Capítulo 03 - Emboscada

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Simon, sentado solenemente mantinha uma expressão e ações inconformadas. O mesmo não parecia querer oculta-las já que era claramente visível seu desconforto.

— Trick! — Trick! — Trick!

A carruagem locomovia-se de maneira incessantemente trêmula. Sim, era a partida para a caça dos “Demônios Errantes”. Mas não era este o fato que o incomodava, mas a agilidade com que às decisões estavam se direcionando. A estratégia em si é brilhante, mas a experiência quando somada poderia facilmente derrubar esta primeira.

— Não fique assim… Você disse que iria nos acompanhar independente da decisão. — Grace consolou-o. Mas por mais que tentasse melhorar seu humor, o efeito parecia ser o oposto.

As vestimentas de Grace eram diferentes de seu habitual. Desta vez ela vestia-se apropriadamente para a ocasião. De forma que não haveriam nenhum empecilho ao decorrer dos acontecimentos, seu cabelo estava firmemente amarrado. A espada em sua cintura estava firmemente encaixada na bainha, assim como o traje de batalha de Grace.

Seu indumentario de batalha continha um encaixe perfeito em sua figura delgada. Os detalhes mínimos de seu corpo pareciam irreais se comparado à quaisquer beleza que no passado tenha visto. Grace retinha um encanto além do encontrado em sonhos profundos ou delírios. Talvez, mais até mesmo quê divindades.

Simon removeu seu olhar de Grace e sua postura parecia tão indiferente quanto antes. Seu silêncio frígido atingiu severamente o coração de Grace.

“Eu sabia que deveria ter feito algo sobre a nossa conversa de mais cedo…”

Seus suspiros internos eram inaudíveis, infelizmente. Mas isto não escondia seu desconforto. — Se está arrependida de suas decisões, aprenda com elas ou caso contrário elas aprenderão sobre você. — Simon disse friamente. Suas palavras reprimiam um profundo pensamento repensado por Grace várias e várias vezes.

“‘Se está arrependida com sua decisão, aprenda com elas ou elas aprenderão sobre você’.”

○                                           ●                                          ○

A cor carmim dos céus era imutável. Imaginar que um dia este céus estava tingido com um azul-celeste além da própria imaginação era impensável. Quem sabe a mudança de sua cor tenha sido mais fatídica do que a própria “exterminação terráquea”.

O mórbido silêncio poderia ser interrompido neste momento por quaisquer fenômenos naturais. Mas este instante acima de tudo era crucial. Simon e os demais moviam-se habilmente, sem deixar que até mesmo o barulho interno de seus corpos pudesse ser escutado. Até que então, o local foi ligeiramente encontrado.

Por conseguinte o local havia de fato uma quantidade considerável de “Demônios Errantes”, mas o fator preocupante não fosse sua quantidade, suas capacidades eram o importante.

“Demônios Errantes” em geral possuem uma constituição física variante entre si. Alguns são frágeis à ponto de destruí-los sem a necessidade  de armas ou “Origem Interna”, e outros difíceis de matar que consequentemente um grupo de vinte pessoas seria erradicado sem dificuldade alguma.

Mas os à dianteira não pareciam reprimir quaisquer uma destas características ameaçadoras.

A forma como caminhavam, seus suspiros e diálogos, cada ação parecia acompanhada de um grande excesso ausente de vontade. Seus estreitos olhos sequer se moviam para acompanhar o caminho que percorriam. Pareciam tão frágeis quanto ramos caídos, e mais minúsculos e inofensivos que crianças ainda em sua inocência.

Mas era surpreendente…

Não pareciam inteligentes e muito menos racionais, mas a estrutura de seu território era tão humana quanto às construídas por homens no passado. E os próprios encontraram-se sob a própria superfície. Havia uma profunda fenda redonda no chão. Dentro dela subsistia algo comparável que, no passado chamariamos de “civilização”.

— Como… isso é possível…? — Os ademais aglomerado na sombra das árvores ao enxergar a situação logo adentro da profunda fenda reagiram com expressões incrédulas. E como não poderiam? Até mesmo o comportamento entre “Demônios Errantes” parecia ser algo “nostálgico”.

“Uma imitação…” Pensou Simon. “Durante os muitos anos em que estiveram em nosso território, aprenderam conosco, e desenvolveram o que para nós é algo tão importante quanto a própria vida: o intelecto!”

Sua expressão não era tão diferente quanto os demais, mas ligeiramente ele recuperou-se e dirigiu a palavra para Faruk: — Se algo for feito é melhor que seja logo. Não sabemos se existe alguma forma de eles nos perceberem. Depois de observar tudo isso, não seria impossível, não é?

A possibilidade de que poderiam ser descobertos não era minúscula, ao menos não mais agora.

Faruk assentiu levemente e gesticulou levemente com suas mãos. Seus movimentos eram instruções, para que o grupo combatente à distância fizesse seu movimento.

E entre eles, estava Hector e Nestor. Seu braço moveu-se rigidamente em direção aos “Demônio Errantes” mais distantes. Faruk tinha como objetivo massacrar o número máximo de “Demônios Errantes” silenciosamente. O esforço requesitado desta maneira seria muito menor que o natural.

— Ao meu sinal… — Faruk ergueu levemente seu braço. Sua mão moldou-se no formato severo de um punho. Sucessivamente, seus dedos levantaram-se e desceram em direção aos “Demônios Errantes” abaixo.

O braço de Hector brilhou levemente quando seus lábios moveram-se ligeiramente e proferiam o que parecia ser um cântico. — “A primeira estrela caiu quando nós pecamos, e a segunda quando desejamos. Responda ao meu chamado: Alpha Centauri!”. — A conclusão de seu recito desencadeou uma série de globos minúsculos envoltos de chamas extremamente ardentes.

Seus disparos sucessivos causou, não somente a destruição da cabeça de seus alvos como também a queima de seus corpos. Os que tardiamente notaram o movimento de forma desesperada tentaran avisar seus companheiros adormecidos, mas em seguida eram silenciados.

A fenda que antes estava escura, agora iluminada por figuras flamejantes logo modificadas para nada mais do que cinzas.

Ataques incessantes e imprevisíveis choviam dos céus. Mas esta não continha o mesmo sentimento líquido e leve que antes. Esta, era dolorosa.

Faruk rugiu quando com mais de cinco dezenas de homens saltaram para levarem consigo a maior recompensa ao retornarem — Suas cabeças!

— Eu os convido para o inferno! Agora meus convidados, deixe-me entrete-los! — Faruk levou consigo seu orgulho e determinação, e com ela retirou a vida de mais do que o grupo de artilharia havia feito anteriormente.

... (PARADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora