dela.

- Cansei de lutar com o meu coração. – disse e soltou um riso pelo nariz, então olhou-a nos olhos - Estou completamente apaixonado por você Anahí.

Passou a evitá-lo, não estar no mesmo ambiente que ele. Sentia-se horrível por trair a amiga, e mais ainda por não ter coragem de contar o que ocorreu entre ela e Alfonso. E ele não colaborava, a cercava sempre que tinha oportunidade e deliciava-se com o sabor dos lábios de sua amada. Anahí parou de resistir, de lutar contra seus sentimentos e deixaria nas mãos do destino. Com o fim das gravações da novela, Anahí e Alfonso se afastaram e não mantiveram mais contato. A loira acreditava que era uma obra do destino e que Alfonso não era o cara certo para colorir os seus dias. 

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