Sinopse:
"Preso num arco-íris, os meus níveis de sanidade foram testados. Não existia cura contra aquela overdose de cores dolorosamente prazerosas."•
Eu estava preso.
Naturalmente, deixei-me ser levado por aquela onda quente e acolhedora, durante um inverno frio passado na sua casa. Enroscado a um turbilhão de memórias, tudo escapou mal senti o primeiro fervilhar de erupções ocorridas dentro do meu coração.O meu interior gritava; tanto de desespero como de amor. Os meus pés contorciam, como se tentassem escapar de tal loucura prazerosa. Inconscientemente trilhei um caminho pelo qual nunca mais deixaria de caminhar, orgulhosamente sendo decorado por cada fio de um pincel antes intocável.
A minha breve obsessão com tintas fazia-me voar por um céu de imaginação inacreditável, independentemente do que vivia naqueles segundos. Talvez se devesse ao facto de namorar um pintor inexplicavelmente talentoso, ou somente porque eu era atraído por estas. Só sei que tudo se misturou, tornando-se uma massa fina e macia de variadas sensações, como se tivessem construído um arco-íris entre os nossos corpos.
Ah... Vermelho. O olhar do Sehun era fascinantemente avermelhado, não de uma raiva avassaladora, mas sim por um sentimento inexplicável; de certa forma selvagem e natural.
Eu sentia esse tom ao mesmo tempo em que aproveitava o toque do seu polegar levemente pressionado sobre a minha omoplata, ferindo e rachando toda a pureza que antes cobria aquela área inexplorada.Porquê vermelho?
Uma vez Sehun contara-me: "Li num livro que esta zona..." - ditava ao apontar para as suas costas, mais precisamente para as omoplatas - "... É o lugar onde se localizavam as nossas asas, tornando-nos anjos caídos. Ou seja, os humanos antes de se tornarem pecadores, eram seres celestiais. Porém, no instante em que um de deles começou a ir contra as vontades do céu, foi-lhe retirado o seu bem mais precioso: a liberdade. Porque apenas aquele amontoado de penas era o que o fazia sonhar; e sem elas, era apenas um mero mortal sem quaisquer objetivos. E isso é o que somos hoje. Restos de pedaços de um céu que antes era apenas nosso." - as suas palavras preenchiam os meus ouvidos de espanto - "É por isso que o homem sempre sonhou em voar, criar objetos e testar a ciência contra os nossos corpos. No final somos apenas pássaros que querem sair da gaiola e voltar às suas origens. Mas não podemos, porque pecar está no nosso sangue sujo. É como se fossemos aves manchadas de um vermelho pesado."
Bem, o vermelho, dito por muitos, podia ser a cor da paixão - mas ao mesmo tempo era a cor representativa do proibido, do pecado, de um lugar para onde não poderíamos voltar. E esse lugar, marcado levemente sobre as nossas costas, era como um brasão e um aviso do nosso retrocesso. Por isso, ao ser acariciado tão romanticamente com aquelas mãos pecadoras, numa área que antes me permitia uma entrada gratuita para o infinito, me lembrava o sangue perdido de muitos. Estimulava os meus sentimentos borbulhantes e quentes, ignorando as penas antes vívidas sobre a minha pele - trocando a sua cor natural para um tom escuro e delicioso.
"Eu não quero que voes, Baekhyun." - um toque, um sussurro quase mudo - "Vamos ambos ser anjos caídos."
Arrancando toda a voz da minha garganta, ele puxava a minha sanidade para fora do meu corpo, e com uma paleta recheada de arco-íris decorava a minha tela vazia com todo o seu corpo nu e artisticamente modelado literalmente com formas dignas de um anjo - uma perfeição sobre humana.
Esculpindo-me com um branco desta vez puro e simples, beijava as pontas dos meus dedos delicadamente, abafando a dolorosa arte que prevalecia como uma espécie de espetáculo louco e insano. Mais uma vez o pincel deslizou sobre o tecido daquela tela preenchida com um vazio feio, dando calor e vida a algo que antes em mim estava por acender.
Eu morria. Cada respiração, a cada fôlego seu captado pelos meus ouvidos, eu morria de amor; de algo que os meus sentidos nunca conseguiriam colocar por palavras. O meu corpo, demasiado frágil e insuficiente, não aguentava tamanha quantidade tintas - de movimentos imparáveis que seriam a causa de todos os motivos da minha insignificante existência.
Porém, havia algo naquele branco que cortava todo o vermelho mencionado anteriormente. Eram pinceladas diferentes das iniciais, que ao invés de apenas darem ênfase a um quadro ríspido, lhe colocavam uma coloração bela. Um degradê simples, uma junção entre o proibido e ações reais e amorosas. Algo visivelmente apreciável.
Era como juntar dois imãs com os pólos semelhantes, numa tentativa falha de ficarem colados um ao outro. Mas a sua junção, por mais difícil que fosse, não era impossível.
E o amor dele... Sim, o amor que o Sehun possuia por mim era claramente amarelo. Uma cor infantil, porém alegre e doce. Igual a um ameno dia de primavera, onde tudo parece fácil e possível. Uma época florida e baseada em sonhos, ainda mais diferente do vermelho e do branco.
Enquanto que a primeira era uma cor forte, com tons fortes e difíceis de produzir, o branco era o cancelamento de todas essas emoções para algo não neutro, mas também não insensível. Já o amarelo, era o transbordo de tudo o que é agradável neste mundo - como se fosse uma bolinha recheada de memórias coloridas e claras por dentro, e amarelada por fora.
Eu amava aquele amarelo em específico. Um amarelo talvez um pouco pastel, com uma ou outra acentuação mais carregada, sempre me seguindo e fazendo o papel principal daquele que deveria ser o sol. Com um calor incrivelmente quente, fantástico e maravilhosamente aconchegante, era uma cor familiar. Como um abraço de uma mãe após tantas saudades, ou um beijo dado durante um casamento.
Era o ápice de toda aquela paleta, o final do tão esperado arco-íris. Mas um final que valia a pena ser alcançado, e repetido milhões de vezes.O espetáculo acabara, terminando num vácuo silenciosamente movimentado, onde apenas prevalecia uma curiosa mistura de todas as colorações, originando um borrão meio desajeitado e nada organizado.
Tudo parou num tom escuro e estranhamente azul. O vento debatia contra a fina camada de vidro, dando um efeito sonoro àquela pintura representativa do nosso relacionamento verdadeiramente sentido. Aquela cor era a peculiar beleza de um final, sendo esta triste ou feliz - agradável, no nosso caso.
Estendido sobre aquela memória recente e igualmente memorável, pude adormecer sobre uma outra tela, que se encontrava pintada de uma maneira semelhante à minha, só que com menos detalhes. Talvez por eu não ser um artista profissional, não sei.
Apenas acreditava em tal coisa: a minha tela fora finalmente decorada, e um quadro feito à minha medida havia sido criado por pincéis talentosos. Uma imagem que demonstrava todas as minhas emoções e pensamentos acerca do amor da minha vida.
E ninguém podia pintar aquele quadro sem ser ele.Oh Sehun é o meu único pintor, e eu sem ele sou apenas uma tela vazia.
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exo's oneshots; compilation
Fiksi Penggemar"Atreva-se a entrar no mundo das oneshots, onde apenas um capítulo o prenderá num mundo alternativo. Onde apenas um capítulo o fará conhecer diversas personalidades, encantos, angústias - e as respetivas vidas que as dominam. Onde apenas um capítulo...