QUANDO A ENERGIA PULSA

CAPÍTULO 2

Rolando pela cama do hotel, acordo com o barulho agudo do meu celular, tocando sobre o criado mudo. Já faz uma semana desde que fui perseguida até a floresta, e não consigo lembrar o que aconteceu lá dentro. Pego meu telefone reclamando, já que não sou uma pessoa matinal, e vejo que a chamada vem de um número desconhecido. Pisco meus olhos cansados, e deslizo o indicador pelo touchscreen para aceitar a chamada.

-Alô, aqui é a Rilee – Digo com uma voz grogue.

-Srta O'Conner, obrigada por atender minha ligação tão cedo... Meu nome é Lilian D'Angelo, Eu estou ligando para saber se ainda tem interesse no trabalho de assistente pessoal que estamos oferecendo? E ao qual você se candidatou.

Eu acordo de vez, como um estalo, ao ouvir a palavra trabalho.

-Sim, obrigada por ligar! Ainda estou a procura de emprego.

-Excelente! – Lilian responde – Posso enviar um carro para lhe buscar você hoje, por volta de 12H, e lhe levar até minha residência? Desculpo-me desde já, pois estou fora do país a negócios. Mas o encarregado, meu filho mais velho Vincent D'Angelo, estará lá com o irmão mais novo. Eles farão sua entrevista.

-Tudo bem Sra. D'Angelo. Aprecio seu tempo e a minha consideração para o cargo.

Conversamos por mais alguns minutos, revendo detalhes sobre salário e arranjos sobre moradia. A posição vem com um quarto em sua vila* e um ótimo salário. Contive minha empolgação com a oportunidade, até dizermos adeus e eu ter certeza que a ligação tinha sido encerrada. Pulo na cama comemorando, totalmente feliz. Viver neste hotel foi rapidamente desgastante.

Jogo-me de costas sobre a cama, e respiro aliviada. Checo a hora em meu celular; 8H! Isso me dá tempo bastante para me prepara para a entrevista. Saio de minha cama de hotel, vou para o banheiro tomar um banho. Lavo meus cabelos, esfrego meu rosto, e o corpo todo. Seco bem meus cabelos com a toalha, ponho uma calça jeans, uma camiseta, um par de tênis, e desço trotando pelas escadas até o lobby, em direção ao café da manhã do hotel. Pego um suco de laranja, ovos e bacon. O cheiro de café quente entra por minhas narinas enquanto respiro tranquilamente, um sinal de alívio. Algo que não sinto desde que deixei minha casa.

Encarando meu celular, decido fazer alguma pesquisa sobre a família D'Angelo, para estar melhor preparada. Deslizo o dedo para desbloquear a tela inicial e abro o google para começar minha pesquisa. Depois de clicar no ícone para iniciar a busca, minha tela é preenchida com centenas de artigos, alguns datando de séculos atrás. Meus olhos castanho-esverdeados dançam ao longo da tela enquanto estou completamente absorta diante dos resultados.

A influência dos D'Angelo sobre a cidade remete a décadas. Isso é, extremamente, intrigante. Dou um gole em meu suco, enquanto leio um dos inúmeros artigos, e pondero como sua vila deve ser. Espero não estragar tudo durante a entrevista.

Dou uma conferida na hora, e ainda são 9:30H. Opto por dar uma corrida até a cidade e comprar algo para a entrevista. Usando o Lyft do meu celular, peço um carro que me leve até a praça principal do mercado de Milão. Desço bem em frente a um grandioso shopping center. O clima está maravilhoso, um dia ensolarado de 17°, com uma leve brisa e nenhuma nuvem no céu. O sol aquece minha pele, enquanto ando pelas calçadas, olhando as vitrines. Coloco meus fones de ouvido, abro minha playlist e escolho "BARCELONA" (de Ed Sheeran), ao mesmo tempo em que passo de loja em loja.

Finalmente, depois de muito andar, eu escolho uma camisa de botões branca, uma calça social azul marinho, e um paletó da mesma cor. Azul e verde sempre foram minhas cores. Chamo outro Lyft para me levar de volta ao hotel, e assim que chego começo a me arrumar para meu compromisso. Depois dos retoques finais em minha maquiagem, dou uma olhada na hora, são 11:45H. Acelero meu passo, coloco meu paletó, calço meus saltos finos, pego meu portfólio com meu curriculum, minha bolsa e desço para o lobby. No exato momento em que saio pela porta, um Lincoln urbano, preto brilhante, entra pela rotatória do hotel, e um motorista bem vestido saí dele.