CAPÍTULO 1

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Dentro do meu closet, eu começo a tirar minhas roupas dos lugares e as jogo, de qualquer jeito, por sobre a cama, quebrando vários cabides durante o processo. Sinto minhas mãos começarem a formigar, e sacudo os pulsos tentando me distrair da vontade de perder o controle. Ando pelo meu quarto como uma prisioneira, sinto-me encarcerada. Jogo mais roupas e outros acessórios sobre a cama antes de pegar minha mala e empacotar tudo. Nesse momento ouço os saltos da minha mãe, sobre o piso polido de carvalho, pararem atrás de mim.

-Rilee, você não pode, simplesmente, deixar sua casa e ir onde quiser. E além disso você já passou da idade e está envelhecendo mal. Está na hora de encontrar alguém e sossegar. Esquecer toda essa baboseira de faculdade de engenharia.

-FODA-SE! – Eu grito pra minha mãe. Do mesmo jeito que ela, descaradamente, me insulta.

Toda sua EDUCAÇÃO a faz ofegar de horror ante meu linguajar.

-RILEE! Nós não te criamos para agir dessa maneira. - Diz minha mãe, e posso ver as falsas lágrimas brilhando em seu rosto.

-Vocês não me criaram, mãe! Foram as inúmeras babás!

-Por favor Rilee, tente ser razoável. Nós só queremos o melhor pra você. - Meu pai entra em cena, tentando, desesperadamente, dispersar a situação.

-O que é MELHOR pra mim, é deixar essa casa e nunca voltar! - Eu praticamente grito, e volto a arrumar a mala, quando meu pai entra e a fecha com violência, quase arrancando meus dedos com isso.

-Você não vai a lugar nenhum! - Ele ordena

É aí que eu sinto, a estática nas minhas veias, o pulso de energia pelo meu corpo. Eu agarro minha cabeça, tentando apaziguar minhas emoções, mas é tarde demais. Meu comprido cabelo ruivo e as roupas começam a levitar, cheguei a um ponto sem retorno! Meus ouvidos se enchem com o barulho dos vidros ao meu redor se estilhaçando, enquanto meu poder e minha raiva se misturam em uma tempestade perfeita. O sentimento cresce e se intensifica, cada pêlo do meu corpo está arrepiado, os segundos se arrastam como um relâmpago em câmera lenta. Meus dedos faíscam em antecipação ao que está em curso nas minhas veias. Olho para o meu pai, enquanto lagrimas encharcadas de sangue escorrem por meu rosto de marfim.

-Eu te amo! - sussurro

Em uma incontrolável onda de choque final a energia deixa minha alma, em ondulações rosa e azuis, que saem por todos os ângulos do meu corpo. O piso voa dos meus pés, livros voam sozinhos das prateleiras e se unem a pregos, papeis, roupas e outros objetos em um tornado. A força que sai de mim arremessa meus pais, com muita força, contra uma parede de pedra e eles caem inconscientes. Eu grito, como se cada molécula do meu corpo se partisse em duas lentamente.

Com um controle, que não sei de onde veio, meu mundo começa a se ajustar. Uma calma cobre meu quarto como um lençol, e caio sobre uma pilha de destroços no chão, soluçando, enquanto lagrimas carmim continuam a cair dos meus olhos.

Eu abraço minhas pernas e me balanço incontrolavelmente, enquanto grito de raiva e tristeza, com nada para me consolar, a não ser o eco da minha própria destruição.

O Barulho das sirenes enche meus ouvidos. Corro escada abaixo e lavo meu rosto na pia, para limpar as lágrimas e o sangue. Minha destruição se espalhou através de uma grande parte da casa. Corro pra fora, para o ar frio, e, no caminho, quebro o alarme de incêndio que está ecoando pela rua.

Frenética, eu vou até o primeiro bombeiro que sai do caminhão...

-Meus pais! Eles estão lá em cima.

-Fique aqui! Eu vou busca-los. - O bombeiro entra correndo e sua equipe entra logo em seguida, deixando me sozinha no gramado.

Tudo parece em câmera lenta. Minha respiração ofegante é como uma campainha barulhenta aos meus ouvidos. De repente, um cobertor quente recai sobre meus ombros, olho e vejo um paramédico que me direciona e leva até a ambulância. Ele me senta e checa meus sinais vitais, minha cabeça lateja! Eu levanto os olhos e vejo dois bombeiros carregando meus pais, desacordados, e os colocando em macas. Minha atenção é desviada deles por um policial, que não havia notado antes, se dirigindo a mim.

QUANDO A ENERGIA PULSAWhere stories live. Discover now