Capítulo 3 - Frio No Estômago?

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* Música Tradicional escocesa, tocada por gaita de foles, vale a pena ouvir enquanto lê o capítulo para maior imersão!

Juliette,

Um dia inteiro havia se passado desde a última conversa que havia tido com MacRae; depois disso a vida de Juliette se resumira a tentar evitá-lo e as engrenagens de seu cérebro giravam em busca de desculpas para não ter que estar nos mesmos lugares que ele.

Covardia! Quem diria que a mesma mulher a se lançar no parapeito da janela dias antes, agora se assemelhava a um ratinho assustado?

Infelizmente para ela, nada que dissesse poderia salvá-la do grande jantar que teriam logo mais, mesmo que fosse verdade que não se sentia muito bem, com enjoos que certamente se deviam a aventura gastronômica que vinha vivendo na Escócia.

Ian MacRae, irmão de lorde Gregor chegara de viagem e o jantar estava sendo oferecido afim de recepcioná-lo, portanto os vizinhos mais próximos também foram chamados e estariam ali para o momento festivo.

Saindo do banho enrolada em uma toalha quase maior que ela própria e muito macia, Juliette entrou no quarto e encontrou sua criada e uma outra jovem, que aparentava ser alguns anos mais velha que ela própria.

— Boa tarde senhorita Smith, encontrei lady Wheston a pouco e ela me pediu para que trouxesse esse vestido, segundo ela é para que a senhorita o use durante o jantar dessa noite.

Apesar de as palavras serem gentis, Juliette notou que a maneira como a outra falava era um tanto altiva para uma criada; era também de uma beleza singular, os cabelos ruivos caiam em cachos até o meio das costas e os olhos verdes eram de fato extraordinários, mas havia neles uma expressão de desdém que a desagradou imediatamente. Claro que todos ali já deviam estar cientes de sua posição desprivilegiada.

— Obrigada - então se virou para ver o vestido e parte da apreensão pelo jantar evaporou. Era lindo.

O tecido azul escuro poderia ser comparado ao céu noturno, salpicado com minúsculas pedras que emitiam um brilho que era semelhante ao das estrelas.

Os ombros ficariam expostos e o decote dele tinha a profundidade perfeita entre o que exalava certa sensualidade o que seria inadequadamente explícito; a saia era rodada e três anáguas a aguardavam ao lado do vestido, eis a parte chata, mas apenas de vê-lo, Juliette sabia que o resultado valeria a pena.

Ainda admirava o vestido, quando ouviu a moça falando com Helen.

— A senhorita mesma irá dar um jeito nos cabelos dela, certo? Não pode descer com esse cabelo todo escorrido... Vai precisar fazer alguns cachos para ficar um pouco menos... Bom, um pouco mais apresentável.

Estava prestes a se virar e responder a outra a altura, quando Helen falou.

— Como disse mesmo que se chamava, senhorita?

— Davina.

Helen pareceu estudá-la de modo pensativo.

— Não se parece com o conde, são aparentados?

A moça sorriu.

— Somos do mesmo clã, os MacRae, como uma enorme família inglesa para que compreenda mais facilmente, mas não temos o mesmo sangue e claramente nem a mesma posição social, sou apenas uma das criadas do castelo e de Gregor.

Juliette notou que ela usou o nome de batismo dele, como se tivesse intimidade para tal, mas isso também poderia ser um outro costume naquele país tão diferente do seu, apesar de tão próximo.

O Highlander e a DevassaOnde histórias criam vida. Descubra agora