Capítulo 7 - Luvas para uma lady -

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Juliette,

Havia muito para ser visto em Londres e Juliette não se cansava de colocar a cabeça fora da carruagem a fim de observar as fachadas das lojas, teatros e a multidão de pessoas.

Damas belíssimas em seus vestidos esvoaçantes, bonnets enfeitados e sombrinhas ornamentadas; cavalheiros usando cartolas e bengalas sem nenhuma utilidade, mas que completavam com elegância os trajes.

As casas muito semelhantes entre si, deram lugar as mansões enormes, únicas e extravagantes, construídas a uma boa distância umas das outras; o bairro era nobre e a carruagem prosseguiu adentrando em meio aos jardins luxuosos e fachadas monumentais.

— Juliette, querida, sabe que não vamos poder ficar em Londres com você, certo? Vamos deixá-la aos cuidados de lady Caroline e da duquesa; apenas buscaremos Cecília e retornaremos para a mansão no campo. Nossos pais já devem estar se sentindo solitários apenas com os criados.

Juliette compreendia. Nicole e Mathew ainda eram recém-casados e não podiam ficar tomando conta dela dia e noite, além disso tinham uma filha para cuidar e seus pais realmente não poderiam ficar muito tempo sem companhia de alguém da família; mesmo assim um sentimento de pavor a tomou, ficaria ali, naquela cidade enorme e tão diferente de tudo que conhecia.

Tudo em sua vida estava diferente na verdade, iria fixar residência na casa de pessoas que conhecera pouco tempo antes, por mais que de certa maneira fossem agora da família e teria que aprender muitas coisas novas; mas nada disso a assustava tanto quanto o fato de precisar encontrar um marido que a aceitasse como era, como todos seus defeitos e com tudo que... bem, faltava.

— Eu entendo, minha irmã — respondeu ela — fico grata por terem permitido que Helen fique comigo, ao menos terei alguém mais próximo durante esse período agitado.

Mathew falou, e seu tom exprimia sincera preocupação.

— Juliette, não precisa se preocupar tanto. Terá tempo para aprender tudo antes do início da temporada e tenho certeza de que irá se sair muito bem, se tem alguém que pode deixá-la pronta a tempo, esse alguém é Caroline. Sabem que ela recebeu dezenas de propostas, certo?

As duas acenaram.

Juliette analisou as falas do marquês; claro que lady Caroline recebera diversas propostas, era linda, divertida e filha de um duque! Mathew não podia mesmo estar as comparando.

Quando enfim a carruagem fez uma curva, a moça viu a casa que foi apontada pelo cunhado — se é que podia ser chamada assim — o jardim era enorme e tinha flores de todas as espécies e cores, arbustos bem aparados e o que a deixou pasma, uma fonte! Era opulenta, quase tanto quanto o castelo de Gregor.

Gregor. Apenas pensar nele já a deixava com as entranhas reviradas, ele a usara e depois descartara; mas ela esperava o que, afinal? Se oferecera para ele deixando claro que não esperava por promessas.

Era errado contrariar suas próprias palavras apenas em pensamentos? Ela o queria, desejava que ele tivesse dito a Mathew que ela não iria para temporada alguma, pois ele próprio iria desposá-la; ela nunca verbalizara suas vontades, mas era melhor assim, afinal Gregor dissera palavras que a ofenderam e magoaram profundamente.

Um desafio era o que ela tinha diante de si, encontrar um pretendente decente que a aceitaria e que a faria feliz. Então entraria na igreja, em um ano, vestida de noiva e no meio do cortejo dirigiria um sorriso arrogante a lorde Gregor, mostrando a ele que conseguira cumprir o que prometera.

A raiva que sentia dele e de suas palavras era tanta que Juliette não pensou em como algo naquele cenário estava errado; no dia de seu casamento, o tão sonhado momento deveria ser dela e do noivo e não uma oportunidade para tripudiar sobre desafetos que um dia haviam sido afetos.

O Highlander e a DevassaOnde histórias criam vida. Descubra agora