Capítulo 10 | Agora eu sei!

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Naquela noite eu saí decidida a ficar com o primeiro cara que eu encontrasse pela frente no Jhon Bull.

Body de renda, short cintura alta, meia arrastão, bota cano curto, cabelo solto, lápis, rímel e um batom vermelho.

Mas... A gente se arruma pra um homem como se arruma pra uma mulher?

Bom, talvez eu realmente seja o problema.

Jhon Bull, é um bar bem frequentado aqui em Floripa. Eu não sou muito de beber mas na minha cabeça, aquele era o melhor lugar.

Eu não sabia ao certo o que fazer, nem como agir. A única certeza que eu tinha era que aquilo não estava dando certo, ou então, tudo aquilo que me diziam estava errado.

- Tenta... Ela disse. - Você nunca experimentou pra saber se é bom.

Talvez, eu devesse ter pensado um pouco mais em mim e no que eu realmente queria, ou talvez, eu que não esteja sabendo aproveitar o momento.

Assim que eu cheguei, já atrai alguns olhares e de todos eles, eu queria finalizar a noite com apenas um.

Camisa de banda rasgada, calça de vinil, uma bota cano alto e um batom preto. Ela estava sentada em uma mesa sozinha, tomando uma bebida verde que não consegui identificar. Ela olhava pra mim sem pudor mexendo a sua bebida com um canudo. Na mesa ao lado, uma camisa ja velha, calça preta e bota. Cabelo castanho claro, ondulado na altura dos ombros e a boca ja rosada por conta do vinho.

- Posso ajudar? Disse o funcionário do bar.

- Pode me trazer uma long neck.

Eu odeio cerveja, mas pedir um suco de laranja agora, não iria ajudar.

Ela continuou olhando como se quisesse dizer algo com o olhar. E com certeza não era um "oi tudo bem". Fui ao banheiro conferir a maquiagem, queria ter certeza que não estava parecendo uma palhaça. No reflexo do espelho, ela. Meu coração disparou, parecia que ia sair pela boca. Levei um susto, mas ao mesmo tempo, confesso que me senti naqueles filmes que se passam no Canadá.

- Boa noite!

- Boa noite.

- Você não é daqui né? Ela disse enquanto retocava o batom.

- Sou. Apenas não frequento muito o lugar.

- Entendi. Prazer, Clarice.

Clarice? Quem se chama Clarice em pleno século 21?

- Lis!

- Lisandra?

- Não. Só Lis.

- Diferente, mas bonito. Tem uma história por trás desse nome?

Que tipo de pergunta é essa? Tanta coisa pra falar e fazer e ela pergunta sobre o meu nome? Pergunta o meu telefone xuxu

- Obrigada! Então, sinceramente, eu nao sei. Nunca questionei os meus pais sobre isso.

- Entendi.

- Bom, deixa eu ir, minha cerveja já deve ter chegado.

Quando ela apareceu no reflexo do espelho já imaginei a gente rolando pelas paredes do banheiro, igual aqueles filmes clichês que as pessoas mal se conhecem e já transam. Nunca saí tão decepcionada de um banheiro como saí agora.

Depois de uns 40 minutos e umas 2 cervejas, foi a vez dele. Ele levantou, se aproximou e disse:

- Licença, ta esperando alguém?

Se eu estivesse esperando alguém por 40 minutos, com certeza eu ja estaria demonstrando isso né.

- Não!

LIS | O Demônio tem olhos azuisOnde histórias criam vida. Descubra agora