9 - Missão quase impossível

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 Fomos pelas traseiras do campo. Eu tinha atenção a cada movimento, estava alerta a qualquer perigo que possa estar escondido. Parece que entramos dentro do filme ‘Indiana Jones’, tirando a parte de que não tem nada a ver.

“Margarida…” falou Harry descontraído. “Sabes que não tens de andar feita espiã certo? Aqui ninguém te vê…”

“NINGUÉM? QUEM É O NINGUÉM? ISSO É UM CÓDIGO SECRETO? DIZ-ME E AINDA VAMOS A TEMPO DE TIRAR O KIKO PARA CIMA DA PESSOA!”

Ele deu com a palma da mão na testa. “Que mal fiz eu a Deus para merecer isto?”

Deus? Seria esse também um código? Hmmm, devia de ter tirado um curso sobre ‘como ser espiã’, mas antes tinha que me certificar que não o tirava na mesma universidade em que o Jorge Jesus tirou direito, é que não quero que me ensinem que Cinfães fica no estrangeiro nem que a capital da Grécia é “Antenas”***. Se o fizesse creio que o meu avô me deserdava e tirava a minha foto da árvore da família… Pois, os meus avós são um pouco… como ei-de de dizer… supersticiosos e aquela árvore está a permitir que a nossa família não seja alvo de bruxaria. Quer dizer …. UM POUCO? ELES DEVEM SER AS CRIATURAS MAIS SUPERSTICIOSAS À FACE DA TERRA, ACREDITAM-SE EM QUALQUER COISA! No outro dia a minha avó matou uma aranha e eu disse-lhe que as aranhas eram as protetoras espirituais das casas e que ao matá-las estava a permitir que os espíritos entrassem… ela acreditou-se de tal maneira que agora aquela casa parece uma maternidade de bichos com oito patas… pena que o meu pai já ande a fazer planos de matança. Família de tolos. Qualquer dia digo-lhes que ao darem quinhentos euros aos netos irão fazer com que eles fiquem com a barreira protetora mais ativa e assim as sombras já não poderão passar. Sou um génio, meto meia dúzia de palavras ridículas e tenho uma ideia milionária. Palmas para a sábia.

“Onde é que nos localizamos?”

“No Planeta Terra.”

Revirei-lhe os olhos. “Muito engraçadinho tu.”

Bufou. “É já ali à frente, vamos entrar pela janela.”

Do sítio onde estava conseguia ver a janela, a tal janela. E uma questão pertinente veio-me à cabeça: COMO É QUE É SUPOSTO AS MINHAS COXAS DE ELEFANTE PASSAREM ALI? Será que existe alguma linha de socorro para pessoas com as coxas grossas? Tipo “Linha S.O.S Coxinhas” ou então “Apoio para corpos Danone com pedaços”… era tão útil se houvesse.

Quando me pus mesmo em frente à janela as minhas suspeitas confirmaram-se, era demasiado estreita. Merda.

“Okay, apoias o pé na parede, colocas as mãos na beira da janela e puxas-te para cima até te sentares na mesma e depois é só saltar pra dentro.” Explicou Harry, da maneira que ele está a dizer até parece ser fácil. Aldrabão.

Engoli em seco. Toca a invocar os padroeiros daqui da zona para que magicamente coloquem manteiga à volta da janela assim já consigo entrar melhor.

“Tu primeiro.” Indicou Harry. “Mas tenta não fazer muito barulho okay? Lá dentro temos de sussurrar.”

Deixei a minha doce dignidade de lado, nem me acredito que vou dizer isto. “Harry, não sei se tu estás a ver, mas eu nem com a ajuda de uma grua conseguia entrar por esta janela. Eu tenho as coxas grossas… ou gordas se preferires.”

A sua expressão mudou, ele estava intrigado. “Primeiro: não dramatizes, as tuas coxas não são grossas, são é bem b…” ele parou de falar e eu entendi perfeitamente o que aquele impostor de meia leca ia dizer, já me tinha esquecido que ele era um pedófilo. “Adiante, caso fiques presa eu ajudo-te.”

Footballer ||h.s||Onde histórias criam vida. Descubra agora