Capítulo 1

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Nora

2018

"MAS QUE PORRA?" pensei e logo me virei na carteira. Claro. Tinha que ser. Minha melhor amiga Louise, que por acaso parece esquecer que tem voz para me chamar, acabou de jogar uma caneta na minha cabeça. Quando olho pra ela, ela gesticula com a boca "desculpe" e eu sussurro:

- O que foi?

Ela começa a gesticular com a boca de novo, mas eu só consigo entender pedaços como "...casa...aula...pais...casa..." meu deus, o que que custa só passar a porra de um papel pra mim, ela sabe que não sei ler boca direito. Ela repete. Ainda não entendi. O professor, Dênis-pé-no-meu-saco, que antes estava de costas para a turma, aparece na minha frente. Ótimo. Obrigada Louise! Então ele começa:

- Perderam alguma coisa meninas? Tenho certeza que a aula ainda não acabou e que não dei permissão para conversar, dei?

- Não, é... Na verdade, Louise só estava pedindo pra pegar a caneta dela, e eu estava indo entregar – Respondi, mas sinceramente, devia só calar a boca. Ele me odeia.

Ele pega a caneta e caminha até sua mesa, não entendo nada, só observo. Quando ele senta vai e solta a bomba:

- Pode entrega-la depois da detenção. – Então continua a aula.

É, ainda me odeia. Essa é o que? A quarta vez que me manda para detenção num mês? Maravilha. Louise, eu vou acabar com... Perco a linha de raciocínio quando me cutucam com um papel. Diabos, o que ainda tem pra mim hoje? Me viro e pego o papel rapidamente

"Sua casa depois da aula? Seus pais estão em casa?"

Reconheço a caligrafia de Louise, me apresso em responder

"Primeiramente, porque não escreveu isso antes? Eu te mato. Pode vir lá pra casa sim, sua vadia, depois da detenção que a senhorita me proporcionou. E não, meus pais estão viajando lembra"

Passo o papel de volta, agradeço mentalmente ao universo por meus pais estarem viajando e acabo dando um meio sorriso ao fazer isso, RÁ, dessa vez não vai falar com os meus pais, vai professor? Nora 1 x 0 Dênis. Tá eu sei, sou uma pirralha, mas ele também é se quer saber, ele não aceitou meu não no início do semestre (sim, você leu isso) e implica comigo sempre que pode depois disso. Eu podia só denunciá-lo, certo? Errado, eu tenho um belo histórico de mentiras sobre mim, que logo me fariam ser a culpada de seja lá o que me acusarem. Bem, como explico? Tá bem, aqui vai:

2 anos atrás, 2016

No meu primeiro ano médio, Jordan – na época, um dos meus melhores amigos, disse que queria me mostrar uma coisa, aparentemente a coisa era o seu pau, porque me prensa na parede atrás da escola com as calças abaixadas. Quis gritar, mas ele tapou minha boca e me impede de me mover, penso em chutar suas bolas, porém estou meio que paralisada? Olho para ele, procurando os olhos do meu amigo, mas... mas nada, não há nada nele do meu amigo. E quando penso que não pode ficar pior, ele sussurra no meu ouvido:

- Só para você sentir a sensação – enquanto separa minhas pernas.

Começo a chorar, tremer, não entendo porque ele está fazendo isso! ELE ERA MEU AMIGO, INFERNO! Fecho os olhos na esperança do momento acabar logo, assim que o faço, Jordan já não está mais contra mim. Abro os olhos. Ele está no chão, e tem um cara batendo a merda da cara dele. Quem é? Não importa. Agora não estou desesperada. Estou com raiva. Ódio. Vou até os dois, consigo separa-los, então com toda força chuto a barriga de Jordan. Chuto de novo. E de novo. Até que começa a sair sangue de sua boca e o cara – quem diabos é esse cara? – me puxa pra longe de Jordan, olho para sua cara, então reconheço. Ivan Towers. Quer dizer, não conheço, só sei quem ele é. Aluno novo. Talvez esteja na minha turma? Bolsista. Tem irmãos gêmeos. Bolsistas. Abro a boca para falar, falar o que? Obrigada? Tento pensar, colocar meus pensamentos em ordem, passamos uns 10 segundos nos encarando, até que decido dizer obrigada – em minha defesa eu estou em choque, então tenho o direito de demorar a falar alguma coisa – começo a falar:

O favorWhere stories live. Discover now