prólogo

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Dara, aos seis anos de idade, era uma criança como todas as outras: sapeca, saudável e feliz. Ciaran O'Shea, sua mãe, desgastada pelo passar do tempo e problemas da vida, via na filha a beleza que tivera um dia e não poderia estar mais orgulhosa. 

Dara era sua única filha, fruto de um breve e irresponsável relacionamento que tivera com um quase desconhecido no passado e era feliz criando a filha sozinha; Dara era a menina dos seus olhos. Ciaran batalhava todos os dias para dar apenas o que havia de melhor para ela. 

Dara era uma boa menina. Nunca deu trabalho e sempre se comportou muito bem. Era bondosa, carinhosa, estudiosa, mesmo ainda tão nova, além de linda por dentro e por fora. 

Dara tinha sete anos quando sua mãe, após anos sem se envolver com ninguém, disse estar apaixonada e, um mês depois, se casou. Aquele foi o dia mais feliz da vida da menina. Finalmente teria um pai! Finalmente teria a quem entregar os presentes artesanais que fazia na escola todos os anos em comemoração ao dia dos pais, finalmente poderia conversar com as coleguinhas que contavam animadas que "meu pai é muito legal" e finalmente teria outra pessoa com quem brincar além da mãe.

Para Ciaran, apaixonar-se de novo foi um milagre que ela não esperava ou imaginava possível acontecer outra vez; a última vez fora há quase dez anos, quando ainda não tinha Dara. Ela estava feliz por amar e ser amada outra vez. Mas, principalmente, estava feliz em poder dar um pai para sua filha. 

Gael era um homem já de certa idade, sério, charmoso e muito rico, o que para Ciaran não era o principal, ela era feliz apenas sendo desejada, mas o dinheiro, não podia negar, era um bônus muito bem-vindo. 

Os primeiros anos após o casamento foram os mais felizes para a pequena família. Gael, como o homem da casa, assumiu Dara como sua, assim como todas as despesas da sua agora família e dos poucos familiares da esposa. Como único provedor, passou a ter o controle da casa e afins, o que causou estranheza para Ciaran no começo. Mas não demorou muito até ela se acostumar com a sua nova realidade. Ela vivia feliz na casa espaçosa e maravilhosa que mais parecia uma mansão que o marido lhe dera – e que ela até pôde escolher!

Ciaran agora podia relaxar sabendo que não precisava mais se matar de tanto trabalhar para pagar as contas no final do mês e isso enquanto tinha a felicidade de ver sua filha crescer saudável, segura e a cada dia mais bela, ao lado de um homem que bancava todos os seus caprichos de mulher recém-descoberta rica, sem jamais reclamar. 

Dara crescia e com o tempo tornava-se precocemente uma garota com curvas onde meninas de nove anos ainda não tinham, seios já em formação e um rostinho de boneca, junto com os olhinhos azuis que brilhavam e os cachinhos loiros que arrancavam suspiros por onde ia. 

Ciaran tinha grande prazer em ensinar a filha como se vestir – uma das suas maiores alegrias como mãe de menina e que a fazia lembrar de quando fora ela quem tivera toda aquela beleza angelical; ela nunca cansava de anunciar, muito orgulhosa da filha e de si mesma, para todos que parassem para ouvir sobre como a sua filha era a sua cópia mirim. 

E foi enquanto Ciaran estava distraída e ainda deslumbrada com as maravilhas do seu novo mundo que os olhares paternais de Gael para a menina tornaram-se tudo menos isso, agora pesados e mais demorados. 

Então as brincadeiras no "colinho do papai" começaram e logo se tornaram constantes. 

Dara não entendia o que seu pai estava fazendo quando a abraçava forte demais, quando apalpava seu corpinho semi-desenvolvido, quando suspirava profundamente no seu ouvido enquanto a chamava de "princesinha do papai". Mesmo confusa e incomodada, ela nunca reclamou sobre as brincadeiras estranhas do pai para a mãe; inocente, ela temia que a mãe brigasse com ele e então, tão de repente quanto havia surgido, um dia ele desapareceria da sua vida. 

MACKENZIE: O JUIZ PROTETOR | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora