E se tentarmos ser mais liberais?

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Minha criação sempre foi cheia de hipocrisia e contradições... Eu lembro que quando eu era mais novo, eu comecei a frequentar a creche aqui perto de casa. A professora, tia ou sei lá como chamar a mulher que cuidava de nós, tinha um certo charme. Nada maldoso ou algo do tipo, mas ela possuía uma calma extraordinária e eu a amava. Não me pergunte seu nome, eu não lembro. Mas eu lembro que dentre todas as outras, sempre que eu me negava a comer a comida ridiculamente horrível, ela era a única que me salvava enquanto o restante forçavam uma colher na minha boca. - Eu nunca confiarei meus filhos a lugares assim. -

Sexo sempre foi um assunto aberto na minha casa. Minha mãe nunca ligou se seus filhos vissem filmes eróticos ou se eles passariam o dia se masturbando em seus quartos. A única regra era: "nunca fazer isso com outras pessoas." Particularmente eu acredito que jamais deveria ter aprendido essas coisas enquanto passava meus dias com várias crianças na creche. Em especial, uma garota morena. Me lembro que ela tinha um cabelo cacheado maior do que uma garota com 6 ou sete anos. Mas está foi a mesma garota que abaixou a calcinha e ficamos nos esfregando por minutos até a "professora, tia legal" entrasse e nos assustaria com um grito. E está foi minha última lembrança da creche. Talvez, a melhor.

Anos mais tarde eu já tinha um padrasto, Roberto. Um corretor de imóveis casado e com uma mão extremamente leve. Sempre me dava dinheiro para comprar açaí quando vinha aqui. Eu o amava. Ou, para ser mais exato, amava seu bolso. Eu não sei se deveria considerar isto um trauma ou algo do tipo, mas em uma noite, na madrugada que eu completaria algum ano de idade, eu acordei vendo minha mãe transando ao meu lado. Eu fechei meus olhos e tentei ignorar, mas, em questões de minutos, minha mãe se levantou, se enfiou de baixo dos lençóis e me desejou parabéns. Eu não precisava daquilo.

O estrago que ficou. Onde histórias criam vida. Descubra agora