Samuca e Marocas - One last chance

Um pedido de socorro

Ainda indeciso sobre a resposta que daria para Marocas, Dom Sabino pediu para pensar até a manhã do dia seguinte..

- Irei pensar no caso, Maria Marcolina.
- Mas papá...
Disse ela logo sendo interrompida pelo mesmo.
-Não tem ''Mas''. Inclusive, já está na hora de me deitar. Boas noites.

Ali desejaram-se o mesmo ao patriarca, menos Marocas que apenas murmurou um ''boas noites'' timído e triste. A garota queria fazer algo a mais do que era de costume, não se via como uma pobre menina indefesa, não era mais uma criança e inclusive quando criança seu pai a ensinou de tudo, sabia montar em cavalos, mexia com as vacas, enfrentava animais das mais bravas espécies, foi picada por uma das cobras mais venenosas, ainda criança, entre outras bravuras da pequena grande mulher.
Nico e Kiki, por outro lado, ainda eram crianças mas tinham como referência a irmã mais velha, queriam ser exatamente igual a ela. Vendo Marocas subir as escadas para seu quarto, triste e desapontada, resolveram consola-la.

- Marocas, não queremos que fique assim, papai disse que vai pensar, ainda há esperança. Disse Nico, arrancando um sorriso discreto e um abraço sincero da irmã.
- Obrigada meus amores, decerto que sim, ele irá pensar...

Deu um beijo na cabeça de ambas as gêmeas, demonstrando todo amor e gratidão, seguiram para seus devidos quartos e oque ninguém sabia, nem mesmo Miss Celine, era que Marocas escrevia um diário. Lá haviam desabafos, relatos de dias felizes, tristes e muitos sonhos. Um dos seus maiores sonhos/desejos que havia escrito ali, era por igualdade entre homens e mulheres, sonhava com um mundo mais justo onde não rotulassem a mulher como frágil.
Abriu seu diário, pegou sua caneta de penas e colocou no papel tudo estava sentindo naquele momento.

- Ora, hoje tive mais uma prova de que precisamos mudar, sim 'precisamos', me coloco nisso também porque todos precisamos de mudança, as vezes achamos que pequenas atitudes não machucam, não ferem, mas muito pelo contrário, na maioria das vezes é o que realmente importa. Então eu digo que, se começarmos a fazer mudanças em nós mesmos, cada um fazendo sua parte já é um avanço para termos um mundo melhor. Quem sabe um dia papai entenda que apenas quero ser livre para fazer minhas escolhas, quero ter minha família, ensinar aos meus filhos que somos livres para sermos oque quisermos.

Marocas parou por um instante, com a caneta entre os dedos, sentada em sua cama, olhou além do horizonte deu um suspiro fundo e soltou um leve sorriso com um ''ar'' de esperança. Fechou seu diário, fez suas higienes pessoais e deitou-se. Antes de dormir, fez suas orações e pela última vez naquele dia pediu para que a resposta de seu pai, a respeito da ida a cachoeira, fosse positiva.
Amanheceu, era exatamente 6:45 da manhã, Dom Sabino ja estava em pé, acordava cedo pois gostava de apreciar as belezas da fazenda ao sol nascer, o ar puro, o silêncio de quase tudo, apenas o canto dos passáros soavam naquele horário e era a música mais bela que ele poderia ouvir. Logo depois dali ele iria para a prefeitura pois como um bom prefeito que era, fazia questão de estar á par de tudo que ocorria na cidade. Mas antes sabia que tinha que dar uma resposta a Maria Marcolina, sua decisão foi tomada ali naquele instante,na varanda de sua casa, quando sua primogênita vai de encontro a ele.

-Meu pai..
Disse ela com a voz tensa.
-Marocas, iria mesmo ao seu encontro, acredito que já sei oque quer saber e minha resposta..

Dom Sabino virou-se para ela, a menina estava ansiosa, ele sorriu e então a informou qual foi a decisão tomada.

-Sim, a libero para ir até a cachoeira acompanhada de Miss Celine. Mas, recomendo minha filha, tome cuidado, fique atenta e esteja em casa antes do sol se pôr.

A garota sorriu largamente, estava radiante, o abraçou apertado e agradeceu. Saiu dali saltitando, sorrindo, como um passáro que acabara de sair da gaiola. Foi diretamente acordar sua melhor amiga e professora para contar a nova.