Alpha Prince 👑

SOS

Os passos eram rápidos e consecutivos. A lama espalhava-se pelos lados conforme as pegadas. O som ecoava alto e assustador dentro da floresta; alguns pássaros levantavam voo assim que o rapaz passava perto. Os animais de pequeno porte fugiram para suas tocas e os outros maiores ficaram atentos. Podia ser uma presa ?

A floresta era densa e cheia de árvores. Os arbustos e galhos de árvores batiam no corpo do jovem, fazendo arranhões e pequenos machucados. Zayn odiava isto. Seus braços estavam cheios de pequenos ferimentos e ardiam, um pouco de sangue escorria de alguns. Ele praguejava e grunhia. Mas não podia parar.  Além disso, também estava chovendo. Uma pequena garoa fria caía deixando as folhas e tudo o mais pelo caminho molhado e principalmente com cheiro de terra molhada. Havia um rio próximo mas Zayn não sabia disso.
     
Zayn já estava todo molhado e muito cansado, queria sua casa e um chá bem quente. Porém, seu destino decidiu testá-lo hoje e ele estava correndo por sua vida. Correndo? Não,fugindo é o mais correto. Por quê tivera que se meter onde não deveria? Por quê nascera tão curioso e teimoso? Por causa dessas qualidades ( ou defeitos) ele agora tinha que correr muito e despistar aqueles homens ou então a situação ficaria pior. Muito pior. Ele não sabia pra onde ia, mas precisava ser rápido e esperto. Escapar daqueles homens não seria fácil, contudo, era necessário.

À sua volta só havia floresta e terra; folhas secas se espedaçavam quando suas botas batiam no chão. Isto causava um ruído seco e muito conhecido. Também quebrou alguns gravetos e perdeu até a noção da extensão do percurso que fizera. Estava correndo há tempos; minutos, horas ? Ele nem ligava. Só se importava com os gritos e a fúria de seus perseguidores, que o deixavam mais afoito e desesperado ainda. Pressa. Achar um esconderijo, uma vila, algo ou alguém. Qualquer coisa que o ajudasse.

Sua respiração era alta e forte. O seu peito já doía pelo esforço fora do normal. Sentia o coração bater rápido demais e por pouco não desmaiou. Seu rosto além de molhado estava suado. Em suma, o rapaz estava péssimo. E ele precisava correr.

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-Só mais uma,Payne!
      
-Okay, mais uma. -o rapaz então pegou a caneca de cerveja que seu amigo estendeu-lhe e bebeu todo o conteúdo num só gole.
     
Os outros homens que observavam vibraram e soltaram urros de satisfação. A maioria também bebia, uma pequena parcela deles já estavam bêbados. Liam, quase lá. Se não fosse pela insistência e sua leve inclinação para o álcool ele estaria sóbrio e sério como água. Entretanto, sua personalidade era cachaceira e brandamente leviana. Juntando com os amigos que também eram todos desajuizados suas noites de sábado eram regadas de muita cerveja e, se a sorte permitisse, alguma diversão extra.
      
 -Quem diria que o futuro rei da Inglaterra estaria enchendo a cara numa taberna de vila? -Louis comentou, rindo. Ele estava se divertindo com o comportamento despreocupado de Liam. Este, só deu de ombros e ergueu a caneca novamente.
       
-Estou só conhecendo meu futuro reino. Não posso reinar o que eu não conheço.
       
-Aham. -o de olhos azuis fingiu acreditar. - O único lugar que você reina é na cama, meu caro amigo.
       
 -Principalmente este. -e todos gargalharam de novo.
      
 -E onde está sua ômega? -Niall perguntou. Seus olhos azuis examinavam o amigo com curiosidade e ele segurava uma caneca grande de bebida sobre o balcão de madeira vermelha da taberna. Liam virou-se pra ele e estreitou os olhos.
       
 -Não tenho ômega nenhuma,Horan. De onde tirou essa ideia?
       
 -Lugar nenhum. Só pensei que já estivesse com alguém. -deu de ombros e bebeu. Liam balançou a cabeça e levantou-se.
       
-O único relacionamento que tenho é com a bebida e minha espada. De resto, estou pouco me fodendo.
       
-Oh! O quebrador de corações está de volta! -Louis gritou, batendo no balcão. Os homens riram. -Liam Payne, o herdeiro do trono inglês, filho mais velho e o alfa da família real só sabe destruir os pobres corações de nossas donzelas. -ele continuava com o ar dramático e um sorriso triste no rosto. Liam revirou olhos, mas também riu.
       
-E se não sair da minha frente também vou partir sua espinha. -disse. Louis ergueu os braços e deu espaço, fazendo uma reverência antes - mais uma parte do seu showzinho- e voltou a beber. -Não deixe-o brigar com ninguém, Niall. Não vou mais emprestar dinheiro pra esse idiota.
       
 -Então empreste pra mim! -um dos colegas de exército de Liam gritou do fundo da taberna. Liam riu e saiu pela porta de madeira ouvindo os gritos e a euforia lá dentro. Eles ficariam por lá até o sol raiar, se possível. Liam também queria aproveitar, porém não podia. Tinha que voltar ao castelo, infelizmente.
       
Ele subiu no seu cavalo, alto, preto e robusto, e foi embora.
      
A taverna onde estava ficava numa vila de médio porte. As pessoas já o conheciam, devido às suas diversas idas àquele lugar. Mas Liam não se importava. Ele queria se divertir e aproveitar a juventude. Aliás, não é sempre que você têm 24 anos.
       
 A rua era de pedra e dava até uma ponte que ligava a estrada real à civilização. Tudo era de pedra; rústico e sistemático. Liam atravessou a ponte. Ele só estava trotando. Gostava de galopar com calma e sossego. Mas às vezes uma emoção é bem vinda.
       
Depois da ponte começava a estrada real, esta de terra batida e no meio de uma densa floresta. O jovem não tinha mais medo de passar por ali, porém a floresta sempre era alvo de mitos e boatos. Sua reputação não era muito boa.
       
Uma garoa fina caía e Liam não gostou nada disso. Odiava ter seu cabelo molhado e sua armadura pesava com a água. Ele suspirou resignado e olhou pro céu; uma enorme tela preta com pontinhos brilhantes e uma lua cheia que iluminava tudo e todos. Diante daquele céu Liam sentiu-se bem; gostava de admirar a natureza. E amava a lua. Talvez, fosse seu lado lobo alfa manifestando-se, mas não acreditava nisto.
       
O rapaz estava quase dormindo, a bebida já fazia efeito. Depois de beber assim ele precisava dormir rápido. Mas seu caminho era muito ainda.
       
Não sabia quanto já tinha percorrido ou em que lugar daquele poço de árvores estava. Entretanto, Liam sentiu cheiro de sangue. Seu olfato era apurado. Não de um jeito sobrenatural, mas devido ao fato de ser alfa seus sentidos eram um pouco melhores. Ele coçou o nariz, pensando que fosse imaginação sua. Mas a medida que seguia mais em frente o cheiro aumentava. Ele estranhou, olhou ao redor, viu nada. Talvez algum animal estivesse ferido, um predador tenha o abatido e agora estava aproveitando o jantar.
        
Com a luz da lua a estrada era iluminada, de um jeito que quando Liam olhou pra baixo ele viu pegadas na lama, e pegadas de sapatos humanos. Ele franziu a testa. O que estava acontecendo? Foi aí que sentiu o cheiro de sangue mais forte do que antes, era amargo e enjoativo. Ele desceu do cavalo.
       
-Mas o que é isto?
       
Ele abaixou-se para examinar as pegadas e realmente, elas eram de alguém. Ele novamente olhou ao redor e então acabou vendo sangue, agora de verdade, por algumas folhas caídas no chão da estrada. Ele levantou-se atento. A espada em punho e os olhares em todos os cantos.
       
 Um gemido. Uma respiração descompassada. Tudo isso ele escutou e desconfiou. O cheiro de sangue era forte e definitivamente vinha de algum canto naquele lugar. O gemido continuou, eram vários, de dor e angústia. Alguém estava machucado, morrendo? O que deveria fazer? Ele andou alguns metros para dentro da floresta, ao lado da estrada. O gemido vinha dali, o cheiro também. Ele continuou. A terra molhada sujava suas botas e fazia barulho. O gemido parou. Liam inclinou a cabeça para o lado e seguiu em frente. Ele ouviu a correnteza do riacho abaixo da ribanceira, a água corria forte por causa da recente chuva. Em alguns pontos ela batia em pedras e o barulho era avassalador.
     
O jovem, ainda de espada em punho, desceu o barranco com calma e devagar, temendo assustar quem quer se seja que estivesse ali. Num certo ponto havia uma árvore de grande porte, suas raízes saíam da terra e ela tinha espaço entre duas delas que cabia uma pessoa perfeitamente. Foi ali que Liam encontrou um jovem rapaz, com as roupas de um simples camponês, botas de couro. O rapaz olhava-o assustado e com medo, a respiração alterada. Liam desceu o olhar para seu tronco e viu o porquê. Do lado esquerdo da barriga escorria sangue em muita quantidade. A mão dele segurava o ferimento, mas isso não adiantava. Uma flecha estava trespassada ali. Liam ficou nervoso. O jovem estava com sangue em várias partes do corpo, lama e água. Estava péssimo. Ele gemeu de novo e fechou os olhos, apertando a ferida.
       
-Por favo... -ele não conseguiu terminar a fala. Liam colocou a espada de volta na bainha e aproximou-se com cuidado. Agachou-se ao lado do rapaz e tocou-lhe a testa; quente, febre.
       
Liam examinou-o atentamente, pensando e tentando decidir o quê fazer. Já vira alguns homens feridos em campo de batalha e em brigas mas assim, de repente, ele estava assustado. O sangue continuava saindo e a flecha passada na barriga dele fazia-o querer vomitar. O jovem estava sofrendo e fraco. Precisava de ajuda urgentemente.
        
 -Você consegue se levantar? -questionou-o. Zayn balançou a cabeça de leve, afirmando. -Vou te ajudar. -ele passou o braço esquerdo pela costas dele e o ergueu, todo cuidadoso e calmo. Zayn soltou sons desaprovadores mas não protestou. Embora doesse ter que se movimentar, precisava fazê-lo. Liam pegou o braço direito dele e passou por seus ombros, de modo que Zayn ficasse apoiado em si, em seguida segurou-o pela cintura.
        
Zayn ofegava e tentava se manter em pé, contudo seu ferimento aberto não permitia. Sua mão estava coberta de sangue, ao tentar estancar a hemorragia.
        
 -Você precisa se esforçar. -Payne comentou. - Aguente firme.
        
 -Estou te-tentando.
        
 Os dois caminharam até o cavalo de Liam. O animal permanecia sereno e comia algumas das gramíneas na beira da estrada. Eles teriam que ir de cavalo pois a pé demoraria muito e Liam não acreditava que o outro conseguisse fazer o caminho daquele jeito. Mais provável que ele morresse na metade da estrada, devido ao tanto de sangue que perdia infinitamente. Precisava de uma sutura e um estancamento.
       
-Agora você tem que fazer força e subir. -Liam apontou para o animal. Zayn  nervoso e abatido, balançou a cabeça em negação. -Não tem outro jeito. O castelo é longe e você não está em condições de andar.
       
 -Não tenho forc- força. -disse, numa respiração entrecortada. Payne revirou os olhos; aquela já estava deixando-o irritado.
       
-Vou te ajudar e em seguida eu subo. Você vai se apoiar em mim, okay? - Zayn concordou, um ato mais automático do que arbitrário.