Na semana seguinte haveria um jogo de basquete no qual Jungkook odiava participar, mas na tentativa de interagir se obrigaria a ir. Não estava indo por Taehyung, estava indo por si, e pra si, disso ninguém poderia duvidar. Jungkook se esforçava cada dia mais, por ele e por seus pais. Quanto a Taehyung, nem se lembrava dele, ou lembrava e ignorava o fato, não por maldade e sim, por mera relevância de seu cérebro e de seu distúrbio. Mas buscava os traços dele, por mais estranho que fosse, fazia o possível para não esquecê-los e conseguia, não para tê-lo em seus pensamentos todos os dias e sim para não esquecer quando realmente precisasse.
Taehyung o prende, o desperta, o toma; e disto, ninguém nunca foi capaz, antes dele.
Jungkook não é frio por isso, pelo contrário, pois como muitos outros autistas ele se mostra um garoto amoroso porém receoso demais, fechado em muitos assuntos, não abraça as oportunidades de se revelar; o distúrbio deste o impossibilita, no caso dele não há muito espaço pra tanto.
Nos dias passados os dois não retornaram a se esbarrar pelos corredores da faculdade mas provavelmente voltariam a se ver nos dias futuros, como por exemplo no tal jogo que estaria por vir, porém não ocorreu como esperado sendo que Jungkook teve uma consulta remarcada para aquele dia. Fugir da rotina, do previsto, enche um autista de estresse e com ele não era diferente, aquele dia foi difícil de suportá-lo, mas seus pais estão acostumados e simplesmente relevaram seu mal humor durante o resto do dia, por detalhes como este, ele se perguntava sempre se seria uma boa trazer Taehyung para sua vida, para si, com tudo ao seu redor estando tão arrumado e acomodado.
Valeria a pena uma desordem?
Ele o suportaria como seus pais? O entenderia ou faria o possível para tal? Teria paciência no sentido geral? Ele não tinha respostas, então preferia nem se arriscar em buscá-las. Jungkook possuía poucos passatempos além de ser obcecado por Artes Visuais, como por exemplo escrever poemas e isto era o que fazia na aula de História de Arte Antiga e Medieval.
- Eaí, cara? - Um dos estudantes de Artes Visuais puxou uma cadeira, se sentando ao lado de Jungkook. - Sou Jimin, espero que aceite o fato de termos de fazer dupla, pois terá que aceitar!
Jungkook o olhou resistente a entender o que estava acontecendo, a chegada do garoto foi tão súbito que se viu sem reação. Fechou seu caderno escondendo o poema. O garoto estilo bissexual da área de humanas o olhou com seus olhos castanhos e pesados, olhos de quem não dormiu cedo na noite anterior, ou nem dormiu.
- Tá com uma expressão de "Não estou entendendo", sendo que a professora acabou de explicar. Todos nós temos que formar duplas e, você e eu, sobramos! - Relatou, e dessa vez Jungkook absorveu, nem tanto, pois com cautela observava os lábios gordinhos dele.
- Podemos fazer juntos, então. - Disse observando a situação, ele estava próximo demais.
O garoto o olhou com indelicadeza, como quem tentava decifrar qual a parte dita por ele de: Todos são obrigados a formar dupla e do fato de apenas terem sobrado os dois que ele não havia entendido. Bufou por fim, sem um pingo de sutileza.
- Qual o seu nome? - Perguntou sem nunca antes ter tido interesse.
Tirou o caderno da mochila e em seguida o abriu, Jungkook apenas o acompanhou com os olhos.
- Jungkook! - Respondeu perdido nos rápidos movimentos de Jimin, que mexia em seus materiais.
- Jungkook? - Disse parando, se perguntando de onde haviam tirado um nome como aquele. - Soa feio! - Opinou.
Jungkook se viu surpreso, para ele o nome dele não soava muito diferente do seu.
- Jimin não soa bonito também, nem por isso estou opinando! - Rebateu um tanto ignorante.
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Orã | taekook | Adaptação
FanfictionCONCLUÍDA ✓ Jeon Jungkook, um jovem de dezenove anos portador do TEA Transtorno do Espectra Autista. Este mesmo jovem teve problemas em aceitar seu distúrbio no decorrer da vida tendo como consequência uma evolução do transtorno mental. Jeon nunca...