Capítulo Três

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JULHO DE 2014




Aquele deveria ser o dia mais perfeito do ano até aquele momento. O céu azul, o sol brilhando como nunca, um calor suportável e a natureza em seu ápice da beleza.


Era tradição entre os Drundstein e Frederer passarem algumas semanas do verão no sítio da segunda família. Quando os pais ainda não eram pais, apenas quatro universitários aproveitando a vida, Harold herdou aquele sítio de seu avô, mantendo o território como um "escape" de sua rotina e um segredo que contou apenas para os melhores amigos.


Com o nascimento dos gêmeos, de Caitlin e, logo depois, de Bianca, o chalé dentro do sítio se tornou uma casa cheia de quartos, quase uma pousada. Nenhum verão se passou sem cada uma das crianças gritarem nos ouvidos dos adultos "que dia nós vamos para o sítio?". Eles já não eram mais crianças, mas a insistência continuou.


Contudo, era a primeira vez que Francine, Tyler e Caitlin não estavam particularmente animados para a viagem. Os três apareceram com características parecidas: os cabelos levemente bagunçados, os olhos cobertos por óculos escuros e os rostos extremamente inchados.


A razão para aquilo era o aniversário da Frederer mais velha no dia anterior. Em segredo, os três adolescentes saíram para beber com suas identidades falsas recentemente confeccionadas, pulando as janelas de suas respectivas casas em um horário em que já deveriam estar dormindo. Os pais não viram a ação durante a madrugada, mas com certeza suspeitaram de algo quando o "trio maravilha" sorrateiramente apareceu.


― Quem está animado para essa viagem?! ― a mãe dos gêmeos apareceu com seu sorriso radiante e sua animação que, embora na maioria das vezes bem-vinda, foi um gatilho para a frustração dos filhos e da amiga destes.


― Yay... ― eles sincronicamente "comemoraram" com as vozes arrastadas.


― Vocês ficaram embriagados do refrigerante que tomamos ontem no restaurante, crianças? ― o pai de Caitlin e Bianca espertamente perguntou, não conseguindo ser enganado pelo "disfarce" dos jovens.


― Só fiquei conversando com eles por mensagem até tarde papai, só isso. ― a aniversariante de outrora tentou se justificar, mas não obteve sucesso.


― Qualquer um que cair nesse truque fajuto de vocês três é um tolo. ― Louis Drundstein expressou, jogando algumas malas na mini van. ― Vocês estão de castigo.


― Mas não fizemos nada, papai! ― a voz alta e estridente de Francine fez a própria ficar tonta.


― Sim, claro. ― Taylor riu ironicamente e olhou para o marido e para o amigo. ― Ei, vocês lembram quando estávamos no primeiro ano do ensino médio e pulamos o muro da escola para irmos beber depois que o irmão do Louis comprou fardos e mais fardos de cerveja para nós?


― Ah, é, bons tempos... ― Harold sorriu de lado com a lembrança e logo encarou a sua filha mais velha e os amigos dela. ― Depois disso, nossos pais nos castigaram por um mês. Mas já que nós planejamos essa viagem desde o fim da do ano passado e é uma tradição, o castigo virá assim que voltarmos para a cidade. D'accord?


D'accord, papai. ― Caitlin respondeu, revirando os olhos por baixo de seus óculos escuros.


― Ok, agora vamos antes que durma aqui na calçada de tanto esperar. ― Bianca, a única inocente naquela história, se pronunciou.


O grupo não teve escolha além de obedecer a mais nova, entrando nos carros de cada família e rodando por San Francisco inteira até a zona rural, um caminho tão familiar quanto o de casa, causando um tédio extremo até a chegada no local.

Before The SunsetOnde histórias criam vida. Descubra agora