Pra nos refazer.

TERCEIRO

Depois do aniversário, eles que já não se desgrudavam, decidiram por morar juntos. Ao certo não sabiam como iriam encarar aquela nova fase, mas estavam dispostos a tentar. E engana-se quem acha que era a mesma coisa, uma vez que eles viviam dormindo um juntos em suas casas, morar junto era diferente. Era tornar o compromisso ainda mais importante, optaram por morar no apartamento dele, e não precisavam de mais nada, a companhia um do outro, contas pagas, comida e cerveja na geladeira já lhes era suficiente.

Rodrigo enfim tinha começado a preparação de elenco para a sua próxima novela e estava cheio de expectativas, era ótimo ter com quem dividir tudo aquilo. Logo menos começaria os trabalhos de preparação dela, para a sua segunda novela do horário das nove, agora já muito mais madura e experiente na profissão, vinda de grandes sucessos anteriores. A torcida já era grande para que esse trabalho também fosse um êxito.

Ela fechava a agora sua casa, carregada de sacolas, havia ido fazer comprar no supermercado. Era impressionante como o macarrão daquela casa sumia na mesma intensidade de que aparecia. Supermercado para dois, já fazia tempo que ela não sabia o que era aquilo, já havia feito muitas vezes, mas aquela parecia ser a primeira, igual a tantas outras primeiras coisas que ela já fez com ele.

— Caramba! Não é possível que a gente coma tanto macarrão... - Reclamou anunciando assim a sua chegada. - Rod, tu está me ouvindo? Rodrigo!
— Ah, oi amor. O que houve? - Respondeu um tempo depois.
— A gente acaba com macarrão muito rápido! Aproveitei e comprei muitos quilos e espero que não evapore dessa vez... - Fazia seu monólogo enquanto ele apenas a olhava de soslaio e dava de ombros. - Não é? Você não acha que é melhor a gente comprar pratos descartáveis? Às vezes lavar louça é chato...
— Tanto faz, pode ser. - Voltou a dar de ombros e ela foi mais perto dele.
— Amor, está tudo bem? - Pousou sua mão no rosto dele. - Cacete Rodrigo! Você está ardendo em febre! Meu Deus, o que eu vou fazer? - Se levantou e trouxe ele junto para sentá-lo no sofá.
— Eu acho que não estou muito bem mesmo, meu corpo tá doendo, minha cabeça tá doendo... - Respondeu com a voz falha.
— Amor, eu vou te ajudar. Vamos para o quarto. - Ela se colocou de pé e o abraçou pela cintura sustentando o peso dos dois e caminhou com cuidado até o quarto deles. - Vou te ajudar no banho, depois você deita e eu te dou um remédio tá? - Ele apenas assentiu.

E ela o colocou apoiado na pia do banheiro só para poder tirar a sua camisa, que estava empapada de suor. E fez o mesmo com a sua calça de moletom e cueca.

— Vou colocar no morno, é um erro grande dar banho gelado em quem tem febre, a pessoa pode ter um choque térmico, Deus o livre... - Divagava enquanto ainda sustentando ele verificava a temperatura da água. - amor, me ajuda entra aqui no box. - O colocou embaixo do chuveiro e praticamente lhe deu banho, uma vez que ele estava mesmo bem debilitado.

Agatha o enrolou na toalha como se fosse uma criança e voltou a sustentá-lo pela cintura. Levando-o de volta ao quarto.

Vê-lo ali daquele jeito parecendo um bichinho acuado lhe cortava o coração, Rodrigo sempre teve a saúde boa, nunca que pegava uma gripe e agora estava ali deitado, com a aparência de quem estava realmente bastante mal. Ela sentiu vontade de chorar, já havia se passado uma hora e depois do remédio, de um chá e de muito carinho a febre não havia cedido tanto quanto deveria.

— Mãe, o Rod tá com muita febre. Eu já dei remédio, chá, banho e nada eu estou desesperada. - Falou assim que Enilda a atendeu do outro lado da linha.
— Primeiro você acalma seu coração, já tem quanto tempo desde que ele tomou banho? - Perguntara calma.
— Mais de uma hora eu acho, ele está dormindo agora.
— Então espera que ele acorde e o ponha no banho novamente. Verifique se ele tá sentindo alguma dor abdominal e se até o anoitecer ele não estiver melhor leve-o ao hospital.
— Entendi, banho, dor, hospital... Entendi. - Suspirou - Obrigada mãe. Te amo.
— Se acalma que não é nada grave, amo você também meu bem. Vai lá cuidar do seu namorado. Qualquer coisa não hesite em me ligar novamente.
— Está bem! Obrigada de novo, beijos.