PRIMEIRA DANÇA

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Um pouco trêmula e suando frio, olhos levemente lacrimejados, não hesitou em responder.

-Decerto que sim.

Samuel se curvou diante da moça, com a mão esquerda para trás, esticando a direita para encontrar a mão da mesma. Ela concedeu, ele a trouxe um pouco mais para perto dele e ali começaram a valsar. A medida em que iam dançando, o vento batendo, ambos fechavam os olhos e conseguiam sentir um ao outro, o perfume, a pele e os sentimentos fluíam. Engolindo o que eu chamaria de nervosismo, trocaram algumas palavras.

-Você é a mulher mais linda que eu ja vi na vida.

Pararam ali, estavam um na frente do outro, os olhos dela brilhavam, estavam um pouco marejados. Os dele, bom, brilhavam ainda mais. Ele a olhou, reparou em cada detalhe de seu rosto, com os dedos, delicadamente arrumava o cabelo da bela mulher, tirando-os do olho.

-Me trouxe um sentimento diferente, mas por que você? Os seus olhos, o seu cabelo, seu rosto, a sua boca.

Foi levemente descendo os dedos que estavam próximos aos olhos dela, indo em direção a boca.

-Samuel, não devemos.

Parando os movimentos da mão do rapaz, quase beijando a mão do mesmo, Marocas já estava a um passo de satisfazer seu desejo, aquele foi o momento em que ela descobriu o que significava os sentimentos novos. Sim, era paixão.
Dom Sabino, já muito preocupado, foi a procura de Miss Celine, para ver se a professora saberia dizer onde estava a filha.

-Miss Celine, ora Miss Celine, mas onde está Maria Marcolina, não há vejo tem um tempo, preciso dela aqui.
-Dom Sabino, mil perdões, Maroquitas está lá em cima, no terraço.

O patriarca agradeceu e subiu as escadas.

-Marocas, está aí em cima não é?!

Subindo, já chamava a filha, deixando então os "pombinhos" em alerta.

-Samuel, é meu pai e agora, não podemos ser vistos juntos??

Ambos se olharam com tensão, tinham pouco tempo para tomar decisão até que, Dom Sabino abriu a porta.

-Marocas minha filha, estava preocupado, venha, temos de fazer a nossa dança.
-Sim, sim, vamos meu pai.

Ela estava assustada, foi por pouco, Samuca conseguiu se esconder atrás de alguns latões que ali estavam. Antes de fechar a porta, Marocas olhou para trás, enxergando e acenando para o nobre rapaz, com um sorriso no rosto.
Samuel não sabia se iria ter tal oportunidade novamente, mas estava radiante, sorria como nunca, olhava para o céu com as mãos na cabeça e apenas, sorria. Sua vontade era gritar aos quatro cantos, que estava apaixonado.
Marocas acompanhada de seu pai, ja estavam no salão, tomava uma pequena bronca por conta do sumiço.

-Maria Marcolina, o que fazia lá? Era pra estarmos aqui, juntos, quase me mata de preocupação.
-Papa, mas ja estou aqui. Além disso, avisei a Miss e fui até lá porque gosto, o ar livre, o céu...
-Está bem, mas da próxima, me avise.

Marocas sorria discretamente, com o olhar longe, lembrando das palavras de Samuca e de quanto ele realmente é lindo, por dentro e por fora.
Samuel também desceu, pulando degrau por degrau, ainda sem acreditar que esteve próximo de Marocas.
Logo no começo da escada, Carmen, estava de costas, tentava enxergar o filho. Como estava radiante resolveu dar um pequeno susto em sua mãe, tapando os olhos da mesma, com sua mão.

-Samuel. -ela ja imaginava quem seria, virou-se para o filho, estava com a cara trancada-
-Que foi? ~Perguntou o rapaz, rindo~
-O que foi? Estive te procurando a noite toda. Você estava la em cima, Samuel, não me diga que.... ~Carmen foi a única (por sorte) a prestar atenção que Marocas também havia decido de lá, olhava para o filho com a mão no peito, espantada~
-Não mama, não aconteceu nada demais. Outro dia, quando estava andando por aí, ouvi gritos de socorro, ela estava se afogando no rio, então a salvei. Hoje tivemos a sorte de nos encontrarmos de novo, só isso.
-Samuel, você...

Ela não terminou de falar, não adiantaria de nada. Apenas o convidou para ir embora, sem nem mesmo se despedir dos organizadores da festa. No caminho para casa, Carmen apenas refletia, não trocou uma palavra com Samuel e imaginava o pior se acaso o pai da moça descobrisse que seus filhos ocuparam o mesmo lugar e sozinhos.
Chegando em casa, o filho desejou a ela boas noites, deu-lhes um beijo na testa e subiu para o quarto.
No local da festa, o pessoal ja estavam saindo, agradecendo a Sabino e a família pela recepção e pelo divertimento. Marocas estava ali também, mas no mesmo instante não estava, porque é claro, não tirava Samuel da cabeça.
Seguiram o caminho de casa, as vezes ela soltava uns sorrisos bobos, sem chamar muita atenção da família.
Já em casa e em seu quarto, abriu seu diário e colocou lá, como sempre, seus sentimentos.

-Jamais imaginei que me divertiria desse jeito na noite de hoje, que iria sentir algo novo. O rapaz do rio, se chama Samuel, é ainda mais lindo bem de pertinho. Não chegamos as vias de fato, mas foi por pouco. Ele foi gentil, um verdadeiro cavaleiro comigo, sua mão macia, seus olhos brilhando me causam arrepios e desejos que nunca senti antes. Espero que nos encontremos outras vezes.

Fechou seu diário, sorrindo para as paredes literalmente, deitou-se em sua cama fechou seus olhos e recordava da noite, para conseguir sentir novamente o que sentiu no terraço.

Samuca e Marocas - One last chance Onde histórias criam vida. Descubra agora