Capítulo Primeiro

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       O dia amanheceu nublado, já sabia que o sol havia se escondido depois de uma luta sangrenta com a escuridão. O sol estava cansado e eu entendia bem esta sensação, afinal, nunca fui como um ser humano normal e isso estava mais que claro. Não me recordava da primeira vez que tive a oportunidade de ver o pôr do sol sobre um penhasco, olhando as nuvens afastadas deixando ao centro, o sol, partindo, pronto para se encontrar com tua amada lua em um distinto lugar na qual, não cabia a nós seres humanos a aprecia-las. Era uma perfeição divina – se é que existia algum Deus lá encima – mas, convenhamos que diante de todas as paisagens nas quais tive a honra de desfruta-las, era nítido que talvez, existisse algum ser divino sobre nós, nos analisando, mas, em alguns momentos, chegava a me perguntar, o motivo deste ser não fazer nada, afinal, a Terra estava literalmente um caos, estava arrematado de pessoas ruins e pessoas que fingem ser boas, mas, ao fundo, sabemos que não são. E diante de tudo e todos, os seres humanos, os seres possíveis divinos nas quais algumas pessoas acreditam que nos criaram – o que eu acho de certa forma, um tremendo exagero – ao fundo, cabia apenas à uma pessoa para mostrar a humanidade os bondosos atos que precisam ser feitos, os intensos sentimentos que precisamos sentir e de fato, estamos aniquilando – aos poucos, deixando-nos esfriar e nos cegar com as imensas escuridões que estão presentes ao nosso redor – cabia, à mim, a mostrar que ainda há esperança para a humanidade, bom, era isso que meu pai dizia todas as noites antes de me dar um "boa noite". 

         Meus pensamentos aos poucos vão indo embora, fazendo com que meus olhos fossem abertos, notando Matthew David escorado na madeira da porta me encarando com um sorriso admirado aos teus lábios e por consequência, virei meu corpo para encara-lo por alguns minutos notando a camisa social branca entreaberta até a altura de teu peitoral esculpido, uma calça social slim preta na qual dava um charme casual à alguém como David, afinal, quem o conhecesse no passado, poderia dizer que este estava de fato melhor atualmente, do que as fardas pesadas que deixavam-no parecido com um robô chinês, chegava a ser engraçado o mesmo caminhando completamente duro pela enorme casa simples, mas, acabei por força-lo a usar roupas mais... humanas, afinal, tínhamos que nos misturar, tínhamos que ter uma vida humana – ao menos mostrar para as pessoas como ou o que éramos, ou deixa-las verem o que queremos que elas vejam – por consequência, David não demorou para mudar completamente teu guarda-roupa para algo mais casual, mesmo em algumas ocasiões o mesmo usar ternos deixando-o incrivelmente atraente. Deixei que meus olhos acastanhados ficassem sobre teus traços faciais permitindo que um suspiro escapasse de meus lábios enquanto também, sentia os olhares do mesmo sobre mim, mas, não demorou para que este descruzasse teus braços e adentrasse o pequeno quarto na qual fiz como um "mundo" para mim.

          ──── Finalmente acordou, achei que teria que olha-la dormir por mais tempo até que se sinta desconfortável para levantar da cama. – Observei teu largo sorriso se formar em teus lábios rosados e poucos molhados fazendo com que eu me sentasse na cama enquanto colocara uma mecha de cabelos ondulados e negros detrás de uma orelha e voltei a encara-lo com um sorriso ladino e traiçoeiro em meus lábios, mas, logo os tirei após nota-lo que este voltaria a comentar alguma coisa. ──── Como vai, Lou? Espero que não tenha tido outro pesadelo. – Perguntou-me sentando-se sobre a beirada da cama.

          ──── Estou... – Fiz uma breve pausa desviando minha atenção para minhas mãos nas quais estavam unidas sobre meu colo por cima da coberta na qual cobria metade de meu corpo e voltei a encara-lo acenando levemente com a cabeça e permitindo que um sorriso completamente sem jeito aparecesse aos meus lábios. ──── Bem. E você? Já decidiu o que vamos fazer hoje? Afinal, é terça-feira, vai querer mostrar a cidade nova? Ou almeja que eu vá procurar amigos por aí como alguém normal e pronta para ser feliz com um dos rapazes nojentos que existem por aqui? Aliás, e você e a vizinha? Soube que ela tem mau-hálito. – Soltei um riso fazendo uma breve careta não demorando para sentir um impacto de um travesseiro sobre meu rosto fazendo com que o cabelo na qual estava detrás de minha orelha escapasse e deslizasse sobre meu rosto.

A Rainha Negra - O InícioOnde histórias criam vida. Descubra agora