Piada

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Gosto de pensar que tenho piada.

Não porque tenho um ego gigante e gosto de me pavonear com as piadas mais secas, porcas ou estúpidas deste vasto mundo que se chama internet. Acho que o faço para criar um mecanismo de defesa.

Por exemplo, quando não me sinto bem comigo própria, quer seja com o meu corpo ou mesmo com a minha pele, sei que posso contar com aquele sentido de humor, que discretamente vai deixando pistas sobre o que se passa naquele dia.

Gosto em especial de fazer as pessoas rir, delicio-me a ver os meus amigos ou familiares a rirem-se e a comentarem entre si o meu jeito para a coisa ( não tenho jeito nenhum, atenção. Apenas como disse, gosto de pensar que sim).

E sim, a ideia pode parecer errada, vinda da boca de alguém egocêntrica, mas pensando bem... não gostamos todos de ter alguma coisa na nossa vida em que sejamos mais confiantes? Ou mesmo para aqueles que como eu não sentem confiança em nada, não é bom ter alguém a elogiar-nos por fazer-mos algo tão natural como trazer alegria a vida daquela pessoa especial?

E sempre que vejo os videos da minha querida Bumba na Fofinha, desejo ter a habilidade que ela tem para cativar um grupo tão vasto de pessoas com idades tão variadas e gostos tão diferentes, e fazê-lo tão naturalmente e sendo sempre ela mesma.

Mas o que fazemos quando esse mecanismo de defesa não funciona mais e a parta negra do nosso consciente toma conta dos nossos pensamentos e os manipula?

É difícil mantermo-nos animados quando algo dentro de nós grita para sermos pessimistas e não acreditarmos em nós próprios, é difícil quando não te sentes feliz e no entanto tens de continuar a ser a pessoa que traz alegria a tua casa.

Isso é o que se passa comigo, os meus pais trabalham imenso chegando a casa a horas indecentes, as vezes nem chegando a tempo de jantar comigo ou me contar como foi o dia deles. Chegam a casa e a comunicação é praticamente inexistente, não porque não há tema de conversa, não é um silêncio mau, é um silêncio confortável, mas que pede um sorriso ou um riso para manter um espírito alegre.

Por isso mantenho-me perto dos meus amigos mais engraçados, aqueles que sabem como me fazer rir, não com as tais piadas porcas que falei no início, mas aqueles que às vezes dizendo uma só palavra me fazem chorar de rir.

Ou então refugio-me nos (demasiados) videos do YouTube de entrevistas da minha banda favorita, que prometem sempre um riso ou dois.

Assim, não tenho problema nenhum em admitir que acho que tenho piada, nem tu devias ter. É algo natural, um mecanismo de defesa para ti talvez.

No entanto não te deixes levar para o lado egocêntrico desta faca de dois gumes a que chamamos humor, as piadas chatas e parvas sobre minorias ou mesmo quando gozas com alguém, não têm piada nenhuma.

See you soon,
Marta

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Votem, comentem e talvez se se sentirem da mesma maneira que eu manda mensagem, vamos ser amigos :)

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