Entre Nós || João Palhinha

treze.

Apercebera-me que João não estava bem não só pela hora tardia a que estava a enviar mensagens mas também pela urgência que demonstrava nas mesmas, mas, nada neste mundo me preparou para o que eu encontrei quando cheguei a sua casa.

João era tudo menos o João. 

Não havia sorriso convencido. Não havia o brilho característico dos seus olhos. Não havia felicidade. Havia tudo menos o meu João. Havia tristeza. Havia uns olhos vermelhos de quem chorou por horas a fio. Havia urgência de estar comigo e foi por isso que assim que me abriu a porta da sua casa o meu corpo foi aconchegado num abraço avassalador e, mais uma vez, urgente.

O que é que fizeram ao meu Palhinha?

Deixei-me estar abraçada ao moreno numa tentativa de o reconfortar sentindo que à mínima coisa que eu fizesse o seu mundo poderia desmoronar-se nos meus braços.

- A minha avó... - falou no meio de quebras na voz

Puxei João comigo para o sofá onde acabou por se deitar com a cabeça no meu colo e numa tentativa de o acalmar comecei a fazer carícias no seu rosto e cabelo.

- Eu não a posso perder, Carolina... Logo agora que eu pensava que tinha finalmente encontrado tudo o que precisava.

- Tu não vais perder ninguém, João. Vais ver que tudo vai correr bem! - sempre fora péssima nestas situações, nunca soubera o que fazer ou dizer em situações de tamanha importância.

- Eu nunca pensei que a situação dela fosse piorar desta maneira...

- João, olha para mim! Ela vai ficar bem, ela vai estar cá durante muito tempo para te ver conquistar tudo aquilo que ainda tens que conquistar! - assegurei enquanto circundei o rosto fragilizado de João entre as minhas mãos

- Prometes? - ver o lisboeta à minha frente desta maneira estava a acabar comigo

- Eu não te posso prometer isso, mas, no que depender de nós ela vai ficar bem!

- Não me deixes, por favor - proferiu num sussurro pouco audível

- Eu estou aqui e não vou a lado nenhum, João Palhinha, isso posso prometer com todas as minhas forças!

João aconchegou-se mais no meu colo e no meio de soluços de choro e de carícias da minha parte acabou por adormecer.

Só quero o meu João de volta.