Uma Adaga e a Cidade

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Existiu o fim, e com isso, criou -se o depois do fim. Dafine, uma garota de cabelos longos e castanhos, olhos de mesma cor e um corpo quase raquítico, existia neste instante e compartilhava sua existência com sua melhor e única amiga, ou ser humano vivo conhecido por ela, Sabina, que tinha seus cabelos loiros e seus olhos esverdeados. Elas viviam numa espécie de, que para nós semelhava-se a, um ônibus abandonado e velho, comiam quase nada e bebiam menos ainda.

Em uma ação inesperada, Dafine com seus 16 anos de existência, se sentiu fatigada e contou a Sabina que não queria mais viver por ali, que queria conhecer algo diferente. Sabina, surpreendida pela inconveniência da garota dedicou -se a fazê-la desistir da ideia, já que em seus pensamentos mórbidos tudo era exatamente igual e, se não, mais hostil.

Certo dia, Sabina se pegou espionando Dafine pela janela sem vidro daquele objeto estranho que considerava uma casa, assistia a menina sentada na frente de uma fogueira fitando o horizonte. Era óbvio a insatisfação de ambas, Sabina sabia que não era justo prender sua amiga ali, mesmo que não tivesse sequer alguma noção de justiça. Algo lhe atormentava a mente lhe contando que estava errando com sua companheira de vida. Abriu a porta com dificuldade e desceu os dois degraus da estrutura se aproximando da menina.

- Se quiser partir, eu vou com você. - Soou uma voz triste não intencional de sua boca. A morena lhe encarou no mesmo instante.

- Fala sério? - Dafine quase saltava de alegria, de certa forma, isto alegrou Sabina também.

- Sim. Vamos para onde você quiser! - Tentava se animar junto, recebera um abraço caloroso de sua única conhecida e se sentiu bem melhor.

- Obrigada, Sasa. - Disse, em um tom muito confortável, a menina que em troca recebeu um sorriso genuíno de Sabina.

Não demorou nem uma hora para que juntassem seus pertences, coisas do mundo que antes era contemporâneo estavam em maioria em suas mochilas, Sabina tinha dois pertences físicos que lhe davam inveja se vistos em outras mãos, eram esses seu óculos de sol e um iPod repleto de músicas de uma artista, a qual ela não conhecia, chamada Beyoncé. Já Dafine apenas se importava com Sabina e seu bixo de pelúcia, o nome dele era Pinguim. Elas tinham outras coisas além disso claro, achavam quando saiam para andar, mas nunca foram muito longe. Livros que não sabiam ler, relógios, roupas, brinquedos, skates, cobertores e até mesmo lápis e um caderno, este era um dos mais usados por Dafine que mesmo que não soubesse, seria considerada uma bela de uma artista nos dias de hoje por seus desenhos.

Decidiram que sairiam quando o sol voltasse a brilhar, a noite lhes davam calafrios, os barulhos estranhos, o vento, o frio, o fato de não conseguirem enxergar sem o fogo ou lanternas, nada disso era agradável.

Sabina olhava em seu relógio quebrado, de um só ponteiro, que marcava 4 e sabia que quando este marcasse o número 6, o sol estaria de volta no céu. Esperava olhando para o teto e ouvia sua música, já que sua amiga havia adormecido. Se perguntava como iria recarregar seu objeto de música agora sem a bateria do ônibus abandonado, mas provavelmente dariam um jeito. Duas horas depois a loira pensava se deveria acordar Dafine, ela não queria partir, inoportunamente a luz do sol no rosto de sua amiga a acordou lhe fazendo levantar com todo o bom humor.

- Sabina, veja só, o dia está lindo. - Dizia enquanto pegava sua mochila quase pronta para sair.

- Está tão quente quanto os outros. - Ela a respondia desanimada enquanto colocava um véu em sua cabeça. Haviam percebido que o sol era péssimo para ambas por conta de suas peles claras, Dafine já teve até bolhas doloridas nas bochechas por conta do exerço de luz, então tomavam muito cuidado para se protegerem, mangas compridas, véus e óculos de sol.

Clichê Pós.Apocalíptico Onde histórias criam vida. Descubra agora