Terror na floresta

Sonhos....

Os anos passando..pensamos em procurar tratamentos..mas ela ainda muito nova eu também..acreditamos que apenas não era o momento... até que um dia..a notícia mais esperada se confirmou! Era um menino!! 

Lembro de flashs daquela noite...pois depois de muita bebedeira em comemoração... eu e meu irmão finalmente voltamos pra casa...a esta altura, ele morava mais lá do que em outro lugar..apesar de ser um cara incrível, nunca se casou...nem se afirmou com nenhuma namorada. Dizia que eu era um homem de sorte.

Minha linda esposa grávida...nosso sonho de criança se realizando...meu sonho de uma vida, estava real e ao alcance de minhas mãos. Era demais pra ser verdade! 

O trabalho ainda me consumia, mas dava meu melhor..sempre carinhoso e preocupado, cuidando de perto de todas as vontades dela...eu e meu irmão brigamos quando decidimos o nome, brigamos quando escolhemos a cor das paredes do quarto e quando a levamos para a maternidade!! Era lindo de ver..sim era lindo! O amor havia tomado conta também do coração dele...e ver meu filho passando por suas fases de bebê...os primeiros passos, as primeiras palavras...o primeiro dia na escola..cercado de amor e dedicação era lindo.. mas...confesso que muitas vezes tive ciúme.

Tudo ia muito bem até que um dia, numa consulta de rotina...descobrimos que meu filho tinha uma doença rara e muito grave..com poucas chances de cura, devido a evolução da doença. Foi uma bomba. Literalmente. Destruiu boa parte de tudo que havia sido construído. Abalou todas as estruturas. O chão se abriu.

Tivemos que aceitar depressa pois não havia tempo a perder...uma busca incansável por possibilidades..chances..tratamentos..cura! Perdi minha esposa neste momento. A partir daí ela apenas se dedicou ao meu filho, dia e noite cuidando e acariciando e encontrando formas de tornar os dias dele mais leves... eu entendia e sentia muita gratidão. Mas...ainda eramos homem e mulher, marido e esposa...estávamos ali diante de uma situação irreversível, mas precisávamos seguir vivendo... mas ela não via dessa forma. E se tornou cada dia mais fria, mais distante, não se parecia mais com minha mulher. Mal aceitava meus cuidados..mal falava comigo. Se não fosse meu irmão trazer notícias e intervir por mim...talvez até pra fora de casa tinha me colocado.

Durante os anos da doença, suportei todo o fardo calado..as vezes tentava o diálogo mas era logo desencorajado com frases do tipo ''você não entende'' '' me deixa quieta no meu canto''..e sendo assim, continuei trabalhando, empenhado em nossos projetos, como a compra da casa de campo, que sonhávamos desde criança, as vezes viajando... e foi numa dessas viagens que aconteceu.