Belas e Fortes

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 Já estamos neste inferno de lugar, presas aqui, há uma semana. Setes dias, trezes horas e vinte e cinco minutos, nada exato, mas todos sabemos que Kara é a mulher inteligente em nossa relação. Não que eu não possa ser, mas minhas qualidades implicam, em maior parte, na força bruta. Sabe, voar; socar, quebrar tudo a minha volta em grandes batalhas, esse é meu jeito de ser, não como fui criada, mas como tenho agido quando combatia o crime. Muitas vezes, quando estávamos fora do país, na França, Kara me perguntava se eu sentia falta disso tudo, de salvar pessoas e usar meus poderes, eu sempre mentia. Não que eu preferisse faze-lo, não, pelo contrário, eu sentia saudades, mas estar com ela era o que eu queria fazer. Pendurar a capa, com o passar dos anos, se tornou algo simples, no fim eu não sentia nada, não era mais importante, e estar com ela suprimia esse desejo de ser a Supergirl. A saudade, no começo, era imensa, mas logo depois que Kara teve nossa filha, não restou muito dessa vontade de voar, segurar a pequena Krys em meus braços, era como voar, eu tinha um mundo inteiro em minhas mãos. Olhar naqueles olhos, sentir o calor de sua pele, naquele momento eu esqueci de tudo, meu mundo se tornou elas duas, e mais nada me importava.

 Vez ou outra eu andava pelas ruas da França, de mãos dadas a Kara; empurrando o carrinho com a pequena dentro, viaturas passavam, perseguiam criminosos; Kara me olhava pelo canto dos seus lindos olhos azuis e eu sorria. Ela tinha medo que eu corresse para um beco e saísse voando para ajudar, mas nunca aconteceu. Me pergunto se fiz o certo, esquecer de tudo, abandonar quem eu era e me tornar uma dona de casa, Kara saia todos os dias para trabalhar e eu permanecia em casa cuidando de tudo, aos fins de semana sempre saiamos juntas, mas com o passar do tempo se tornou raro, ela trabalhava demais, e o rancor beirava seu coração. Eu não reclamava, nunca sequer questionava, me tornei a pior versão de mim mesma. Tudo isso para que no fim parássemos no agora, aqui tão distante de casa. Pergunte-me se me arrependo, e eu lhe direi com toda certeza que não. Kara, por mais que trabalhasse muito, era presente, fins de semanas, como já disse, eram os nossos dois dias, as vezes não, mas isso era raro. Éramos nós duas e a pequena, a loira nunca encostou um dedo em mim, mesmo estressada, Kara se afastava e respirava, ela nunca me tocaria dessa forma, ela me ama demais para fazer isso.

 Eu sinto saudades de casa. Saudades de nossa nova casa, de volta a Nacional City, eu tinha a ingenuidade de acreditar que seriamos felizes como nunca fomos. Então ela sugere divórcio, meu chão caiu, mas eu pude convence-la do contrário. É complicado, ela sofre, pois estava com ela, estava dentro dela, e culpa foi minha, não pude protegê-la, e ela tem razão em me culpar, mas depois de tudo que passamos, uma maldita separação agora. Não. E como ficaria a Krys? Sempre que relaxo, algo acontece, na manhã que segue, viemos para cá, eu acredito que Eliza tenha um dedo podre nisso, de alguma forma nos mandou para cá, de alguma forma vamos voltar, de qualquer forma vou matá-la, atravessar meu punho em seu peito e arrancar seu coração.

 Enquanto isso não acontecer, permanecemos aqui, presas, há uma semana. Depois do que houve, aquele sonho estranho que Kara teve, e aquele surto estranho em nosso quarto, logo depois que ela... Que ela e eu tivemos uma ótima noite de amor. O quarto ficou um pouco destruído, as cortinas pegaram fogo e as janelas se quebraram, mas tudo foi reparado. Somos convidadas aqui, mas temos que cuidar para que nada fuja de nosso controle. Gaius, o medico do reino, já medicou Kara, dando a ela o mesmo medicamento que deu a Lady Morgana... Maldita não posso nem pensar nela. Sei que terei problemas com ela, quando discutimos, pude ver que ela está interessada em Kara e que não vai desistir só por ela estar casada..., mas Kara não vai me trair, ela me ama, e vamos permanecer juntas como sempre.

 Já se passa do meio dia, Kara está deitada em nossa cama, tão serena, não quis desperta-la, pedi a uma das serviçais que levasse algo para ela comer e deixasse sobre a mesa. Enquanto ela dorme, eu perambulo por aí, Kara via gostar de receber mimos depois de tudo que aconteceu, por isso estou indo ao campo, colher flores para ela, eu poderia pedir a uma dessas moças, mas há coisas que não necessitam delas e eu posso fazer sozinha. Eu acho interessante esses longos vestidos da realeza, são fofos, lindos e confortáveis, de certa forma. Naquele guarda-roupa em nosso quarto há muitos deles, todos foram feitos sob medida, o rei é generoso, o que me atiça a curiosidade, deve ser apenas meu faro de heroína, eu espero.

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⏰ Última atualização: Jan 13, 2019 ⏰

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Lady's El Perdidas No TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora