Mundo azul - Um autista

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Meus pais — Sr. e Sra. Jeon, descobriram minha deficiência intelectual já tarde quando eu tinha seis anos de idade, o autismo ou TEA -Transtorno do Espectra Autista.

Este transtorno não é algo fácil de ser identificado, mas meu pai Hyunjae, sempre muito atencioso comigo, notou alguns detalhes que poderiam muito bem passar despercebidos, e logo me levaram até um especialista, onde enfim fui diagnosticado.

Até os meus quinze anos meu autismo na escala de baixo a alto, era levianamente baixo, porém com o tempo piorou, no passar dos anos fui adquirindo mais alguns sintomas do distúrbio e, bom, agora sou considerado um autista mediano. Qual a diferença? Toda. Meu desenvolvimento de aprendizagem diminuiu, mesmo eu me esforçando mais que o pessoal da minha classe, passei a necessitar de mais consultas com minha psicóloga, de mais terapia ocupacional semanais, além de ter passado a frequentar fonoaudiólogo e neurologista.

Quando as pessoas descobrem que você é diferente, independente do quanto, por instinto humano elas simplesmente se afastam, tanto por maldade ou quanto por ignorância, e devido a isto, ninguém da minha faculdade sabe do meu transtorno mental ou que tenho aula auxílio após as aulas; tenho receio de contar, contudo sinto que a boa maioria desconfia, não consigo me enturmar nem socializar, passei a criar um mundo somente meu, assim vivo apenas nele, então isto deve gerar desconfianças da parte deles.

Mas o autismo não se altera com facilidade, normalmente o nível de gravidade permanece o mesmo quando tratado, alterou porque eu não quis seguir os tratamentos, não aceitei meu transtorno, mesmo tendo noção da minha dificuldade em me manter centrado apenas numa atividade ou acontecimento, ou socializar.

Mas agora meu estado de saúde é estável já que estou sendo devidamente analisado e monitorado, infelizmente ou felizmente, sou observado por minha mãe durante vinte e quatro horas sem necessidade alguma, ela acha que sou um bebê e, odeio confessar, mas às vezes me sinto difícil em me conectar nos assuntos ou nas pessoas, não é que eu não queira, apenas é difícil. Vez em sempre nem eu me entendo e prefiro agir solitariamente do que compartilhar, pois algumas horas muito pouco consigo entender, isso quando tomo atenção em alguma coisa.

Nos últimos anos tomei uma mania de movimentar os dedos, como se o polegar estivesse descascando o indicador e minha mente fica naquilo, me sinto melhor assim e quando não o faço, além de não conseguir me concentrar em mais nada, me perco dos dois mundos: o que criei, e o real.

Por ter tido autismo leve, pouco criei dificuldade na linguagem, me comunico bem e também sou bem capaz de focar em uma coisa ou outra, diferente de muitos autistas.

A pior parte de tudo isso são os meus pais, eles sentem por mim desde que eu era pequeno. Minha mãe sofre com antecedência, sim ela sofre, e muito, ela costuma pensar como vai ser quando eles morrerem. Sei disto não diretamente pela dona Jeon Eunbi, e sim por ter escutado - sem querer - sua conversa com meu pai.

Não gosto de vê-la ou vê-lo sofrer, então escondo muitos ocorridos meus. É doído, pois diversas vezes não enxergo a verdadeira intenção das pessoas e sei que, por um ponto, minha mãe está certa em ter medo, às vezes eu também sinto medo em reconhecer que sei pouco do mundo, muito pouco pra minha idade, que sou sim inocente pra os meus dezenove anos, e isso devido a meu transtorno que me tranca dentro de mim.

Quanto a faculdade, esta foi a parte mais difícil da minha vida até aqui, sem sombra de dúvidas. Anteriormente falei que não divido meu distúrbio com ninguém da sala de aula, a não ser com os professores, mas nem sempre foi assim.

Até o primeiro ano do ensino médio, ainda com autismo leve, eu fazia as terapias ocupacionais como os outros exigidos, seguia o cronograma, e todos da minha sala tinham conhecimento do distúrbio, porém eu me apaixonei por um garoto, ele não era pior nem melhor que ninguém e mesmo assim teve coragem de olhar nos meus olhos e dizer que não se envolveria com um débil, me menosprezando por causa do distúrbio.

Lembro da cor dos olhos dele até hoje, deveria esquecer pois meu pai me aconselhou a ignorar tudo que nos diminui, porém ele foi o único garoto por quem criei sentimentos e que tive um contato mais íntimo. Desde então, depois desse garoto, eu nunca mais quis que soubessem e tentei ignorar o distúrbio deixando de lado a terapia, tentei me ignorar.

Mas não há nada mais ignorante que ignorar a si mesmo em lembrar que no prézinho não havia isso, todos eram amigos mesmo sabendo da minha deficiência. É dificil, eu queria ser mais igual aos outros garotos, mais ousado, mais atento, mais arteiro, animado ou também quieto, porém normal.

Voltando no Ensino Médio, terminei, entrei na faculdade e com muita insistência da minha mãe para que eu voltasse as terapias, devido ao destaque da minha dificuldade, eu voltei e descobri que o distúrbio agravou.

Me odiei nos primeiros instantes, eu poderia estar melhor e não estou por ignorância minha.

Agora vivo com frequência em dois mundos e confesso que aquele do qual criei para estar conectado comigo é melhor que o real, lá as pessoas não são más. E segundo este pensamento meu, minha mãe costuma dizer que sou normal e os outros são os diferentes.

Esse foi o primeiro capítulo, espero que gostem, de verdade.

Lembrando que é uma obra adaptada da linda e maravilhosa dandaraokei

Livro novo!

Smile for the Camera 📸

Taehyung e Jeongguk são dois modelos héteros que vão trabalhar para uma revista gay. O quão longe isso pode ir? O quão confuso pode ficar?

Se era errado ou certo eles não sabiam, apenas gostavam. 👇

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