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Era o seu último dia vendo a peça. Estava lotado, os ingressos havia acabado muito rápido, e naquele dia teve três sessões em horários diferentes. Jisung, como sempre, estava em seu último horário. A peça começaria as nove e ponto e terminaria meia-noite. Era um bom horário para ele que gostava da brisa da noite, era refrescante. Sentou-se na sua cadeira de sempre, pegou o papel. Nas últimas semanas o que mais tem feito era lido e relido o folheto, além de o folhear e ficar mais de meia hora encarando o nome gigante da peça. Ele estava no automático, quase mórbido, sequer havia percebido. Esperou ansioso para que Minho – descobrira o nome dele com algum "colega" na editora – aparecesse e começasse sua preciosa introdução. Repetiu num sussurro mudo as mesmas palavras que Minho, ele até mesmo sorriu igualmente ao ator. Fechou os olhos, contando até dez, até o grito angustiado soar e seu corpo todo estremecer. Sempre estremecia. Abriu os olhos no momento em que os holofotes iluminou o cenário.
Assistira a peça todinha repetindo as falas, memorizadas em seu cabeça, e consigo as expressões facilmente delicadas de Minho. Ele as imitava com facilidade de um ator que decorava em dias o roteiro. Jisung não sabia que estava copiando Minho, não sabia que Minho sempre o encarava ao dizer as palavras que atormentava o interior do personagem. Não sabia que fitava boa parte Minho, e quando este não parecia suspirava e fechava os olhos. Abrindo-os no momento em que ele aparecia.
"Entregue-me tudo que tens. Apenas deixe sua saudade e meu coração comigo. É a única coisa que lhe peço." Repetia roboticamente a segunda parte da peça após o intervalo, inerte nos lábios finos de Minho, que se movimentavam lentamente em paixão, sofrimento e pena. Apertou a blusa, ansioso para a fala da mulher a qual estava farta daquela casa e todo o mistério que o marido levava consigo. Seria erradiço Jisung querer ou se colocar no lugar da mulher de Minho? Ponderou que se fosse no lugar dela, jamais deixaria Minho, mesmo com todo o mistério que emanava e levava consigo para A casa 21.
"Não me ama mais? Sabia que estava propensa a isso. Sabia que iríamos morar aqui para investigar a morte da moça, para saber o que tanto esses políticos fazem nessa cidade opaca". Jisung podia sentir a voz tremer, mesmo que fosse a de Minho tremendo. Mas ele podia sentir o coração de Minho bater em angústia por ver seu amor indo embora, na verdade não era seu amor; ela nunca o amou. "Meus sentimentos não significou nada para você? Não passei de um passa tempo?". Jisung estava chorando, juntamente com Minho. A mulher relatava sua situação naquela casa, omitindo as ameaças que estavam recebendo, justamente por amar demais Minho. Na verdade, seu personagem. Franz Joseph. Focou no rosto de Minho desmanchado em lágrimas, enquanto via a mulher partir.
Era o segundo intervalo para a última parte. Jisung, então acordou do transe, sabendo o que significa Minho e o final da peça. Pegou o bilhete que iria deixar no camarim do novato. Levantou-se agitado, tateando os bolsos a procura do amado cigarro. Deixou o bilhete por baixo da porta, saíndo do teatro. Queria telefonar para Hyunjin, mas perdera o contato dele. Queria saber se Jisung estava certo quanto ao que achara sobre. Ele queria estar certo.
// amo mesmo que ninguém leia ♥️
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;; theater | min+sung [STRAY KIDS]
FanfictionHan Jisung é um amante apaixonado por artes cênicas, e sempre que possível assistia a uma peça de teatro na rua, Stafford n°03. Num momento frequente em suas idas se apaixonou por um dos atores da peça "A casa 21", com um mistério envolvente, emanav...