× CAPÍTULO TRÊS - Ó NOITE (IN)FELIZ ×

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Mentira é a tentação que corrompe a língua e traí corações.
-McPandoha

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- Tchau meninas, até amanhã. - Gabriel se despediu com um aceno antes de entrar no ônibus.

- Ele é gay! - Manu cuspiu as palavras como se estivesse engasgada com elas a muito tempo.

- Não é não! - Neguei. Ele era misterioso, não parecia ser gay.

- É sim! - Bianca apoiou Manu.

- Aposto meu pc gamer que Gabriel não é gay! - Dara colocou-se ao meu lado confrontando as nossas outras duas amigas.

- 'Naum'!!! - Manu quase gritou impressionada. - Aposto minhas barrinhas de chocolate que ele é sim gay! - Achei aquela atitude desafiadora um tanto estranha. Dara apostar seu pc gamer tudo bem, mas Manu apostar suas barrinhas de CHOCOLATE???

Estamos falando de chocolate!! E não é qualquer chocolate. É o chocolate da Manu!!

Ela não dividia nem mesmo comigo! Como poderia apostar os chocolates em uma disputa boba que com certeza ela perderia?!

Olha, meu instinto desafiador dizia que ela iria perder.

- Fechado! - Dara e Manu apertaram as mãos.

Eu estava gostando tanto do novo grupinho e iria acabar por nada?

Eu odeio os garotos!!!

Brincadeirinha.

- E você Lay? - As três garotas se viraram para mim com grandes olhos curiosos.

Assustador!

- Eu o que?

- Vai apostar sua coleção de HQs da Turma da Mônica Jovem? - Corei!

Minhas amadas, elas eram únicas e incrivelmente valiosas. E era assunto pessoal, ninguém além da Manu deveria saber delas.

Maldita!

- Pelo Gabriel? - Limpei em seco a garganta. - De forma alguma! Elas valem mais que a preferência sexual dele. - Todas riram. - E a Bianca não apostou nada, perguntem a ela o que vai apostar não a mim.

- Não falei, - gargalhadas. - Ela ama aqueles livros!!

- Poderia apostar meus óculos! - Ok! Bia as vezes não falava coisa com coisa e todas eram doidas!

- Escrotas!

Fui embora antes que pudessem dizer qualquer outra coisa. Elas eram sem noção em apostar coisas tão valiosas em algo bobo. Mas, elas pareciam que se conheciam há anos. Eu não sentia medo da companhia delas, muito pelo contrário, transmitiam-me algo bom e assumo que estava começando a gostar disso.

Não demorei muito para chegar em casa já que não morava tão longe da escola. Mamãe não gostava nada que eu fizesse aquele trajeto da escola até em casa sozinha, mas me diz quem é que me buscaria todos os dias na escola? Exatamente ninguém! Mamãe trabalhava o dia todo e minha vó não tinha a menor condições de cuidar de si própria quem dirá se responsabilizar por mim. Mesmo assim, eu não fazia questão, não sou mais criança e sei cuidar muito bem do meu próprio nariz!

- Oi vovó, oi Lara. - As vi no jardim da frente. Lara sorriu ao me ver e continuou a empurrar a cadeira de rodas da vovó pelo jardim.

Lara tinha treze anos, seu semblante era idêntico da mãe loira com olhos castanhos. Lara era filha de Rubi, a mulher que cuidava de nossa casa e era responsável pela comida. Lara e eu não somos tão próximas, ela é um tanto tímida e me acha muito séria o que a faz ter medo de mim. E eu só sei disso porque escutei ela falando com Rubi na cozinha em uma manhã enquanto ajudava sua mãe a preparar o café. Sei que foi feio eu ter escutado, mas não é algo que uma pessoa vergonhosa como Lara diria na cara, mas para mim não fez a menor diferença, exceto pelo fato dela ter medo de mim.

Errar, Amar e RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora