Por que nunca falamos sobre?

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Chegou o verão em Melbourne, não era um clima totalmente quente insuportável por ali, pelo contrário, era perfeito para os fazendeiros pois podiam plantar, colher e gerar seus lucros.
Em um fim de tarde qualquer, Samuel ou melhor, Samuca, terminando os afazeres de fora juntamente com um dos seus escravos, sim Samuel apesar de ter seus criados, nunca se aproveitava disso, sempre fazia questão de ajuda-los e os tratava de igual para igual. Acabava de recolher o último animal no celeiro, quando ouviu um assovio. Era Dom Sabino, se comunicava com seus criados através desse gesto e como suas fazendas eram muito próximas, algumas coisas davam pra se ouvir, principalmente um assovio, não é mesmo?! Enfim, ali parado, depois de fechar o último animal, Samuel observava Sabino conversando com o escravo. Observou e acompanhou com os olhos os homens que sumiram por trás da mata.
Chegando em casa, se despediu de seu companheiro, subiu as escadas que davam destino a porta de entrada. Logo que entrou, encontrou sua mãe, Carmen, sorridente indo de encontro a ele para um abraço.
— Meu filho, estava olhando no relógio já, a sua espera.
— Dona Carmen, sempre preocupada.
Ambos riram com afeto, pois mesmo sabendo que seu filho estava praticamente dentro de casa, não deixava a preocupação de lado, afinal mãe é mãe e nunca se sabe quando tem alguém observando, de má fé, pois eles eram nada mais nada menos que uma das famílias mais ricas dali.
— Mãe, nunca falamos sobre a família que mora ao lado, ouvi dizer que são Sabino Machado, é isso?
— É... Sim Samuca, são... Mas, não é hora de falarmos sobre isso meu filho, agora você precisa de um banho e descanso, logo o jantar será servido também.
Samuel concordou, deu um beijo na testa de sua mãe e logo subiu para seu quarto. Carmen sabia que talvez não fosse hora para dialogar sobre eles com Samuca, era uma história muito complicada.
Do outro lado, a família dos Sabino Machado estavam quase todos à mesa prontos para o jantar. Faltava o patriarca da família e como o costume da época, não poderiam começar a saborear a ceia se estivesse faltando alguém à mesa.
— Papá. Disse Marocas com um sorriso sereno no rosto. — Estávamos a sua espera para começarmos a degustar.
— Folgo em saber minha querida, pois então, vamos degustar essas delícias.
Todos tranquilos, jantavam, trocavam algumas palavras, mas poucas, pois era hora apenas de comer. Terminando então a refeição, se dirigiram até a sala pra trocar conversas e compartilhar como foi o dia. Marocas, como de costume, teve suas aulas de Alemão e pintura, mas passou o dia pensando em fazer algo diferente no dia seguinte, porém precisava da autorização de seu pai.
— Papá, estive pensado, será que Miss Celine e eu poderíamos ir até a cachoeira amanhã?
Perguntou a moça ao pai, com uma voz meio tensa, pois sabia que era quase impossível conseguir uma liberação dessas.
— Maria Marcolina, não achas perigoso sair assim, só vocês duas, mulheres?
— Ora papá, sabemos nos cuidar sozinhas, somos sim mulheres, porém fortes e capazes de enfrentar qualquer coisa, assim como os homens!
Dom Sabino sabia que talvez fosse pior se não à deixasse ir por bem, conhecia a filha que tinha, era destemida. Mas, como um bom Sabino Machado, ele também era durão e oque ele dissesse ia ser até o fim!

Samuca e Marocas - One last chance Onde histórias criam vida. Descubra agora