Capítulo 3

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O almoço no domingo fui surpreendentemente fácil. Molly cozinhava maravilhosamente bem, e eles já estavam sentindo falta de comida caseira de verdade - já que nenhum dos dois sabia cozinhar muito bem. Arthur os colocou a par de várias coisas que estavam acontecendo no Ministério que não saiam no Profeta. E Harry se divertiu como nunca antes. Ele nunca tinha estado com tantas crianças juntas, e os 6 meninos de Molly incluíram o moreno lindamente em todas as brincadeiras, mesmo que ele fosse muito pequeno pra voar a mais que 5 centímetros do chão. Ele e Ron se deram muito bem, como Molly previra, e foi uma pena terem que separá-los na hora de ir embora. Mas os Weasleys deixaram claro que todos os três eram muito bem vindos ali a qualquer momento.

Na semana seguinte eles começaram a busca pela casa nova. O clima entre os dois ficou mais leve novamente e eles estavam mais divertidos um com o outro, fazendo mais piadas, rindo mais. Parecia que o tempo ia tirando o peso do ombro dos dois.

O apartamento, apesar das mesmas pessoas e do mesmo tamanho, parecia mais quente e mais cheio, mais agitado - parte culpa da chegada da primavera, parte culpa das afeições do trio. Harry estava viciado na sua vassoura de brinquedo, ele acordava querendo brincar nela e se deixasse não desmontava até a hora de dormir, ele rodava a casa inteira repetidas vezes batendo pelas paredes e derrubando coisas que estavam altas demais para serem derrubadas. Remus dizia que era Harry usando magia sem querer. De verdade, Sirius não se importava.

Ele gostava de ver Harry brincando, questionando o mundo, desenvolvendo a fala, pedindo pra lerem pra ele antes de dormir. E ele gostava de ver Remus cuidando do pequeno, tascando-lhe beijos estalados aleatoriamente, girando-o no ar só pra vê-lo rir, empurrando a vassoura pra ele voar mais rápido. Sirius gostava ainda mais de ouvir os dois rindo. Estava sendo mais fácil fazer Moony sorrir ultimamente, bastava ele deitar a cabeça no ombro do mais alto quando estivessem conversando no sofá, ou pousar casualmente sua mão no joelho dele debaixo da mesa durante o almoço.

Ao mesmo tempo isso só fazia Sirius ter cada vez mais dificuldade em lidar com seus sentimentos pelo lobisomem. O crush que ele tinha no mais velho não era novidade pra ele (nem pra James) desde o 6° ano, mas era segredo. A não ser pelos rápidos beijos que eles trocaram bêbados em jogos de verdade ou consequência em sábados a noite na torre de Gryffindor, Sirius sabia que Remus nunca entraria num relacionamento com ele: ele nunca arriscaria a amizade dos dois, e ele nunca confiaria que Sirius estava apaixonado por ele. Remus vivia demais dentro dessa crença besta de que ele não era merecedor de nada e que ele não podia colocar mais pessoas em perigo. Mas se ele apenas soubesse a velocidade que o coração do animago atinge quando ele ri abertamente, ou o quanto as pernas de Sirius ficam bambas quando está muito quente e ele anda pela casa sem camisa...

Todavia, todo esse aperto no coração que dava quando Sirius lembrava que não era correspondido não era nada comparado ao frio na boca do estômago que dava quando Remus vinha deitar a cabeça no seu colo depois de por o Harry pra dormir. Também não era nada que impedisse Sirius de o abraçar inesperadamente por trás enquanto ele cozinhava o jantar, e depositar um beijo longo na sua bochecha.

Quando o verão chegou, eles decidiram criar o hábito de levar Harry ao parque trouxa pra ele brincar. Eles empurravam Harry no balanço, brincavam com ele na gangorra, se lambrecavam tomando sorvete todos juntos. Vire e mexe alguém os parava pra elogiar a linda família que eles formavam, ou comentavam alto o suficiente pra eles ouvirem que eram um lindo casal. Eles andavam os três na rua de mãos dadas, Harry no meio, e sempre atendiam aos pedidos do menino de ser levantado pelos braços no ar, e "de novo, de novo, de novo!". Ou então Remus o colocaria no colo quando ele cansasse as perninhas curtas e Sirius abraçaria o outro homem pela cintura - porque "você é alto demais Remus, é impossível alcançar seus ombros", "eu sou só quatro centímetros mais alto que você, Padfoot!".

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