Romance • Pós término • texto médio
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A breve canção, que soava pelo salão, remetia a Skyller a um passado nem tão distante, ainda vivo em sua memória lhe fazia se elevar a breves pensamentos um tanto que dolorosos e de um sorriso que lhe desperta agonia. Atravessou o salão com pressa suficiente para não esbarrar com tal sorriso novamente. Bem que queria se tornar uma pessoa fria sem sentimentos, já lhe machucara tantas vezes e de formas tão diferentes
Culpava a sua intensidade, que sempre engrandecia pequenos sentimentos que não lhe rendiam nada nem mesmo reciprocidade, via coisas onde não tinha absolutamente nada este talvez fosse o seu grande mal.
Em sua pequena cabeça rodavam lembranças e situações criadas pela sua fértil mente. Enquanto atravessa o salão, que nunca lhe parecera tão grande, pensava no azar ou na sorte de esbarrar com aquele que tanto contradizia as suas vontades. Sabia que os cabelos ruivos ainda eram os mesmos e que suas sardas andavam em sintonia com o tom azulado dos seus olhos. Sim, sabia que era ele e que sempre seria, queria acreditar que naquele momento que não era, mas conhecia bem o som daquela gargalhada e a forma com que o jovem trazia encanto por onde passava.
Sky parou no meio do seu caminho, jurou sentir um frio por toda a sua espinha mas na verdade não havia sentido nada, era apenas o seu corpo gélido e imóvel no meio do salão. Era apenas o olhar de duas almas apaixonadas, de duas mentes, que de tão imaturas, não sabiam o que era o amor. Eram os olhos do tom dos oceanos em encontro com a escuridão que refletia uma doce e perdida alma, somente por aquele instante a música parou e tudo que existia a volta dos dois perdeu seu mais absoluto interesse. O amor pode ter tentando tomar o controle da situação, mas eram dois Jovens orgulhosos e ao desviar o olhar, falaram a si mesmos: Se realmente sentisse a minha falta, teria vindo em minha direção e sem hesitar eu teria me entregado novamente
Mas não, ambos não podiam realizar tal entrega. A jovem moça de apenas 17 anos sabia muito bem o desfecho desta trágica história e, diga-se de passagem, não era de seu grande benefício. Os mesmos olhos que trouxeram sentimentos belos trouxe consigo também duras lembranças. Sabia melhor do que ninguém o que havia passado por aquele amor.
Juntou toda a coragem que possuía e de cabeça erguida chegou ao fim do tão longo salão, sentiu-se aliviada a pesarosa ao mesmo tempo
Apenas por estar no mesmo salão que aquele idiota eu já me sinto assim
Pensou consigo mesma. Foi inevitável para os dois não pensar no que poderia acontecer se aquele encontro fosse meramente de olhares, se por algum acaso ou coragem eles se encontrassem cara a cara, como iriam reagir? Será que a conversa iria fluir como nas noites que passaram em claro contemplando as estrelas e a companhia um do outro ou seriam domados pelo tão claro orgulho?
Será que seus corações iriam bater tão forte ao ponto do som ser audível por todo o lugar?
Porém nada acontece. Skyller atravessou o salão e manteve sua dignidade, embora guardasse uma enorme agonia em seu peito, o rancor possuía maior tamanho, apenas seguiu de cabeça erguida, precisava demonstrar que nada iria abalar o seu orgulho. E o jovem rapaz que possuía a atenção da considerada mais bela moça do salão seguiu Sky com os olhos, seu coração corria num ritmo corriqueiro e inconstante. Lembranças o invadia e a cada simples movimento dela o remetia a algum acontecimento os envolvendo. Por mais que negasse o seu coração deixava claro, não havia moça mais bela naquele salão, uma beleza comum porém de despertar vários mistérios e sentimentos que o tão jovem Joshua não compreendia
Lembrou-se então da dor, das razões de negar-se tanto absoluta beleza, sim... recordou-se das dúvidas, da frieza. De todas as vezes em que deram mais uma chance para aquele amor e acabaram desistindo, das idas e vindas, o ciclo sem fim que o destruía a cada vez que se repetia. Precisava esquecê-lá. Ela não era a única moça bela em Olímpia. Joshua percebeu que a moça estava bem, que sorria e que possuía a tão memorável alegria no rosto.
Essa situação jamais causou dor alguma a ela, imagino o quão insignificante foi em sua vida, enquanto ela... foi apenas tudo que eu queria ter
Então seguiu a conversa com a Katherine, a acompanhante que estivera com ele durante toda a noite. Seguido de algumas bebidas e tentativas de completar-se, de se preencherem com qualquer coisa que pudesse substituir a agonia em seus peitos. Estavam perdidos sem ao menos desejarem se encontrar, pois sabiam que a simples menção de anular o vazio, que os fazia estarem tão incertos, os levaria aos braços um do outro e isso em absoluto não poderia acontecer, não poderiam render-se a esse tão ardente sentimento, não depois das tantas lutas internas que travaram dentro de si para que isso não acontecesse.
Em seus corações tão confusos apenas desejavam acreditar que um não ansiava pelo afago do outro, gostariam ambos de crer que perante as noites frias somente um deles sussurrava o nome que seu peito que tão bem conhecia, que o último pensamento antes do sono invadir era somente dele onde é narrado um doce encontro após tanto tempo distantes e Sky queria crer no mesmo. Pediram aos céus com tanta força para aceitarem esse fato que eles realmente o tomaram para si. Entretanto o tão cruel destino sabia que os jovens pensavam na mesma sintonia e possuíam ainda o leve revirar na barriga apenas de ouvir distante o nome um do outro. Ele sabia que Skyler ainda pensava e criava em sua cabeça, por vezes, momentos em que iriam se encontrar pelo acaso e agir como se fossem apenas velhos amigos num reencontro, ela sabia também que Joshua ainda se preocupava com o bem estar da tão avoada moça já que não estava ali para salva-lá de seus quase atropelamentos pelo fato de constantemente andar distraída pelas ruas. Pudera ambos saber tanto quanto o destino sabia que, de forma sádica, orquestrava juntamente ao orgulho os quase encontros e pesares que os jovens possuíam. Mas bastara um breve encontro de olhares para despertar lembranças e o doce desejo de ouvir a voz um do outro.
Agora em seus quartos sozinhos travavam ambos a tão repetitiva batalha ao lado de seus telefones. Joshua estava com um garrafa de vodka ao seu lado e Sky com um garrafa de vinho e essa seria a diferença da luta de hoje. Estavam agora sob efeito e controle do álcool e suas decisões seriam tomadas por breves momentos de uma coragem um tanto que insana.
O som do telefone tocando soou por todo o quarto e parecia estar ampliado por mil vez pois fazia um barulho estrondoso, seu coração estava tão agitado que mal podia se conter
Seria muita sacanagem do destino se fosse quem eu to pensando
Jogou esse pensamento para longe xingando a si por ainda ter pensando nessa possibilidade, para logo em seguida constatar o quão sádico o universo pode ser ao ver na tela de seu celular o número que tão bem conhecia, assim que deu conta de sua demora atendeu e apenas ao ouvir o tom suave da voz do outro lado da linha seu coração aqueceu-se
- Alô?
Parecia que seu estômago agora possuia vida própria e que todas as palavras haviam fugido de sua boca
- Oi - a pessoa do outro lado da linha seria incapaz de descrever tamanho alívio que sentia em seu peito
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Quem você acha que cedeu e fez a ligação?
Espero que tenha gostadooooo e tenha tido uma boa leitura. Obrigada por ler o meu conto
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Apenas Palavras
CasualeApenas Palavras é um livro que contará com pequenas histórias, as quais escrevo, mas nunca dou andamento. Serão contos que talvez possuam final ou talvez simplesmente terminem pela metade. Meu picos de inspirações são exatamente como a vida, inesper...