O que esperar dessa noite?

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Mais uma noite que ia embora na cidade e mais um dia lindo e cheio que vinha. Era um dia antes do famoso "Baile de Melbourne", um evento anual preparado pela prefeitura da cidade, tinha como intuito reunir os investidores da região.
Dom Sabino como pioneiro da ação, estava com a cabeça a mil, gostava de checar se não faltava nada, se havia convidado todos da lista e quando digo todos, incluía também os Tercena. Por mais que para Sabino isso fosse uma tarefa difícil, ele não poderia deixa-los de fora pois eram um dos que mais geravam lucros e valorizavam a cidade. Carmen por sua vez, sempre convidada mas nunca tomava coragem para ir, achava forçado e tinha medo de voltar as antigas discussões com o "rival".
Samuel estava pronto para sair cuidar dos animais, auxiliar no plantio de soja, na colheita do feijão e os demais afazeres. Mas antes se dirigiu ao escritório de sua mãe, a mulher estava cheia de papéis, resolvendo a parte de finanças, vendo lucros e perdas.

-Mama, será que poderíamos conversar um instante?
-Decerto que sim meu filho, algum problema?

O rapaz engoliu a saliva, respirou fundo, estava disposto a fazer diferente naquele ano, em relação ao baile.

-Problema nenhum, mas eu gostaria de saber se vamos ao evento dos investidores?
-Samuel, você já sabe meu posicionamento sobre isso, sabe as razões. Nunca fizemos questão de ir, por que agora?

O rapaz de uma forma ou de outra iria convencer a mãe, pois queria ver se a moça dos olhos castanhos estaria lá, o que era óbvio que estaria. Mas ele queria mais, saber seu nome, entender o que aconteceu naquele dia no rio, por que o tratou daquela maneira.

-Porque... Acho que podemos fazer diferente minha mãe, não podemos ser igual a ele e isso será bom para nós, conhecemos mais pessoas e....

Samuca deu uma pausa em sua fala, olhando para o lado, dando um leve sorriso e é claro, lembrou de Marocas.

-E o que Samuel?
-E é isso, conhecemos mais pessoas, mostramos quem somos de verdade. Vamos, vai ser bom e eu prometo que se não se sentir bem, voltamos para casa.

Olhando para sua mãe, com o olhar mais doce e irresistível do mundo, fez um carinho em sua bochecha, esperando uma resposta.

-Você sabe como faz não é mesmo?! Conhece meu ponto fraco. Tudo bem, vamos, mas se não estiver de acordo sairemos no mesmo instante.

Samuca não escondia a felicidade, deu um abraço apertado em sua mãe deixando a mesma com um sorriso no rosto vendo tamanha alegria em que seu filho estava. Ela sabia que não seria fácil, mas pelo seu maior tesouro enfrentava qualquer coisa.
Marocas estava na escolha de seu vestido, estava indecisa com cores, modelos mas também não escondia o desânimo pois era todo ano a mesma coisa.

-Miss Celine, eu já não sei mais que cor de vestido usar, estou pensando em ir com o mesmo do ano passado. Está novo.

A amiga riu do descontentamento de Marocas.

-Aiai Maroquitas, Maroquitas. Tens muitos vestidos bonitos, escolha qualquer um e ficará a dama mais bela de todas.
-Minha amiga, sempre tão positiva, obrigada por tanto.

Estavam as duas se olhando com profundo afeto e gratidão, deram-se um abraço em meio a risos, pois a situação estava engraçada, Marocas rodeada de vestidos olhava para todos mas sempre com dúvidas. Ainda tinha o dia inteiro para fazer os ajustes, mas não podiam ficar com isso em mente.
Depois de muito pensar, a garota decidiu.

-Miss, será esse.
-É lindo Marocas, combina perfeitamente com você.

O vestido era azul, com pequenos cristais que decoravam a parte da frente, os detalhes bordados eram da cor preta. Ajustado na cintura, estava pronta para embelezar ainda mais o evento.
A noite, na hora do jantar, Dom Sabino queria se certificar de que todos estavam todos com suas roupas escolhidas, pois o baile já era no dia seguinte.

-Todos já escolheram seus trajes, fizeram os devidos ajustes?
-Sim papá, Kiki e eu vamos ser as damas mais lindas dessa festa.

A fala da pequena foi motivo de diversão para todos.
Aquela noite era de descanso, teriam um dia cheio pela frente.
Samuel também, ja tinha ajustado seu terno, acompanhado de um colete. O tecido era do mais belo que existia naquela época. Ele estava ansioso, guardou seu traje, deitou-se na cama e antes de dormir olhando para o teto de seu quarto, sorriu e fez o pedido.

-Que amanhã seja um dia e uma noite incrível.

Não sabia o que estava por vir, mas torcia para que tudo desse certo e principalmente que sua mãe não arrumasse nenhuma encrenca.
É chegado o dia, o sol brilhava como nunca na cidade, todos estavam radiantes, a não ser Maria Marcolina, mas apesar de não ter o mesmo ânimo da primeira vez, fazia de tudo para não demonstrar ao seu pai e só iria ao evento por causa do mesmo.
O dia parecia passar rápido, num piscar de olhos.
O pessoal começava a se vestir, mulheres fazendo seus penteados, os homens fazendo a barba, pois logo dariam início a festa.
Elmo observava o amigo se arrumando, riam, conversavam sobre como iria ser.

-Samuca, está deverás muito bonito, colete, terno, gravata, sapatos... Não há homem mais bonito essa noite, sim só por essa noite.

Samuel deu petelecos na cabeça de Elmo, o menino se encolhia tentando fugir do "ataque", em meio a risada de ambos.

-Ainda bem que você nem vai, pois nem com um terno ficaria bonito, mas de qualquer forma, obrigado pelo... Elogio?!
-Espero que ela esteja lá também.
Samuca sussurrou baixo, fazendo assim que só ele ouvisse.

Terminando de abotoar o último botão de seu colete, Carmen, que também estava deslumbrante, chamou o filho.

-Está pronto meu querido?
-Sim mama, já estou descendo.

Respirou fundo, arrumou o último detalhe das golas do colete e desceu para partirem com sua mãe.
Já Marocas, estava terminando de apertar seu vestido, com a ajuda de Miss Celine. Logo, também partiram para a noite que reservaria alguns encontros, digamos, interessantes.

Samuca e Marocas - One last chance Onde histórias criam vida. Descubra agora