Capítulo 9 - O resgate de Celeste Avelar e Aleksandra Barov

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Dez da noite, horário local

-Rampa! – avisou o mestre de salto, enquanto a parte de trás do C-130 se abria. Estavam adentrando o espaço aéreo russo.

Os saltadores se levantaram e começaram a checar mais uma vez os equipamentos. Alguns deles repassavam mentalmente as pró-words (palavras códigos que sintetizavam as ações durante aquela missão).

-Cinco minutos – avisou o mestre de salto.

Romano tomou a dianteira, permitindo-se pensar pela primeira vez no pacote. "Aguente firme, Celeste Avelar", ele entoou mentalmente. "O governo para o qual você paga impostos não se esqueceu de você".

Segundo as informações da Inteligência israelense, a garota tomou uma baita surra. Sabe-se lá em que estado se encontrava.

Eles não tiveram muito tempo para turbinar o condicionamento físico. Mas como todo Atobá treinava árdua e constantemente, não seria algo muito mais puxado do que já faziam normalmente. Pelo menos, ele assim esperava. O segredo do sucesso era se adaptar à realidade imposta e não lutar contra ela. Eles fariam o que fosse necessário. Falhar, ou desistir, não era opções.

-Um minuto – gritou o mestre, apontando para a rampa.

Eles se posicionaram, andando como patas chocas. Um militar do GROM iria conduzir o salto - afinal, era a sua especialidade. (Os polacos eram considerados sinistros, nesse quesito.) No entanto, os Atobás não eram inexperientes em saltos como aqueles. Já treinaram com os SEALs, a SAS e o próprio GROM.

A luz verde acendeu e os saltadores avançaram a intervalos regulares. A noite parecia ideal para os seus propósitos – sem lua e com um vento regular, sem grandes rajadas. Eles mergulharam na escuridão, direto para a morte - ou assim seria, se não abrissem os seus pára-quedas nos segundos cruciais.

Era impossível falar qualquer coisa, durante o salto. Além do barulho, eles usavam máscaras de oxigênio, que serviria ajudá-los durante a longa queda.

Na hora "H", os pára-quedas abriram com total eficiência. O cara do GROM planou em direção a Y, que era uma clareira localizada a poucos quilômetros da colônia penal, de acordo com as imagens por satélite. Não poderiam descer mais perto por causa da floresta. Os Atobás controlaram o pára-quedas para segui-lo, ao mesmo tempo de olho para não se chocarem uns nos outros. Eles alcançaram o chão suavemente e começaram a recolher seus pára-quedas.

Da clareira, fariam uma marcha de aproximadamente uma hora até os arredores do presídio feminino.

-Os pássaros pousaram – avisou Romano à base operacional provisória, situada à bordo do submarino Águia de Haia, que navegava emerso nas águas do Ártico.

Ele se abaixou e rapidamente começou a ajudar a recolher o pára-quedas de seu "parceiro de nado", Salésio, enquanto aguardava a resposta do submarino.

-Leão marinho 1 rumo ao ponto X – foi a resposta do líder operacional, o Capitão de Corveta Emerson Natalino, da Força de submarinos da Marinha. O Leão marinho 1 era um codinome, dentro das pro-words, para o submarino Águia de Haia. – Chegada em duas horas.

-Positivo – respondeu Romano.

-Os pássaros pousaram – soou a voz de Nestor, na rede de comando.

-Leão marinho 2, estamos a caminho do ponto X2 – foi a resposta do capitão Anderson Lima, a bordo do submarino Siren 3V7. – Chegada em oito horas.

Ambos os submarinos levavam as equipes de assalto do GRUMEC para a escolta dos CECOP e os resgatados. Entre as tarefas dos MEC estava reconhecer a área, sabotar qualquer embarcação que pudesse ser usada em perseguição ao submarino e fornecer a orientação aos CECOP para seguirem os caminhos mais seguros até o litoral. Além de oferecer cobertura, se necessário.

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