Prólogo

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O relógio tocou às 6 horas da manhã

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O relógio tocou às 6 horas da manhã. Passei com o dedo a tela para o lado e voltei a olhar para a pilha de cadernos que eu tinha na mesa de centro da sala. Os livros gastos, as manchas de café em rodelas demarcavam a madeira, enquanto o que restou da bebida ainda fumegava.

Havia passado à noite toda estudando para a prova de Transformações na economia política internacional que eu teria naquele dia e me sentia a cada hora menos preparado. Lucinda, a empregada da família adentrou a casa assim que eu me servia do resto de café que ela tinha deixado preparado.

Seu rosto enxuto, mas sorridente parecia esbanjar pena ao me ver. Não poderia ser diferente, com o pai ocupado e a madrasta desequilibrada, nada na minha vida era adequado, ainda assim, todas as vezes que olhava para o teto acima da minha cabeça, concluía ser privilegiado.

— Você deve dormir também, menino Lucas, sabia que nosso cérebro trabalha menos quando estamos cansados? — Lucinda tinha basicamente me criado, após minha mãe deixar a casa, desistindo de mim e de meu pai, tudo para voltar à pobreza e ao sossego de sua vida anterior.

Diziam que o dinheiro era a felicidade, nunca vi seu rosto sorrir enquanto esteve ao lado de meu pai.

— Eu irei descansar mais tarde, antes da prova, não se preocupe. — fiz um gesto com a caneca. — Obrigado pelo café, mas poderia fazer mais?

— É claro, menino Lucas. Ainda irei lhe preparar um pão na chapa perfeito para começar a manhã. — concordei com um meio sorriso, deixando as coisas onde estavam, subi as escadas para o meu quarto, empurrando a porta de correr sabendo que não poderia acordar a madame no fim do corredor.

O apartamento que meu pai tinha adquirido era um duplex de frente para a praia, com vista e condomínio de dar inveja. Bom, ele podia pagar, afinal a Braincoff continuava assessorando a maior parte das empresas brasileiras que se aventuravam internacionalmente. Lugar em que me via obrigado a estar depois da graduação.

Me perguntei muitas vezes onde estava o meu desejo em trabalhar com Relações Internacionais e em todas elas, nunca cheguei numa conclusão convincente, apesar de meu pai garantir que desde criança eu sentava na poltrona de chefia e fingia comandar tudo lá. Fingia mesmo ou era pelo fato dele temer não ter herdeiro?

Enquanto a água do chuveiro caia, observei o piso esperando encontrar um nicho de prazer na profissão, mas o buraco negro da dúvida persistia, afetando-me, corrompendo ainda mais a dedicação forçada que eu tinha nos estudos. Talvez, eu precisasse de outra coisa, uma experiência diferente.

Parei de frente ao espelho do quarto, analisei as manchas escuras debaixo dos meus olhos e a forma com que eu parecia ter saído do livro Pet Sematary. Sequei o cabelo castanho que pingava em cima dos meus olhos e acelerei com a troca de roupa, estava dando nó na gravata quando ouvi a porta do quarto ao lado abrir.

Encontro na CafeteriaOnde histórias criam vida. Descubra agora