Dara
— E a reação alérgica? — Sua voz não passava de um murmúrio angustiado, mas precisava ter todas as informações para fazer o melhor para sua filha.
— Devido a asma, provavelmente a causa seja o contato com pelo de animais, poeira ou até mesmo bichinhos de pelúcia.
— Lara não tem contato com animais, o apartamento é aspirado todos os dias e ela não tem bichinhos de pelúcia — Murielle disse, confusa. — Então como...
— O tapete — Dara murmurou, a interrompendo. Olhou para o médico. — Um tapete de pelúcia, desses fofinhos e cheios de pelinhos falsos poderia ser a causa?
Gustavo assentiu.
— Eu diria que provavelmente sim, levando em conta que todas as outras opções estão fora de cogitação.
Dara fechou os olhos, respirando fundo, sentindo-se culpada, mas não tinha tempo para aquilo agora. Precisava se concentrar nos problemas de saúde de Lara e se assegurar sobre o que fazer, passo a passo, porque talvez aquela fosse a última vez que ela entraria em um hospital.
— Vou receitar alguns remédios para a asma, a anemia e qualquer febre eventual — o doutor prosseguiu e Dara tentou evitar não começar a pensar ali em como faria para comprar todos aqueles medicamentos. Se implorasse por um adiantamento, Steve talvez a ajudasse. — Tenho algumas amostras — ele adicionou, vendo o desespero na sua expressão. — Esperem aqui.
Ele levantou-se e saiu da sala. Dara ainda foi capaz de vê-lo digitando algo no celular antes que fechasse a porta atrás de si.
— Vai ficar tudo bem — Murielle disse, apertando seu ombro. — Vamos dar um jeito.
Dara acenou com a cabeça, distraída, olhando o rostinho rosado da sua menina.
Gustavo demorou um pouco para voltar para a sala, tempo esse que as duas mulheres usaram para tentar se acalmar e pensar em possíveis soluções. Quando voltou, ele trazia nas mãos uma sacola de plástico de tamanho médio e entregou-a a Murielle antes de sentar-se novamente.
— Tem o suficiente para alguns dias, mas você vai precisar comprar uma bombinha para ela, para emergências. Quando ela estiver chorando, por exemplo, e a respiração estiver rarefeita, você usa a bombinha por algumas vezes em um espaço de tempo e, se não funcionar, você precisa trazê-la para o hospital com urgência. Tudo bem? — Dara acenou com a cabeça, anotando tudo mentalmente. Ele buscou novamente papel e caneta sobre a mesa e começou a rabiscar rapidamente. — Vou anotar tudo para você, para que não esqueça. Horário dos remédios, uma dieta rica em ferro para combater o início de anemia...
Prosseguiu listando todas as recomendações e no final a entregou a folha, levantando-se da cadeira. Abriu a porta e a ajudou a levantar, sem encostar demais, sendo apenas prestativo.
Dara ainda estava receosa, esperando o possível baque que viria quando ele dissesse que infelizmente ela teria que prestar esclarecimentos sobre a menina ou a comunicaria sobre o valor da consulta. Mas ele não fez nada disso, apenas manteve a porta aberta para que saíssem.
Dara parou na porta, ainda esperando algo que não viria e ele riu um pouquinho da sua expressão confusa.
— Você está liberada para sair agora. Mas... — ele pegou algo no bolso do jaleco e entregou para ela. — Só se me prometer que trará Lara para uma consulta de acompanhamento mês que vem.
Dara pegou o cartão que ele lhe entregou e franziu o cenho.
— Não se preocupe, serão apenas consultas de rotina, para acompanhar o andamento do tratamento — ele disse e riu quando Murielle se pôs ao lado de Dara e as duas continuaram olhando para ele, confusas. — Quando você voltar, seguimos esse mesmo esquema: eu não exijo perguntas, você não precisa falar nada que não queira e nós nos focamos na menina, tudo bem?
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MACKENZIE: O JUIZ PROTETOR | LIVRO 1
RomantizmDara conhece as maldades do mundo e as marcas que carrega consigo são prova disso. Hoje sabe que monstros de contos de fadas e histórias nunca foram uma ameaça de fato. Sabe que eles passam longe daqueles da realidade. Só não imaginou que o monstr...