Excuse me Mister, I'm on the line!

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    Há quase uma semana desde que resolvi seguir o conselho de David e decidi me aventurar pela Europa, sozinha. Amsterdam fica um pouco longe, mas o meu plano ainda é ir daqui para a França.

    A casa de Anne Frank tem uma fila enorme para entrada, e por um acaso do destino eu havia de ser a última!

Hoje o dia vai ser péssimo!

    Depois de algum tempo, no entanto, a fila começa a diminuir e eu pego meu celular para passar o tempo, começando a editar uma foto que postaria para um trabalho no Instagram. De repente, um homem ruivo e alto, entra em minha frente na fila.

- Com lincença Mister, eu... estou na fila. - disse educadamente, tentando chamar a atenção do homem.

    Quando ele se virou, fiquei um tanto quanto surpresa. Ele era mais novo do que eu pensava, e muito bonito. Envergonhada quando seus olhos encontram meu rosto, penso em pedir desculpas, mas eu não fiz nada de errado.

- Me desculpe lass, eu não vi que estava na fila. - ele diz, sua voz é tão única e doce que me surpreendo.

Ele não viu você? Talvez seja tão pequena que chega a ser distante do campo de visão dele.

    O homem abriu espaço para que eu retornasse ao meu lugar na fila, e assim o faço.

- Eu sou James, by the way¹.

- Sou Kiara.

- Você não tem cara de Kiara. - disse, de forma descontraída.

- Eu... também me chamo Ohana. - eu disse, dando continuidade à conversa. O que deu em mim pra falar com estranhos?

Piranhagem é o que deu.

- Ahhh! Aye². Ohana, esse combina com você. - responde.

- Como uma pessoa pode não combinar com seu próprio nome? - pergunto, com estranheza.

- Ahm, the sound, esse segundo nome é mais... você. Tem uma certa delicadeza... - ele diz a última parte como se estivesse dizendo as horas.

    Eu gostei do elogio, obviamente, ninguém nunca enxergava delicadeza em mim, enxergavam sempre força e independência, o que não deixava de ser verdade, meu lado feminista ficava lisonjeado, mas o meu lado princesa ficou contente ao ouvir tal descrição. O elogio, no entanto, me deixou completamente sem reação, por isso o máximo que posso pensar em dizer é:

- Thanks. - com uma risada sem graça no final.

- Ohana, você é norte-americana? - ele perguntou, mudando de assunto.

- Não, eu sou brasileira. Mas você soa como um escocês de longe! - revelo, assumindo que sua pergunta se devia ao meu sotaque.

- Eu sou! - disse ele, com um sorriso que fez a minha pressão aumentar.

- Eu moro lá, em Edimburgo. - digo, me arrependendo depois. Como posso falar da minha vida pessoal pra qualquer estranho só por ele ser bonitão!?

- Really³? Eu também! Estava aqui a trabalho mas acabei tendo tempo para visitar alguns lugares. E você? - ele pergunta.

    Okay, parece que você não é a única a contar sua vida toda a um estranho.

- Eu estou aqui pelo turismo mesmo, mas volto ao trabalho em uma semana. - respondo.

- Coincidência não? - diz, talvez mais para si mesmo do que para mim - Eu também fico aqui por mais uma semana! - ele continua, com um sorriso de apenas um lado da boca.

The Skye Boat Song | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora