Amor por contrato (Calzona)

25. Você está chorando?

A semana seria difícil e corrida para todos. Tudo deveria estar pronto até sábado.

Arizona acordou sentindo as pernas pesadas e doloridas, havia trabalhado no dia anterior. Seu primeiro dia no emprego novo, era um cansaço bom.

Callie não estava no quarto o que fez Arizona pensar que ela já havia ido para a empresa.

Naquela manhã fazia frio, e o vento não estava nada agradável. Desceu as escadas bocejando e um grito morreu em sua garganta quando viu Callie de pé na cozinha. Tinha o cabelo totalmente bagunçado, e o roupão não estava bem amarrado. Seria uma imagem extremamente sexy e provocativa, se Arizona não houvesse reparado no nariz e nos olhos vermelhos, e nas olheiras que denunciavam a noite mal dormida.

– Bom dia. - ela disse com a voz mais rouca que o normal por ter acabado de acordar – Caiu da cama?

Ela não sorriu. Mau sinal. O dia de Arizona realmente não havia começado bem... ou melhor nem se quer havia começado a julgar que o seu dia começava apenas depois de ver o sorriso de Callie.

– Café? - Callie ofereceu indicando a térmica em cima da pia.

– Sim. - ela disse estreitando os olhos e a analisando – Está tudo bem?

– Porque não estaria? - o tom da sua voz soou frio.

– Não sei. - ela disse tomando o primeiro gole de café – Você parece abatida. Triste.

– Eu apenas não dormi bem esta noite. - deu de ombros sem encará-la.

– Você está doente? Por que não dormiu?

– Não creio que esteja doente. Apenas não consegui dormir.

O silêncio que veio em seguida tirou uma boa parte da paciência de Arizona e quando ela estava prestes a gritar Callie falou.

– Vou subir. Não precisa se preocupar.

Arizona arregalou os olhos.

– Você vai passar a tarde aqui? Não vai trabalhar? Digo, não vai para a empresa?

– Não, hoje não. - ela disse já no alto da escada, e logo o barulho da pesada porta do quarto dela foi ouvido.

Arizona piscou uma, duas, três vezes, e continuou atordoada. Ela sabia que Callie jamais faltaria ao trabalho naquela semana. Ela era peça chave pra tudo funcionar bem. Algo estava errado.

Sentia-se culpada por ter que deixar Calliope ali, sozinha. Mas não podia faltar ao emprego que tinha acabado de conseguir. Já estava atrasada.

Terminou de tomar seu café rapidamente e subiu, apenas para despedir-se.

— Calliope, preciso ir. Você ficará bem?- ela disse na esperança de obter uma resposta.

–Vá, Arizona. Tenha um bom dia. Já falei que não precisa se preocupar.

Arizona notou que ela estava chorando. Não conseguia disfarçar tão bem assim.

— Me deixa entrar, por favor. Calliope, o que está acontecendo?- ela disse encostando as costas na porta.

Ouviu alguns passos e em seguida o barulho da chave. Callie abriu a porta e caminhou em direção a cama.

Era Arizona, não tinha o que temer.

Ela estava chorando? Arizona sentiu seu coração quebrar.

– Você está chorando? - ela perguntou sentindo-se idiota dois segundos depois.

Callie secou o rosto e respirou fundo. Arizona não pode mais aguentar, terminou com a distância que existia entre elas sentou-se na cama e a abraçou. Callie não a afastou, apenas aproveitou o abraço e não conseguiu mais segurar o choro. Era um choro pesado, a dor era palpável. Arizona lutava contra algumas lágrimas que teimavam em deixar seus olhos.

– O que houve? - ela perguntou de novo – Fale comigo Calliope, por favor.

O quarto ficou em completo silêncio até ela indicar com a cabeça o porta-retratos ao lado da cama em cima do criado mudo.

– São seus pais? - ela perguntou analisando o casal da foto.

Ela apenas assentiu. Não falou nada estava com muita vontade de chorar, mais algumas palavras e elas acabariam em um rio de lágrimas.

–Hoje fazem cinco anos que eles se foram. Cinco longos anos. - ela disse com a voz baixa.

O olhar de ambas se encontrou e ela por algum motivo, sentiu como se algo fosse conectado, e graças a essa conexão pode interpretar a dor contida nos olhos vermelhos da latina. Aquilo a emudeceu, e ela sentiu os olhos marejando mais. Querendo ou não, ela sabia a dor que Callie estava sentindo.

– Pode parecer idiota, - ela disse com um sorriso fraco - mas ninguém é forte o suficiente quando se trata da saudade de alguém que ama incondicionalmente. Sinto falta de uma família, Ari.

Os pais de Callie nunca quiseram ter mais filhos. Ela era o suficiente e era o mundo deles. Tudo o que o pai dela havia construído era pensando no futuro da filha. Mas todos esperavam que fosse demorar muito mais tempo para que ela tivesse que dar conta de tudo sozinha.

Arizona surpreendeu-se quando uma vontade insana de chacoalhar os ombros da mulher a sua frente e gritar que ela era sua esposa e que era sua família, mas não o fez, apenas a abraçou com força.

– Eu sei como se sente, Callie. O mundo parece cruel e frio quando nos é tirado alguém que tanto amamos. Mas eu estou aqui, amor. Você pode contar comigo.- ela disse acariciando o rosto de Callie e limpando suas lágrimas.

Ela retribuiu o abraço sentindo o cheiro doce dos cabelos soltos de Arizona. Sentia seu coração menos pesado. Era como se toda angústia que sentia tivesse sido adormecida por aquele abraço.

– Eu sei. - Callie disse parecendo mais controlada.

Calliope afundou o rosto no pescoço cheiroso de Arizona depositando um beijo logo em seguida. Voltando a olhar nos olhos de Arizona ela não pôde conter a vontade de beijá-la.

Era um beijo calmo, um beijo que dizia que uma estava ali pela outra. Nenhuma estava sozinha. Era um beijo cheio de...amor.

– Eu não aguentaria nenhum dia a mais sem você aqui. - Callie disse em meio ao silêncio fazendo o coração de Arizona bater ainda mais acelerado.

– Eu também não. - ela disse acariciando o rosto da latina e sorrindo.

–Acho que você está atrasada.- Calliope disse fazendo a esposa dar um pulo da cama.

–Meu Deus! Eu preciso ir, você ficará bem? Promete? Promete?- ela disse fazendo Callie levantar e abraçá-la.

–Ficarei, amor. Vou adorar ser a esposa que espera em casa. Quer que eu prepare seu jantar?- ela disse debochada arrancando uma gargalhada de Arizona.

–Eu trago alguma coisa da rua.

- Eu te amo

- Eu também te amo - deu um selinho rápido - tenho que ir- ela disse dando outro selinho na Latina e saindo do quarto.

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Desculpa ter demorado 😅