Capítulo 15

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  Alex pegou o violão, sem nenhum objetivo. Era domingo e estava tudo tão depressivo, tão monótono... Que sua única diversão era tirar alguns acordes no seu velho companheiro de tardes vazias.
Ele até tinha tentado preencher sua tarde, mas Jack estava fazendo uma limpeza em seus instrumentos e, depois, iria com a mãe à casa da tia, ver os primos. Mas o modo que Jack disse deixou Alex com uma pulga atrás da orelha. Desde que Holly foi embora, que ele e o amigo não conversavam direito. Todo dia aparecia uma desculpa diferente, da parte de Jack, para não falar com ele. Era como se o amigo ainda duvidasse de tudo o que Alex disse, como se não acreditasse que ele nunca teve nada com Maria.
Rian disse que só sairia se fosse fazer uma coisa interessante e que, naquele momento, sair com Alex não era uma coisa interessante e preferia ficar vadiando na internet. Maria estava na casa de Aiala, logo, sem condições para ele ir também, ficar ouvindo o que ele julgava ser baboseiras da boca de Aiala. Kara precisava fazer um trabalho que entregaria no outro dia... E Zack, mas Zack estava com uma voz cansada e foi exatamente essa desculpa que deu. Estava muito cansado para poder ir a qualquer lugar que fosse e estava a fim de passar o dia inteiro em casa.
Lógico que Alex não insistiu tanto quanto com Rian. Ele entendia o amigo, ou, pelo menos, parte da tristeza dele.
Aiala tinha problemas sérios, era o que Alex achava. Depois que Zack voltou à mesa e contou o que havia acontecido, o clima se foi. Só a cara e a animação dele denunciavam que ele não estava satisfeito com a situação.
Mais um que tinha entrado para o clube.
Nem a viagem que faria com sua banda, daqui a, praticamente, uma semana, conseguia deixá-lo ocupado o bastante. Odiou ter organizado tudo direitinho ou achar que tinha organizado tudo. Pelo menos, teria alguma coisa para fazer.
Refletiu um segundo no tanto de coisa que tinha acontecido em tão pouco tempo. Ainda lembrava claramente, no tempo que tinha namorada, que seu melhor amigo não desconfiava dele, que ninguém escondia nada de ninguém... Parecia que tudo tinha se embaralhado num pequeno espaço de tempo!
Agora, Alex estava ali, sentado em sua cama, dedilhando qualquer música que viesse à sua mente. Uma animada, que o fizesse esquecer que a tarde estava com um clima tão triste, mas as únicas que vinham à sua mente eram exatamente as mais lentas, dramáticas e românticas do mundo.
Começou com Eric Clapton, mas, no refrão de 'Tears In Heaven', Alex já havia desistido e passado para outra. Como se tivesse jeito. Blink-182 ecoou na sua mente, mas só conseguia pensar em uma música deles: 'I'm lost without you'.
De todas do mundo, tinha que escolher aquela que mais o faz se lembrar de Holly. Porque aquela música mostrava exatamente tudo o que ele estava sentindo.
Era como se, a partir do momento em que se separaram, Alex vivesse em um eterno dia ruim e, se ele encontrasse com ela novamente, seu dia ruim acabaria e, desta vez, faria tudo certo. Não a deixaria escapulir, como aconteceu. Exatamente como na música. Com um beijo, tudo começaria...
Alex tinha medo de ficar só, de que as noites com Holly acabassem, mas acabaram. E, agora, ele estava perdido sem ela.
O quarto sempre estaria aberto. E, desta vez, com uma certeza que parecia vir de outro mundo, cumpriria suas promessas e manteria seus olhos pacientemente focados nela.
Holly tinha se tornado um sonho em que, se ele fechasse os olhos, poderia ouvir os passos dela vindo em direção a ele. E ela não o deixaria acordar, porque estava tão longe dele!
E a única coisa que ecoava naquele quarto era Alex repetindo 'I'm lost without you...'.

A semana passou muito lenta e desmotivada para a galerinha do mal, mesmo que uma parte estivesse extremamente animada para que o sábado chegasse logo e pudessem viajar para Nova Cintra, a outra — lê-se Zack e Aiala — não estava acompanhando o ritmo dos amigos. Maria não havia esquecido que ainda precisava conversar com Jack, mas parecia que ficar a sós com ele por 10 minutos era uma missão quase impossível. Isso só iria acontecer se fosse pela madrugada! Toda vez que ela ia procurá-lo, ele estava ocupado, ou alguém a atrapalhava, ou alguma coisa acontecia.
— Ei! Psiu! — Alex cutucou Jack, no meio da aula.
— Hum... Oi. Que foi? — Ele despertou, virando para trás.
— Tá ouvindo esse barulho?
Os dois pararam, tentando se concentrar só no barulho estranho que Alex ouvia.
— Parecem naves espaciais alienígenas. — Jack sentiu seu coração disparar. O barulho parecia mesmo igual àquele que se ouvia em filmes, dos sistemas das naves espaciais. Parecia quando o robô dos power rangers (alfa, não é?) mexia na mesa de comando. — Será que eles vieram nos pegar?
— Não acredito. — Alex disse cético e reclamou: — Cara, para de balançar a perna.
— Eu não tô balançando! — Os dois se olharam com medo, e Jack bateu a mão na testa. — Idiota. É só meu celular tocando.
— Eu? Idiota? — Alex rolou os olhos enquanto o observava pegar o celular na mochila.
Jack olhou da tela do celular para Alex, de Alex para a tela do celular. E fingiu que tinha derrubado os livros no chão para atender.
— Porra, me liga daqui a dois segundos que eu tô na sala — ele disse o mais rápido e baixo que pôde.
— Quem era? — Alex o viu levantar.
Jack coçou o nariz, o que o acusou imediatamente que ele estava nervoso ou desconfortável com a situação. Não era de hoje que ele estava recebendo essas ligações estranhas. Isso só deixou Alex cada vez mais desconfiado.
— Minha tia. Ou meu primo. Não sei. Foi da casa deles. — Ele saiu rápido, sem querer dar mais explicações. — Professora, eu preciso ir ao banheiro.

Numa sala ao lado, Maria e Aiala não paravam de conversar:
— Eu não tenho certeza se vou viajar com vocês.
— Por que não?
Aiala disfarçou seu próprio desapontamento, escrevendo o que estava no quadro, em seu caderno, assim como Maria estava fazendo, porém Maria largou a caneta e prestou atenção em Aiala.
— Você era a mais animada pra ir. Por que isso agora?
— Maria... — Aiala rolou os olhos e virou-se para a amiga. — O que eu vou fazer lá? Sabe, o Alex não gosta tanto de mim assim. Provavelmente, a Kara estará lá... E o Zack também.
Ela estava com tanta vergonha de si que não tinha coragem nem de pronunciar o nome do namorado direito. Aiala não tinha conseguido olhar nos olhos de Zack, desde que brigaram, nem conseguia ficar no mesmo espaço que ele, pois sentia que devia desculpas, mas seu constrangimento era maior do que poderia suportar. Preferia, então, ficar afastada.
— Deixa de história! O Alex gosta de você, sim, a Kara não vai estar lá, e pode ser uma ótima oportunidade de você conversar com o Zack.
— Eu só iria atrapalhar e desconcentrá-lo.
— Mas, amiga, você precisa conversar com ele. — Maria insistiu. — Você sabe que isso não passa de um grande mal entendido. Eu me sinto tão culpada de ter deixado você ir lá falar com aquele tal Kellan. Não é a mesma coisa ver os dias passando sem Zack e Aiala. Vocês são as razões das nossas vidas! Sabe que é até pecado vocês dois ficarem separados tanto tempo assim, hein?
— Não exagera, menina! Não tem nem 3 dias que a gente não se fala. — Ela riu, sem graça. — Pecado por pecado, eu não vou ao céu mesmo. E eu nunca fiz falta em show nenhum.
— Até parece... O QUÊ? Vai deixar os meninos perderam as groupies principais deles?
Groupie é só você... — Aiala riu. — Que não tem nada sério com nenhum deles. — Ela parou, de repente, ficando séria. — É, talvez, eu tenha sido rebaixada à groupie.
— OFENDEU!!! — Maria riu mais alto do que deveria, chamando a atenção da sala. E riu, sem graça, pedindo desculpa ao professor. Depois, voltou-se para Aiala. — Rebaixada, né? Pego você na esquina, neném.

Faltava só um dia para eles, finalmente, tocarem no festival de Nova Cintra, que não era um grande e famoso festival, mas era uma coisa grande, para eles. Haveria um grande público por lá, e eles tocariam ao lado do palco principal, que tinham, como atrações principais, o Good Charlotte e Yellowcard. Eles ainda estavam no palco de bandas novas, mas desejavam estar no palco principal e, um dia, seria a banda principal, não só desse festival, mas de uma Warped Tour.
— Cara, tô tão nervoso pra amanhã! — Rian disse inquieto, na sua bateria.
— É tão engraçado ver que você nunca vai se acostumar com isso, Rian! — Jack riu do amigo.
— É, mas, pelo menos, eu não fico tremendo no backstage ao ouvir o barulho da galera. — Rian deu o troco na mesma moeda.
Apesar de Rian ser o único que externava as suas emoções, naquele momento, os outros disfarçavam melhor o que estavam sentindo.
— Jack, você gravou as nossas músicas no CD? — Alex perguntou.
Eles tinham combinado de deixar algumas cópias com outras bandas e, se aparecesse, o que sempre acontece, algum olheiro de alguma gravadora, já estaria tudo pronto.
— Puta merda! Sabia que estava esquecendo alguma coisa!
— Imprestável! — Rian deu um pedala em Jack.
— Ah, qual é! Isso é fácil e rápido! Dá pra fazer agora mesmo...
— Não, deixa que eu vou lá. — Alex interrompeu Jack, que deu de ombros e deixou o amigo subir até seu quarto.
Uma bagunça. Era a primeira coisa que qualquer pessoa em sã consciência pensava ao entrar no quarto de Jack. Quartos são bagunçados naturalmente, mas o de Jack chegava ao cúmulo. Pratos ao lado do computador, copos em cada canto, cueca pendurada na cabeceira da cama, papéis espalhados pelo criado-mudo... Tudo um caos.
Alex jogou as roupas, que estavam na cadeira, no chão e ligou o monitor do computador. Distraiu-se com alguns livros que estavam ao lado, achando até interessante um ou outro, mas o traço laranja no meio do azul da barra de ferramentas chamou mais atenção.
Jack tinha a mania idiota, segundo Alex, de deixar o MSN aberto, mesmo estando a quilômetros de casa. Isso o confundia bastante, porque ele nunca sabia realmente se Jack estava ou não. Para Alex, se você não está no computador, saia do seu MSN.
Mas aquela janela... Aquele espaço depois do '-', que não dava para saber quem era que estava falando, só poderia ser de uma pessoa: Holly.
A curiosidade falou mais alto e não conseguiu ignorar aquele laranja que o chamava. Sem pensar duas vezes, abriu a janela da conversa.
As frases eram confusas, sem coerência, bem do jeito Holly de ser. Ele leu com calma o que ela tinha mandando:

— Holly yeah! Diz:
Como tá tudo por aí?
— Holly yeah! Diz:
Você nem saaabe...
— Holly yeah! Diz:
Jack, vc tá aí?
— Holly yeah! Diz:
Jack, seu monstrengo, me responda!
— Holly yeah! Diz:
Jack!!!!
— Holly yeah! Diz:
Te odeio, tá? :D
— Holly yeah! Diz:
Por que você desabilitou as chamadas de atenção? Elas são úteis, sabia?
— Holly yeah! Diz:
Droga! Vai ficar sem saber, então...
— Holly yeah! Diz:
Não tá mesmo? ;;
— Holly yeah! Diz:
Você é um gay, alguém já disse isso? :D:D:D
— Holly yeah! Diz:
Mas, bem, você não tá mesmo aí ><, e eu não vou te encontrar mais :\ Estou indo a um lugar beeem longe daqui, e vocês vão viajar amanhã...
— Holly yeah! Diz:
Alias, Aiala vai também? :]
— Holly yeah! Diz:
Droga, como eu sou estúpida, tô falando sozinha...
— Holly yeah! Diz:
Eu preciso ir, só vim dizer que, semana que vem, você terá uma surpresinha :X Não segunda, porque é muito obvio. Nem terça, porque é um dia chato... Talvez, quarta. TALVEZ. Até sexta, tá? Se nada acontecer, venha me procurar aqui :D


Alex abriu um sorriso, por ter podido se lembrar do jeito como Holly era ansiosa por respostas no MSN. E como ela fez todo mundo desabilitar as chamadas de atenção por ela abusar tanto dessa ferramenta, exceto a dele, pois não adiantava. Todo dia em que ela aparecia no seu quarto, ela mexia nas configurações, até que ele desistiu e aceitou a tremedeira na sua tela.
Porém, a felicidade deu lugar a confusão. Então, Jack havia mentido! Ele ainda falava com Holly! E que surpresa era essa que ela iria fazer para ele?
— Cara, os CDs virgens estão aqui dentro. — Jack entrou, no susto, no quarto, indo direto para uma gaveta do lado da sua cama, fazendo o coração de Alex acelerar e fechar a janela de Holly, sem nem ao menos perceber. — Que foi, cara?
Alex estava fitando-o, estático, sem reação alguma, como se tivesse se perdido em pensamentos. Holly sabia de tudo o que estava acontecendo por aqui.
— Alex? — Jack foi aproximando-se. — Alô?! Tem alguém na linha?
— Cara... — Alex "acordou".
— Que susto, rapaz!
Jack viu Alex levantar e se jogar na cama.
— Por um segundo, acreditei em abdução...
— Jack... — Ele nem prestou atenção no que o amigo estava falando.
— Conte. — Jack sentou na cadeira em que Alex estava.
— É um problema, velho, sem solução aparente. — Alex suspirou, tentando achar as palavras mais certas.
— Holly.
— É, eu tô tão previsível assim?
— Na maioria das vezes, principalmente, quando fala dela.
— Jack, eu preciso ter certeza. Quando foi a última vez que você falou com ela?
— Defina "falar". — Ele coçou o nariz.
— Argh... — Alex trancou os dentes. — Você tem sorte por eu ainda não ter te dado um soco!
Jack respirou fundo, tentando se acalmar, para ele mesmo não dar um soco em Alex.
— Eu não iria fazer isso com ela, Alex.
— Fazer o quê? Eu só quero notícias! Não é como se eu estivesse indo ao Canadá atrás dela. — Alex sentou-se com raiva.
— Esse é o problema... A Holly... Ainda tem esperanças que você vá atrás dela lá. E se eu contasse do e-mail era capaz de você ir.
— E-mail? Então foi um só?
— Dois, pra dizer a verdade... — Jack coçou o nariz mais uma vez, o que quase atrapalhou Alex para entender o que ele disse. — E alguns telefonemas...
— Eu sabia! Aquele dia no Êxodus era ela, não era??? — Alex tinha um tom de acusação na voz. Ele sentia que tinha sido traído por seu amigo. Como se ele tivesse a obrigação de saber quando seus amigos falaram com Holly e qual tinha sido a conversa. — Aquele dia, na sala, também era ela! E você nem ao menos se indignou a falar comigo que ela havia ligado!
— Era, sim, mas calma aí. — Jack se defendeu. — Entenda que a Holly está tentando acabar com essa rixa entre você e ela... Quer que vocês dois consigam ficar no mesmo espaço, sem se alfinetar por um segundo, e eu estava pensando no bem dela.
— Que seja. Você me enganou esse tempo todo!
— Como você é cabeça dura!
— Que seja também. O que ela disse? Quando ela volta?
— Isso ela nunca deixou claro... Das primeiras vezes, ela disse que não aguentava ficar lá, sozinha, mas, depois, ela começou a se dar bem com a prima e nunca mais tocou no assunto de ficar ou voltar. Aliás, nunca mais voltou a falar dela... Nossas conversas eram basicamente como nós estávamos.
— Até eu? — Queria manter a esperança de que ainda importava para ela.
— Indiretamente...
Alex tentou arrancar o máximo de informações que pôde. Se Jack estava escondendo sua ligação com Holly, ele também esconderia o que acabou de ler na internet e descobriria sozinho que surpresa era essa que Holly estava preparando para ele. E que lugar tão longe era esse que ela estava indo agora.
— Nossa! Que cena pavorosa. — Zack apareceu na porta do quarto de Jack, rindo. — Parece que tão num analista.
Alex tinha voltado a se deitar, e Jack ainda estava na cadeira ao lado da cama.
— Só faltou o Jack segurar o caderninho.
— Quer participar também? — Jack abriu um sorriso safado.
— Surubas não são meu tipo de sexo preferido, eu passo essa. — Ele riu mais alto. — Ô, suas bichas! Vocês vão ficar aí conversando ou se lembram de que nós estamos aqui pra ensaiar?
— Cansei de ficar lá embaixo sozinho. — Rian passou por Zack, fazendo cara de cachorro sem dono.
— Oh meu Deus! Sua mãe te troca por um quilo de farinha? — Alex levantou só para apertar as bochechas dele.
Rian sorriu, sem vontade, e sentou.
— Do que falam?
— Eu estava perguntando quando eles iriam resolver descer. — Zack já tinha desistido do ensaio. Tinha percebido que nada mais rolaria e sentou na cama.
— E eu estava conversando com o Jack sobre...
— A Holly. — Zack disse simplesmente. — Está escrito na sua cara.
— Cara, você sempre foi péssimo em relação a ela. — Rian deu dois tapinhas nas costas dele, enquanto ele respirava fundo, aceitando sua posição de bobo. — Acho que é mal de artista.
— Como assim? — Jack não entendeu.
— Ter relações complicadas. Todos nós aqui temos um problema na vida amorosa.
— Menos o Jack. — Alex pontuou.
— Sortudo.
Jack levantou as duas sobrancelhas, achando engraçado os amigos o acharem sortudo por isso.
— Não é? — Alex ficou na dúvida, depois de ver a expressão dele.
— Sim e não. Sim, porque eu sou solteiro, sem limites e pego quem eu quiser. — Ele deu uma risada safada. — E não, porque... É complicado.
— Pera aí! Antes disso... Rian?! — Zack atrapalhou, achando um absurdo. — Explica essa história direito. Você tá gostando de alguém?
— É...
— O mundo está perdido! — Zack riu da cara de quem não sabia o que fazer de Rian.
— Não que eu esteja apaixonado e não pense em mais nada, mas eu gostei dela.
— Dela quem? — Jack perguntou curioso.
Foi impossível para Alex controlar a gargalhada. E os outros também. Rian ficou vermelho, parecendo um pimentão, o que o acusou de cara.
— Ele tá apaixonado pela nerd do primeiro ano! — Zack jogou um travesseiro na cara dele.
— Como vocês são malas! Parecem umas bichinhas falando nisso.
— A Kara?! — Jack riu ainda mais. — Não acredito!
— Ei! Qual é o problema? Vocês também a acham legal!
— Mas a Kara? — Alex balançou a cabeça negativamente, rindo. — Tudo bem, ela é legal, engraçada e gente boa... Mas eu nunca achei que você gostasse das nerds...
— E o apoio, onde fica?
— Desculpa, Rian, só que... A Kara não dá. Ela é meio... — Alex estava sem saber como falar. Ele achava Kara super legal, mas não era o tipo de garota que um deles fossem pegar. — Desengonçada demais... É minha amiga e tal, a conversa é ótima... Mas ela é meio sei lá, não? As roupas que ela usa são tão... Sem graça.
— Eu sei, eu sei. Ela parece menina criada pela avó, só que tem alguma coisa nela que chama a atenção, sabe?
— Peitos. — Jack se intrometeu.
— O quê? — os outros três gritaram.
— Pelo amor de Deus, até parece que vocês não viram que ela é bem servida. — Jack rolou os olhos.
— É... Dá pra perceber, mesmo ela escondendo naquelas blusas sem decote. — Zack admitiu.
Rian arregalou os olhos, assustado com os amigos, e Alex riu.
— É por isso que Aiala terminou com você, hein? Ficou olhando pra nerd do primeiro ano! — Alex zoou com ele.
— Eu juro que nunca tinha percebido. — Rian ficou pensativo.
— LOGO VOCÊ?! — Jack exaltou-se, rindo. — Você deve estar apaixonado mesmo. Olhou para os olhos ao invés dos peitos!
— Não enche!
— Sim... Eu ainda não vejo nada de complicado entre você e ela. — Zack voltou ao assunto inicial. — O que tá pegando?
— Ou o que não está pegando... — Jack escondeu o riso.
— Ela vai me dar um toco se eu chegar nela.
— Provavelmente. — Alex não conseguia não rir com essa situação. — Acho que ela nunca nem deu o primeiro beijo!
— Aí é que tá. Ela tem uma "paixonitezinha" por um idiota da série dela.
— Rian, como é que você sabe essas coisas todas, hein?
— A Lucy do jornal é minha brother, pô!
— Uau! — Jack espantou-se. — Preciso ter umas conversinhas com ela.
— MAS, me deixando de lado... — Rian cansou de ser o centro da conversa. — Você, Jack, o que há de tão complicado com sua garota?
— Simples, eu sou só um amigo pra ela. — Mas ele desconversou: — Deixa isso pra lá, gente! Levantem essas bundas gordas de cima da minha cama e desçam, agora!
— Só porque o papo estava bom. — Zack levantou.
Jack foi empurrando Rian até a porta, pois ele já tinha desistido de ensaiar, mas olhou para trás ao ver que Alex não tinha se movido.
— Desistiu também?
— Estava só pensando. Tô indo. — Alex levantou-se e viu Jack ir embora.
É, ele estava pensando no que Jack havia dito. "Eu sou só um amigo para ela". Quais eram as possibilidades de ele estar falando de Holly naquela frase? 

Show Girl [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora