CAPÍTULO 3

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Entro pela porta de cerejeira com minha enorme mala. Meu cabelo preso em um coque baixo, uma calça jeans escura, uma camiseta verde-azulada com gola V e um par de sapatos na mesma cor. Alguns cachos de cabelo soltos emolduram o meu rosto. Respiro profundamente, e ouço a voz de Vincent ecoar através do enorme andar.

-Rilee, bem vinda!

Ele está vestido como um sofisticado homem de negócios. Calça social preta, uma camisa verde de botões, que destaca o jade em seus olhos e acentua seu peitoral. Seu longo cabelo castanho está preso em uma trança.

-Por favor, deixe me mostrar o seu quarto.

Ele levanta minha mala com facilidade, e sobe a grande escada carregando-a. Fico intrigada com sua força, essa mala não está nem um pouco leve! Ainda assim, ele a carrega como se não pesasse nada. Arqueio minha sobrancelha para essa demonstração de força. Avidamente o sigo escada acima, e depois pelo corredor, até meu quarto.

-Espero que esteja de seu agrado! - Ele diz gentilmente enquanto empurra a porta para abri-la.

Entro pelo batente, e bebo da atmosfera. O quarto foi recentemente reformado , os móveis e a pintura são novos. As Paredes são de um cinza claro,e uma moldura branca circula todo o forro. Uma cama queen size, com uma grande cabeceira branca e ornamentada, dois criados mudos, em um branco aústero, ladeiam suas laterais e sobre ela um edredon branco, feito com penas de ganso, adicionando calor e textura ao ambiente neutro. Cortinas delicadas, com desenhos de pequenos animais da floresta, balançam com a brisa que vem do ar-condicionado. Mesmo desprovido de cor, eu achei o quarto calmante e simples! Vai ser fácil dar meu toque pessoal.

-Deixarei que você se instale. Se precisar de algo, estarei na sala de visitas!

Vincent sorri amplamente antes de me deixar para desfazer as malas, e me acomodar a minha nova vida. A pesada mala está sobre a cama, eu abro e começo a tirar minhas roupas, então ouço uma leve batida na porta.

-Pode entrar! - digo, sem olhar, nem parar o que eu estava fazendo.

-Se acomodando bem, Rilee? - Zephyr observa me, sob o batente da porta, com suas sobrancelhas arqueadas, estudando me.

Viro meu rosto para encara-lo

-Zephyr, eu trabalho para você, portanto, não tenho nenhum interesse em um relacionamento romântico com sua pessoa. - Digo isso com muito orgulho de mim mesma, por estabelecer limites firmemente.

No entanto, para meu desânimo, o ar parece se incendiar entre nós. Mantendo seu olhar sobre o meu, ele vem em minha direção e para a poucos centímetros do meu corpo, enrola um dedo delicado e frio em um dos meus cachos soltos sobre o rosto....

-Não há nada romântico em foder! - Diz. Seu tom é baixo e macio.

Ele deixa sua mão cair de volta a lateral do seu corpo, e, ainda me olhando, ri com deboche ao ver o sangue subir as minhas bochechas. Amaldiçoo minha natureza pálida.

-Além disso... - ele continua, em um tom de indiferença - ... Você trabalha para meu irmão, não para mim. Portanto não há nehum conflito de interesse. A não ser que você queira nós dois! – ele continua sorrindo, mas discretamente , enquanto arqueia uma sobrancelha ao mesmo tempo.

Sinto-me completamente exasperada pela nossa estranha tensão sexual. Suspiro e olho para ele de maneira aborrecida, quando uma dor aguda atravessa minha cabeça. Sugo o ar através dos dentes, e seguro minha testa com a palma da mão, enquanto a dor vai rasgando meu nervo ocular. Fecho meus olhos para me concentrar, e sou envolta em imagens da noite que fugi para a floresta. Distorcidas e nublada, elas correm através da minha mente, pausando intermitentemente, enquanto meu cérebro se força a lembrar. De repente, como se minha visão tivesse se ajustado a um véu ilusório que a cobria, tudo entrou em foco, e lá, na minha frente, está Zephyr... sem camisa, coberto de sangue! Lentamente se aproximando e me jogando de costas contra o tronco de um alto pinheiro... Volto ao presente com Zephyr chamando meu nome.

-Rilee? - ele pergunta me tocando bem levemente.

Sacudindo minha cabeça de lado a lado, faço uma careta de dor devido as pontadas que pulsam em minha cabeça.

-Desculpe Zephyr, só estou com uma enxaqueca estranha. - Digo uma meia verdade, pois parece ser a melhor opção no momento.

-Muito bem... vou deixar você, por agora! Mas se seus "desejos mudarem" - ele pontua essas duas ultimas palavras – estarei lá em baixo, no hall.

Deixando-me ao meu próprio desejo, deito na cama e abraço a mim mesma, enqunato todo quarto começa a rodar. Fragmentos da noite que eu estava na floresta, e vi Zephyr pela primeira vez, tornam-se plenos em minha memória. A corça morta, o sangue, a paixão...está tudo lá, em todas as cores, para eu digerir.

Sentindo a bile subir a garganta, corro para o banheiro anexo ao meu quarto, e despejo tudo o que tinha em meu estômago no vaso. Gemendo audívelmente, sento sobre meus calcanhares devagar, e jogo minha cabeça para trás, enquanto o comodo gira.

-No que, diabos, eu me meti?

QUANDO A ENERGIA PULSAWhere stories live. Discover now