Whittier - Alaska
Inverno de 2002Pelo visto eu tinha razão sobre as coisas velhas da casa, ao que parece Harry convenceu minha mãe de que eles precisavam comprar coisas novas, pois não podiam viver com a memória alheia. No começo daquela manhã fria todos estavam acordados e conscientes de seus deveres que no fim das contas eram bem simples, eu recolhia o que era para ser doado, minha mãe o que era para ser jogado fora e meu pai era o mediador do nosso complexo automático ou ele levava as sacolas para o centro comunitário, que não para minha surpresa também ficava dentro do prédio perto da prefeitura que agora sim para minha surpresa também funciona dentro do prédio, ou os levava para o lixo.
Terminamos por volta de meio dia, lembrei de mudar o fuso horário do meu relógio para acompanhar o horário local, ajudei Harry a levar o último saco para o centro comunitário e encontrei Olga aparentemente a estufa era somente um hobby ela era na verdade uma assistente social e trabalhava na prefeitura.
- Bom dia Emma! - então Olga não se esquecera de mim.
- Bom dia Sra Mileto, como está seu dia hoje?
- Indo bem querida, e como anda aquele nosso possível chá, andou pensando? - na verdade não eu não havia parado para pensar na possibilidade de tomar um chá com ela, mas eu não queria magoar a senhora que eu nem conhecia, que estranho isso sair de mim.
- Sim pensei sobre o assunto, e quando voltarmos da cidade eu passo no seu apartamento pode ser? - eu não sabia se iria realmente passar lá ou que horas iria voltar mas eu não conseguir dizer "não" para aquela doce senhora e eu nunca havia ido tomar chá com alguém seria uma experiência nova.
- Então pretende ir a Anchourage? - ela perguntou enquanto focava em um outro lugar naquele ambiente.
- Sim - respondeu meu pai que só estava de paisagem naquela conversa.
- Ah... Bom dia Sr Jonhson, é um prazer conhecê-lo - a Sr Mileto fez a mesma mesura cortês que havia feito quando nos conhecemos.
- O prazer é todo meu Sra Mileto - respondeu Harry tentando fazer sua pior tentativa de cordialidade.
- Ah querido pode me chamar de Olga, todos me chamam assim, e pode deixar a sacola ao lado das demais no fim no corredor - meu pai saiu carregando consigo as últimas duas sacolas - E Emma alerte seu pai sobre o horário do túnel ele fecha às onze da noite se passarem desse horário terão que dormir em Anchourage - disse ela com sua foz trêmula e ainda sim gentil.
- Okay obrigado pela informação - agradeço e saio, realmente era algo muito útil para me manter longe de Whittier - Até mais senhora Mileto!
Voltamos ao apartamento, enquanto estávamos no elevador expliquei para meu pai sobre o fluxo de tráfego no túnel e sobre seus horários. Quando entramos noto que Louise havia feito uma pequena mala, segundo ela qualquer coisa pode acontecer na estrada, e é sempre bom estar preparado.
- Então o que têm aí dentro é porque vamos levar? - perguntou meu pai procurando as chaves do carro.
- Bem aqui tem o básico, um lençol, toalha, uma conjunto de roupas e alguns sanduíches, e Harry a chave está em cima da mesa - completou minha mãe, o engraçado é que para mim o básico é água, salgadinhos e o meu iPod e não o kit sobrevivência na selva.
- Mãe o básico é, sanduíches, protetor solar e de quebra pode entrar o lençol, mas isso seria uma raridade de inclusão ao quesito básico, e... O lençol que está levando é aquele que usei no carro? - ela afirmou com a cabeça - Nesse caso se precisarmos mesmo dele é melhor que leve o cobertor.
Ela saiu e retornou segundos depois trocando o lençol pelo cobertor. Meu pai preferiu não protestar pois tinha sanduíches e se tivesse sanduíches ele estaria bem. Saímos ao corredor e Noah passou por mim carregando consigo novamente a escada em direção ao terraço.
- Boa viagem! - comentou ele, mas como ele sabia? Sem querer esbanjei uma feição que exclamava dúvida - Cidade pequena, não se esqueça - comentou ele por fim, e pegou o acesso ao terraço. Pois é as notícias voam por aqui.
De Whittier a Anchourage eram poucas milhas, talvez levassem umas duas horas, pois haveria uma parada em Alyeska para abastecer. Na saída da cidade encontro um rosto familiar, ele vestia um colete amarelo florescente e trabalhava no túnel, era o desconhecido do elevador, ele acenou quando passei por ele.
Saímos de Whittier a caminho de Anchorage, de volta ao velho e usado F-100, de volta a paisagem branca e morta ou adormecida, nada além de neve por longos minutos, um vulto escuro alcança meus olhos e eu me pergunto o que poderia ser aquilo.
- Sim era um urso pardo - diz minha mãe apontando para fora, para além da janela, mostrando algo que eu não havia prestado atenção naquela imensidão branca.
Poderia ser mesmo um urso pardo mas eu não sabia que eles eram encontrados por aqui, talvez nessa época do ano todo o Alaska vire um grande morro de gelo e isso confunda os ursos fazendo com que andem para as cidades, mas eu não os culpo de terem que encontrar humanos aqui, afinal quem viria para cá? mãe aponta novamente para fora do carro porém pela janela ao lado do meu pai, e havia uma placa de localização "Centro de preservação: vida selvagem do Alaska" Não havia muita vida selvagem para se ver por ali mas eu dei um desconto pela estação em que estávamos.
A viagem seguia, passamos pela estação de trem de Portage e por cima de uma ponte sobre um rio congelado, seguimos o resto do caminho acompanhando os cortes das montanhas, curva após curva, a nossa direita um paredão de rochas e gelo que poderia facilmente nos derrubar e a nossa esquerda um precipício com um largo rio.
Chegamos ao primeiro ponto de parada, o posto de gasolina Tesoro, estacionamos junto da bomba número seis, e enquanto meu pai abastecia minha mãe e eu fomos a loja de conveniência. Eles tinham carne seca, tabaco e sucos em pó, dizemos ao cara do caixa que só queríamos usar o banheiro e ele nos apontou a porta dos fundos.
Saindo do posto fiquei feliz em encontrar um Subway, pelo que parece mesmo no fim do mundo há um Subway, pedi dois sanduíches para viagem um de trinta centímetros que Louise dividiria com Harry e um de quinze centímetros para mim. Eu sabia que tinha comida no carro mas qual a chance de encontrar outro fast-food em Whittier?
Terminamos de comer e seguimos viagem para Anchorage, chegamos meia hora depois.
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Whittier
AventuraApós um transtorno psicológico Emma e sua família buscam uma nova vida longe da lotação que tinham no passado. Contudo pendendo a uma ponta da balança sua família e mandada a Whittier que de fato seria a pior de suas opções. Com a vida perturbada p...