Capítulo 3

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 -       Que se passa? – perguntou Harry olhando-me preocupado.

Já tinha acabado a aula de relaxamento e todos já haviam saído, ficando apenas eu, a Joana e ele. Olhei para a pequenina e vi que estava entretida a fazer rabiscos numas folhas de papel soltas que havia numa mesa ao fundo da sala.

-       Qual foi a tua ideia? – perguntei calmamente.

-       O quê? De que é que estás a falar?

-       Que te deu na cabeça para ires vasculhar o arquivo da Joana? – ele ia abrir a boca para responder mas não deixei e continuei a falar. – Nem os enfermeiros têm acesso a isso! Apenas o pessoal dos recursos humanos. E tu! Tu tinhas mesmo de ir mexer?

-       Calma Maria... – pediu Harry com um olhar aterrorizado. – Não fiz por mal.

-       Explica.

-       A Joana pediu.

-       A Joana não fala! – quase gritei fazendo-me estremecer a mim própria.

-       Posso falar? – perguntou Harry com os olhos arregalados. Após o meu silêncio de consentimento ele prosseguiu. – Ontem quando cheguei cá, a Joana estava ao colo de uma enfermeira a chorar desalmadamente. Assim que me viu o seu choro acalmou. Peguei nela ao colo e tentei perceber o que se estava a passar. Ela não parava de fazer sinais com os braços e apercebi-me que ela queria dizer alguma coisa mas não entendia o quê. Entretanto ela adormeceu no meu colo e fui deitá-la na caminha dela. Quando voltei ao quarto um tempo depois, ela estava acordada, sentada na cama a olhar para a foto de vocês as duas que deixaste lá colada com fita cola à cabeceira da cama. Ela olhava e sorria. Quando se apercebeu da minha presença apontou para ti. Tive de fazer qualquer coisa! Podes achar que ela é uma criança normal mas ela é especial, Maria! Eu posso jurar isso! Ela é uma miúda muito especial!

Eu sabia que sim. Desde o dia em que a encontrei que senti que ela iria fazer parte da minha vida. Isso não se sente, muito menos naquelas circunstâncias. A verdade é que eu sentia que eu lhe pertencia e ela me pertencia a mim mas como se ela fosse minha irmã, como se tivéssemos sido separadas e não fizéssemos ideia.

-       Eu sei que ela é especial. – disse-lhe olhando para o chão sem saber bem como reagir depois da minha atitude.

-       Eu não fiz por mal, acredita. Apenas senti que era o que devia fazer. – Harry encolheu os ombros e deu um passo em direção a mim. Passou a mão pelos meus braços, dos ombros até às mãos, agarrando-as suavemente. Por momentos senti-me hipnotizada, senti-me descansada e sem problemas, como se tudo se desvanecesse à minha volta. – Por favor desculpa-me. – pediu sinceramente.

-       Eu é que devia pedir desculpa. – soltei-me das suas mãos e virei costas encarando Joana. – Tens razão. Não existe miúda mais especial que ela.

*2 semanas depois*

(Harry)

Passas no centro hoje? :b

 

(Maria)

A caminho. ;)

(Harry)

Ok vou lá ter também.

 

(Maria)

Mas hoje não ias trabalhar...

Destino Traçado | h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora