Finalmente começa o espetáculo, cada dama com seu exuberante vestido, havia diversas mulheres e minha mãe já analisava uma por uma com um respectivo olhar crítico para todas elas.
O tempo se passava e aquilo parecia não acabar, porém avistei uma bela moça de um vestido dourado, um colar esverdeado e um sorriso que me prendia. Não conseguia desviar minha atenção, pois para quem prevalecia o autocontrole essa sensação me tirava do sério.- Querido, hora da valsa. – Minha mãe me diz apontando ligeiramente para as duquesas. – Aposte alto, riquezas nunca são demais.
- Futilidade são sempre demais, não obrigado. – sorrio e vou em direção para as camponesas deixando Betânia sem reação.
Sigo até a mesa onde a donzela estava, a suavidade em seu olhar era clara, talvez aquilo poderia ser interessante.
- Poderia me conceder uma dança? - digo estendendo uma mão para a moça que já exibia um sorriso.
- Não vejo motivos para recusar alteza. – ela aceita e segura em minha mão deixando ser guiada para o centro do salão.
Noto o olhar de Lindsey furiosa pela minha escolha, e percebo que ela não era a única incomodada com a garota, Betânia estava furiosa, e provavelmente já envenenou a cabeça de meu pai com as possíveis fatalidades de o reino ficar pobre e morrermos de fome. As vezes, na verdade em todos os casos, minha mãe exagera em relação a algo em que não concorda.
- Pode me dizer seu nome donzela? – ela sorri e diz em um tom modesto.
- Aurora Peterson, vossa Alteza. – ela desviava o olhar um pouco envergonhada, porém eu sentia que seu semblante era confiante demais.
- Pode me chamar de David.- no instante em que digo, a giro no ritmo animado da música. - Creio que possa estar muito envergonhada pela minha presença. – ironizo para ver a reação dela.
- Só por ser o príncipe terei que me derreter por ti? – ela franze a sobrancelha e uma risada sincera se aflora, sua ironia me cativava.
- Sabes com que está falando? – faço uma pequena pausa e rodopio com o término da música com ela em meus braços. – Eu sou o futuro rei.
- Não me diga! – ela faz uma expressão de desentendida, logo notei que o sarcasmo era o seu potencial – Com esta vestimenta quase o confundi com os servos. – ela finaliza.
- Sua modéstia me impressiona. – ela se afasta seguindo para um canto do salão e eu a acompanho.
Meu olhar se encantava com seus traços, seus olhos castanhos opacos, sua pele pálida que destacava o rosado de seus lábios, os cachos de seu cabelo avermelhado e sem contar seu bom humor. Nem sequer passava pela minha mente dar atenção para as outras convidadas, e já sentia a perseguição do olhar de minha mãe sobre nós dois frequente. Senti um pouco incomodado com aquilo, sempre soube que minha mãe era um pouco invasiva e controladora, mas não imaginei que ela não seria capaz de não confiar nas minhas próprias escolhas.
- O que acha de irmos para um local mais reservado? – tento convencê-la a sair para poder sair ao alcance dos olhares medonhos.
- Estou tentando manter uma boa imagem, como ficaria se me vissem a sós com um rapaz? – seu olhar percorria todo o ambiente e finalizava me encarando com um sorriso.
- Pode ficar tranquila, não farei nada que não queira. – Porém se quisesse...
- Se for assim, aceito. – a conduzo para a porta atraindo olhares curiosos de muitos do salão.
Caminhamos pelos corredores em silêncio, o desejo por ela aumentava e achei estranho aquele sentimento repentino. Suas mãos nervosas tamborilavam pelo vestido, não sei como descrever a loucura que estou fazendo, porém quero que Aurora seja a escolhida. Uma pequena ideia surgiu na minha cabeça, uma prova que a senhorita Helga me ensinou a fazer para testar o caráter de alguém.
- Confiaria em mim?- ela se assusta com a pergunta e me olha com desconfiança.
- Dependendo do que for, aceito. – ela diz com uma voz arrastada desviando o olhar a procura de alguém no corredor.
- Já lhe prometi que não lhe farei mal.- estendi minha mão e ela aceitou e fomos em direção ao local.
Noto a meio desconfiada por estar levando-a a um lugar desconhecido, seus punhos se fecharam e tampei seus olhos com as minhas mãos. Assim que abri ela deu pulos de alegria e ficou eufórica, estávamos no Jardim real, senti que aquele poderia ser seu lugar preferido dali em diante. Dali em diante... não penso que amor a primeira vez exista, mas se for para amar... eu escolherei ela.
- Está fugindo de sua mãe majestade? – ela dá uma risada enquanto aprecia as gardênias.
- Por quê deduziu isso? – se realmente for por perspicaz irá descobrir.
- Pressão psicológica, obsessão, falta de confiança e sem falar no olhar furioso dela quando nós saímos do salão. – ela dá alguns passos voltando para perto de mim.
- Para uma camponesa és bem esperta. – seu olhar encontra os meus e ela sorri de canto.
- Para um príncipe rebelde és bem indefeso de sua mãe. – franzi o cenho e vi que aquela era a hora certa.
- Nunca pensei que mulheres podiam manipular tanto a mente de um homem. – digo com sarcasmo e ela entende a referência e ri se afastando.
Vi uma serva cruzar o jardim neste exato momento, a chamo para perto e mudo minha expressão na hora para desdém. Iria aproveitar aquilo para mostrar a Aurora quem é que ela estará enfrentando quando eu reinar.
- Podes me dizer o que faz neste jardim? – a serva já me olha assustada com o tom de voz que uso, Aurora já fica indignada com a situação.
- Perdoe me majestade, só queria colher uma flor para minha filha. – sua voz de submissão era evidente e transmitia medo.
- Servos não se podem entrar sem a permissão.- a seguro no braço com firmeza, e encaro nos olhos.
- David não é necessário isso! – a voz dela sobressaiu, meu olhar se voltou para ela e uma vermelhidão coração seu rosto por conta da raiva.
- Ela é apenas uma serva inútil. – digo ironizando.
- Ela é apenas um ser humano como nós. – ela chega mais perto e separa a serva levando-a para longe de mim.
– Não tens vergonha de ser tão covarde?.Fico sem reação, ela querendo ou não Aurora estava apta para ser rainha, creio que seu coração era bom como uma verdadeira donzela.
- Helga! – a chamo e ela se aproxima com um grande sorriso – Desculpe ... – cochicho e a abraço calorosamente – É ela a minha escolha.
- Fico feliz por encontrar alguém com caráter meu pequeno David.- recebi um beijo na testa e ela abraçou Aurora sorridente. – Cuide dele!
Aurora fica abismada com o que acabará de acontecer, porém como era inteligente, percebeu em pouco tempo que aquilo era um teste de bondade e compreensão. Ela se aproxima um pouco sem jeito pelo acontecido enquanto sorrio pela sua reação. Pego uma pequena flor avermelhada e seguro com firmeza, terei que estar em plena consciência do que estou fazendo.
- Querida Aurora... – pigarreio e ajoelho. – Aceita ser a futura rainha de Whiteville?
- Minha nossa David se levante! - me levanto apressado e quando viro paraliso imediatamente, era uma cobra, tento não cometer movimentos bruscos e Aurora corre até a porta, ela pega uma pá e bate na cabeça da cobra que estava prestes a dar o bote.
- Uau! – fico boquiaberto e Aurora dá uma risada.- Porquê? Como?
- Iria deixar uma cobra matar meu futuro marido? – Ela chega mais perto e pega a flor da minha mão. – Eu Aurora Peterson aceito ser sua escolhida! Antes que me torne viúva...
A certeza de suas palavras não me restaram dúvidas, a seguro pela cintura e lhe deposito um beijo. Mas não foi um simples beijo, foi um momento só meu e dela, como que se o mundo parasse para nós dois.
O silêncio invadia aquele jardim, após o beijo Aurora corou, a vermelhidão das suas bochechas a deixaram mais linda do que já era, nunca houve uma mulher que me instigou tanto quanto ela.- Vou anuncia-la... – nossas mãos se entrelaçam. – Está pronta?
- Faz muito tempo que estou pronta.
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Querida Aurora: O amor pelo poder
RomanceAurora White Peterson, uma "plebéia" com sangue nobre, tenta conquistar seu posto na realeza em nome de sua falecida mãe. Mas nunca imaginou que seu passado poderia esconder provas de um suposto assassinato, e que mesmo diante de perigos, ameaças e...