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Era seu terceiro dia ali.

Jisung estava agoniado, a peça não estava andando. Não estava progredindo. Apenas retrocendo. Suspirou baixinho, decorando os traços marcantes do rapaz – que por desespero não sabia o nome. Não queria ser sincero, ou dar o braço a torcer, mas tinha que admitir que ele conseguia exercer muito bem seu trabalho. Sua apresentação era estimável, e de fato conseguia prender muito bem seu público, a ponto de acharem que seu sofrimento não era um teatro, era real. Até mesmo seu fingimento de morto quanto ao assassino. Mas algo intrigava Jisung, ele não sabia o que se tratava. Porém, estava trabalhando duro para descobrir.

Como anteriomente nas outras apresentações que assistira, sentia uma vontade desesperada de ir embora. Não gostava desse sentimento, principalmente para alguém como ele que apreciava tão bem a arte. Olhou seu relógio, era o primeiro intervalo. Ficara ali, imóvel, vendo as pessoas saindo para fumarem ou beberem ou comer alguma coisa. Mas ele permaneceria ali, porque se saísse para o saguão, seus pés rebeldes o levaria para sua casa. Ele tinha que entender o final daquele história. Porque não entendia? Ele sempre entendia.

Tinha meia hora sozinho naquela enorme sala repleta de cadeiras. Encarou o palco, sentindo uma sensação mística irreconhecível. Não conseguia parar de olhar para o palco, e tinha uma sensação discreta que estava sendo observado, ou até mesmo encarado. Tentou piscar, mas era impossível. Ele queria ter o poder de superzoom para saber a pessoa que o encarava tão perturbador. Logo, todo mundo começou a voltar e as luzes do palco foram acessa. Jisung viu a sombra sumindo diante do cenário. Estremeceu, se levantando.

Terminava seu cigarro do lado de fora da casa de espetáculos. Pisou no maço, olhando para os lados. Esperando que a porta do camarim de um dos atores fosse aberta e que o novato saísse. Contudo, ninguém apareceu, e ele desejou que nenhum guarda o visse ali. Olhou o relógio, já fazia mais de uma hora que havia acabado o espetáculo, então porque demorava tanto? Ia pegar mais um cigarro, nunca fora de fumar, mas essa noite era necessário. Pegou o folheto estragado e amassado, encarando o nome do espetáculo. Olhou-o de todos os ângulos, exaurido por não desvendar aquele mistério perturbador. Desistiu de esperar o novato, partindo para sua casa.

Sentou-se em sua escrivaninha, pensando no que poderia escrever sobre a peça no jornal. Nada vinha em seu cabeça, a não ser a maravilhosa atuação do novato, ou seu sorriso em todas introduções. Ele sorria genuíno, sequer parecia atuação. Era tão real que chegava a doer o coração de Jisung. Pegou novamente o folheto, repassando as cenas e de como o novato atuava, logo, anotando o que ele achava. Mesmo que assistira três vezes, jamais mudaria sua perspectiva inicial sobre a peça, e principalmente, sobre o ator principal. O que poderia escrever? Qual era a sensação de assistir uma peça de mistério quando na verdade, na vida real, o ator principal era o poço de mistério para Jisung.

O ruivo tinha certeza que era ele que o encarava descaradamente no intervalo. Mesmo no escuro, poderia sentir seus olhos pretos penetrantes o encarando de forma aterrorizante, mas talvez, sim, de forma confortante. Sim, talvez era isso que Jisung precisava, de conforto.









// amo essa fic confusa hehe 💛💛💛

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