3. Paixonite momentânea

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E para a minha tristeza, acabamos chegando no tão aguardado baile. A porta foi aberta pelo mordomo, e o charlatão acabou saindo primeiro e para minha surpresa, ao tocar os pés no chão, imediatamente estendeu a sua mão para me ajudar a descer.

"Não se esqueça, somos noivos" sussurrou no meu ouvido com um ar irônico antes que eu me estabilizasse no chão.

Antes que eu olhasse para a cara do patife, ele encaixou perfeitamente o seu braço no meu e começamos a caminhar até a entrada, e depois Edward nos alcançou.

O lugar era praticamente amplo e grande decorado com branco e dourado, luminárias de diamante, mesas e cadeiras, torres de mármore e um salão de danças bem ao centro, podia-se dizer que tinha centena de pessoas, pelo que parece o Sr. Hughes é bem popular.

"Futura sra. Hughes!" disse alegre, mas com um tom de desgosto no fundo, mal pude ver o rosto da pessoa que agora estava beijando minhas bochechas e me abraçando com força.

"Rose!" exclamou meu companheiro vendo meu sufoco e forçando surpresa.

"Oh, Richard!" (então seu nome é Richard, interessante) disse agora afastando-se e mudando o seu alvo, e depois de me recuperar pude ver que era muitíssimo bonita, cabelos escuros presos em um coque perfeito, rosto pálido com um rubor vermelho artificial nas bochechas e de vestido vinho até a canela.

Sinto um toque gentil em meu ombro, me viro e vejo um anjo, "senhor!" gritei mentalmente. Ele era tão belo, tão majestoso, era praticamente meu reflexo só que do sexo masculino (não estou querendo dizer nada *cof*, mas amor próprio é tudo), seus olhos transmitem algo que nunca senti antes, reconforto que dava em mim uma sensação de mal-estar, o que estava acontecendo comigo!?

"Christopher, prazer"disse-me abrindo o mais belo sorriso que meus olhos já presenciaram.

Já estava prestes a responder, quando sinto o braço do que agora sei, se chama Richard me apertando, deixo o meu paraíso e volto a olhar para os olhos que antes eram gélidos e agora cuspiam fogo.

"Vamos" disse me puxando para mais perto.

"Claro, querido" se fosse para atuar que seria bem pelo menos.

Pude notar a surpresa como um feixe de luz em seu olhar, que logo em seguida foi engolida pela sua raiva.

De uma só vez ele me puxou e começamos a andar sem rumo pela festa, e parou quando chegamos em um corredor vazio.

"Você acha que eu não notei seu rabo abanando quando o viu!?" falou fora de si, mas mesmo não sendo momento para isso, comecei a reprisar todo aquele momento.

Parecendo notar ele se foi sem mais nem uma única palavra. Oh céus, será que agora ele me largará diante da minha chefe me culpando pelos vinhos só por causa desse seu estresse tolo!? Sei que a culpa é minha, mas era apenas uma paquera momentânea, devia ter me segurado, sim, mas não posso mentir para meus sentimentos, para mim mesma.

Começo a ouvir uma voz no fim do corredor e começo a segui-la, quando me deparo com o mordomo.

"Edward!" falei pedindo por ajuda.

"O que foi, senhorita?" falou enquanto se aproximava apressadamente, segurando meus braços.

"Eu estou perdida! Não sei o que fazer, o que sentir..." não! Não posso ser fraca! Limpei a garganta, agora com a pessoa inovada "Quero dizer, me apresente à pessoas importantes para o meu esposo".

Pasmado, segurou meu braço de forma cortêz me levou até o centro e me apresentou a diversos indivíduos, tais variando como negociantes, banqueiros, vendedores, fazendeiros e donos de grandes terras. Eles eram tão iguais, só pensavam em dinheiro e ter filhos. Será que aquele tal de Christopher também é assim?

O tempo de alguma forma voou, não por estar sendo incrível, e sim por eu estar me ocupando com algo, era divertindo ouvir as histórias de cada um, ver diferentes formas de pensar.

Pude notar na multidão Richard, estava conversando com um senhor pançudo, provavelmente sobre negócios, e pude ver todos que estavam em minha companhia seguiram minha visão e a apreciaram com a mais pura admiração e como se esquecessem de mim, palavras começaram a fugir de suas bocas.

"Oh, Sr. Hughes é tão rico" falou uma quase babando e que balançava seu leque para disfarçar.

"Mesmo tendo um passado tão triste, tudo parece não o abalar" falou outra viajando.

Passado triste? Então esse homem seco tinha um suposto motivo de ser assim? Não. Isso não lhe dá motivo para tratar os outros assim. Mas eu sentia uma mistura de curiosidade e pena. Agora que pensei, logo eu estaria casada com um homem que mal conheço...

"Mas já está noivo" falaram todas em coral voltando os olhares para mim, que ardiam em mim.

"Por falar nisso, de onde você veio, Amélie?" disse Rose (que estava na roda) com desprezo. Então a atenção tinha voltado a ser eu... As palavras que Richard me dissera vindo para cá ecoaram em minha cabeça, no fim das contas eu teria que inventar uma nova identidade para mim.

"Bem, eu nasci em Inverness, sou filha do Sr.MacGyver, um dos homens com mais propriedades do país, com milhares de propriedades pelo mun-" mal tinha terminado e elas já estavam boquiabertas e olhei para o lado e lá estava ele, Richard tinha se teletransportado de uma forma que eu nem tinha percebido. Será que ele ouviu a conversa?

"Vamos embora querida, já está ficando tarde" disse dando um belo de um sorriso falso e logo iniciamos as despedidas, que pensei que nunca mais terminariam.

Destinada à perdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora