Capítulo 4

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"Sirius! Anda logo, estamos atrasados!"

"Paddy! Anda logo!"

Remus riu pro menino o imitando. Harry estava numa fase falante e espirituosa, fazendo piadas, caras engraçadas e perguntas curiosas. Ele estava sentado na bancada da cozinha, cheiroso, com os cabelos penteados o máximo possível e aprendendo a fechar o tênis de velcro sozinho.

"Muito bem, Harry!" Disse Remus num tom animado batendo palmas pro menino. Sirius adentrou a cozinha, vestindo seu traje preto do trabalho, com os cachinhos molhados e um sorriso largo no rosto. Ele se aproximou pra dar um beijo na ponta dos lábios do namorado e outro estalado na bochecha do afilhado.

"Pronto pra ir, Bambi?" Ele perguntou colocando Harry no chão. O menino ergueu uma mão para cada homem segurar e os três saíram de casa, Sirius com sua pasta e seu cartão do ministério, Remus com a mochila do sobrinho.

Eles se despediram no final da rua, com mais beijos. Sirius seguiu pela esquerda na direção do centro de Londres para a entrada no Ministério, aonde ele agora trabalhava no departamento de controle de criaturas mágicas, defendendo os direitos dos lobisomens. Remus virou a direita com Harry, para deixá-lo na escola trouxa aonde ele já estudava há pouco mais de um ano.

Muitas coisas tinham mudado em um ano, mas na verdade tudo continuava igual. Eles finalmente se mudaram para a casa nova, uma construção nova de dois andares mas de tamanho mediano, localizada em um bairro trouxa pouco afastado do centro de Londres. Eles decoraram a casa com artefatos mágicos torcendo para nunca serem visitados por trouxas. A parede das escadas estava coberta de fotos do trio, de Harry, de James e Lily, e dos Marotos. Em todas elas, eles sorriam e se mexiam. Harry gostava de sentar na escada e observa-las por horas.

Ele agora tinha encontros de brincar com Ron Weasley mais frequentes, principalmente quando o casal precisava de um tempo a sós e pediam Molly para ficar de babá. Ele e Ron se davam muito bem juntos, mesmo tão pequenos eles pareciam ter um imã para encrencas e aventuras, mas compartilhavam boas risadas.

Eles passaram pelos aniversários de 2 e 3 aninhos de Harry e ficavam abismados em perceber a velocidade com que ele estava crescendo. Mas a dinâmica dentro de casa, as brincadeiras dos três juntos, os jantares em família, o Sirius sendo o primeiro da casa a acordar e ainda conseguir se atrasar porque ele demora 30 minutos no chuveiro, tudo isso continuou igual.

Remus, na porta da sala de aula do sobrinho, se abaixou para ficar da mesma altura dele, abriu os braços esperando o pequeno se jogar no seu pescoço e lhe beijou o topo da cabeça.

"Tenha um bom dia, pequeno" Ele disse entregando a mochila de dinossauros à Harry e o observando entrar na sala com outras crianças. A professora o viu no batente da porta e o cumprimentou com um aceno de cabeça.

O lobisomem passou no mercado antes de voltar pra casa, e aproveitou para comprar o jornal trouxa. Com Sirius no trabalho e Harry na escola o dia inteiro, Remus achava a casa grande demais. Então ele passava os dias procurando coisas pra fazer ao ar livre. Ele passeava nos parques da cidade, observava as pessoas irem e virem do café do outro lado da rua, dava algumas voltas pelo Beco Diagonal ou sentava para conversar com outros bruxos no Caldeirão Furado. No momento, Remus estava procurando um emprego. No mundo bruxo ou no mundo trouxa, tanto fazia para ele, não era uma questão de dinheiro porque a herança de Sirius era o suficiente para mantê-los por muito tempo, mas ele precisava de algo pra fazer. É claro que o maior problema eram as luas cheias. Ele normalmente levava um ou dois dias depois da lua para se recuperar, às vezes mais se tivesse sido uma noite muito ruim.

O porão da casa nova estava enfeitiçado para que ninguém de fora pudesse ouvir nada que viesse lá de dentro e para que, uma vez trancado, nada pudesse sair de lá. Remus entraria lá pouco antes do jantar, nas noites de lua cheia, e Sirius viria logo depois que Harry adormecesse. O menino não sabia o que acontecia exatamente, mas ele sabia que quando o tio Moony não jantava com ele era a época dele estar dodói de novo, e ele sabia que precisava ser especialmente um bom menino nesses dias, então ele tomava banho e deitava pra dormir sem questionar e sem pedir sua historinha de costume, e nos dias seguintes ele ajudava tio Paddy a cuidar do mais velho com beijinhos na ponta do nariz - exatamente como os que ele próprio ganhava quando ficava doente. O que Remus não sabia era que, nesse dia do mês, quando Sirius colocava o afilhado na cama ele sempre ouviria "Paddy, o Moony vai ficar bem?" e ele sempre levava alguns minutos para convencê-lo de que sim, o Monny ficaria bem.

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