O primeiro pensamento que James teve naquela manhã foi que ele não desistiria de Lily. Não depois da noite anterior, mesmo que ela nada fosse lembrar sobre os ocorridos. Mesmo que apenas uma vez, foi muito bom vê-la acabar com a amizade com Snape, e por vontade própria, não por causa de uma briga ocorrida por culpa dele.
— Levanta, Prongs!
Ele nem tentou desviar do travesseiro que Sirius jogou em sua direção.
— Parece que alguém viu um passarinho azul por aí.
— É passarinho verde, Padfoot.
— E qual a diferença da cor do pássaro?
James não interviu na troca de palavras dos amigos e não demorou para Sirius sentar-se em um espaço vago da sua cama.
— Ei, cara, você tá legal? — ele parecia preocupado.
— Sim, por que não estaria? — James perguntou.
— Quer por ordem alfabética ou cronológica?
Então, ele sentou-se na cama, tentando entender do que o amigo estava falando.
— Aconteceu alguma coisa? — intercalou os olhares entre seus dois amigos presentes, Wormtail não estava no dormitório.
O que era estranho, não lembrava-se da sua ausência nos outros dias repetidos, mas considerando que não tinha tido febre até o dia anterior, as mudanças não eram tão surreais de acontecerem por ali.
— Tudo bem, se você quer fingir que nada aconteceu — Sirius levantou-se, dando de ombros.
— Eu estou um pouco confuso — James tentou falar.
— Da discussão que você teve com Snape.
Sentiu-se paralisar.
Sem responder ao amigo, levantou-se da cama, pegando os óculos em cima da mesa de cabeceira e debruçando-se para enxergar o calendário de Remus.
Um dia tinha sido riscado.
— Se você considerar que não tá legal para ir para a prova de hoje, tudo bem, a gente fala com a McGonagall, mas acho que dois dias seguidos faltando... — Remus começou a falar.
— Dois dias? — repetiu James.
— Okay, chega, vamos te levar para a Madame Pomfrey — Sirius fez menção de agarrar o seu braço.
— Não! — ele afastou-se — Não, eu tô legal.
Dois dias.
Certo.
Então a discussão que teve com Snape não foi aquela que, por um acaso, o sonserino tinha parado de cabeça pra baixo e sem as calças.
— Espere, como vocês souberam da discussão? — James perguntou.
Sirius fez cara de sonso.
— Acho que é melhor você ir se arrumar, Prongs — disse, antes de sair do quarto.
Remus olhou para a porta por um instante, como que raciocinando que o amigo o tinha deixado sozinho ali, antes de também sair, sem inventar uma desculpa.
Eles tinham o seguido na noite anterior?
Resolveu tirar essa história a limpo, ignorando que ainda estava de pijama, e desceu os degraus do dormitório para o Salão Comunal da Grifinória.
— O que ele disse?
— Que não queria ter dito aquilo.
James parou na frente da porta encostada, vendo Mary e Lily sentadas nos sofás em frente à lareira, conversando.
— Isso não faz o menor sentido! Ele quem quis terminar a amizade de vocês.
Lily continuou calada, olhando para o fogo agitado.
— Você não está pensando em perdoá-lo? — Mary pôs os cotovelos em cima das pernas, imitando a pose da amiga, para ficar mais próxima dela.
— Não, é claro que não — retrucou Lily, ajeitando a sua postura — Eu só... estava pensando em outra coisa.
Mary encostou as costas no encosto do sofá, cruzando os braços.
— Potter.
James levou um susto, pensando ter sido pego em flagrante, mas nenhuma delas olhava para ele.
— Tenho tido uns sonhos estranhos — Lily contou.
— Ai, que nojo — Mary olhou para o outro lado.
— Não desse jeito! — ela exclamou, e ele conseguiu ver o seu rosto corando — Nem eu sei explicar o que tem acontecido. É bem sonho mesmo, coisa de louco.
— Tem um ramo da Adivinhação que trata sobre sonhos...
— Coisa de louco.
Mary riu da certeza de Lily.
James resolveu voltar a subir as escadas, assim que viu Remus entrando no Salão Comunal, com certeza para garantir que ele estava pronto para irem tomar café da manhã.Tomou um banho rápido, sob as reclamações do amigo, e trocou de roupa. Quando saiu do banheiro, viu Remus dando uma lida em suas anotações.
Ah não.
— Qual é a prova de hoje? — perguntou James, de olhos arregalados.
Ele não tinha estudado nada no dia anterior.
— História da Magia.
Então, desarregalou os olhos.
Não era como se fosse uma matéria muito importante para a carreira de auror que pretendia cursar.
Podia passar para o 6º ano sem um Excede as Expectativas.
Desceram para o Salão Comunal juntos, Mary e Lily ainda estavam sentadas no sofá, conversando.
— Tem certeza de que não leu algo sobre isso em um livro antes de dormir? — ela perguntava — Você já teve sonhos dessa forma outras vezes.
— Não, eu não li — respondeu Lily — Mesmo porque eu não acho que isso possa acontecer de verdade.
— Tudo pode acontecer, Evans — James apoiando-se nas costas do sofá.
Mary levantou uma sobrancelha para ele.
Ela definitivamente não ia com a sua cara...
— Evans? É sério isso? — perguntou Lily, cruzando os braços.
— Se quando éramos inimigos mortais eu te chamava de Lily, acho justo que agora que estamos tendo uma relação pacífica invertermos a situação — explicou James.
— Você é estranho — ela declarou.
— Boa prova, Evans.
Remus observou-o enquanto ia em direção ao retrato da Mulher Gorda.
— James, espere!
Ele olhou para trás, vendo Mary e Remus com suas expressões estranhas na direção deles, como se estivessem vendo um documentário interessante de um programa sobre animais selvagens.
Notando os olhares dos amigos, Lily decidiu pegar a sua mochila.
— Eu vou com você — foi apenas o que disse.
— Por um momento, jurei que você me convidaria para Hogsmeade, Evans — James provocou.
Ela revirou os olhos, como sempre fazia.
— Só se for nos seus sonhos.
Bem, seus sonhos poderiam ser bem criativos.
Envolvendo um loop temporal de quatro dias, por exemplo.
Porque James nunca poderia provar que tudo aquilo não passou de um sonho.
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Day After Day
FanfictionO mundo bruxo é mágico, por falta de palavra melhor para descrever. Muitas das coisas que os trouxas acreditam, como viagens no tempo e animais fantásticos, como os dragões, existem realmente, mas não como eles imaginam. James Potter nunca pensou qu...