Capítulo 7

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05 de outubro de 1991

Olá! Como você está hoje? Espero que seu dia tenha sido verdadeiramente muito bom!

Sei que não vai e nem pode me responder mas eu só queria fazer com que você se lembrasse de que existem pessoas que realmente se preocupam com você.

Hoje nós fomos até a casa da tia Nancy porque ela estava comemorando o seu aniversário de 34 anos. A festa foi bastante divertida mas enquanto estava sentada em um dos sofás da sala de estar, eu comecei a reparar em algumas das pessoas que estavam dentro do cômodo com um pouco mais de atenção.

Austin estava tocando o seu próprio repertório de músicas antigas e atuais que iam desde Elvis até os Eagles em um canto da sala e todo o resto da família estava reunida no centro do lugar, dançando, bebendo e comendo.

Até o vovô Charlie parecia estar animado. Austin sempre me dizia que o vovô havia sido infectado com a crise da meia-idade quando ainda era uma criança e por isso vivia de mal humor durante todos os dias do ano.

O papai conversava com uma moça bonita no vão entre a sala e a cozinha e os trigêmeos da tia Nancy estavam atropelando todos que cruzassem os seus caminhos durante a brincadeira de pique-esconde.

Todos pareciam estar animados mas eu não tinha muita certeza de como eles estavam se sentindo por dentro.

Pensei nisso enquanto admirava o tio James fazendo mais uma daquelas piada que conseguiam arrancar risadas escandalosas de literalmente qualquer um que as ouvissem.

Sempre que vejo o tio Charlie, ele está com um tremendo sorriso no rosto.

Acho que nunca o vi chorar uma vez sequer, nem mesmo no velório da mamãe. Ele na verdade estava tentando criar um clima nostálgico e um pouco menos deprimido, oferecendo abraços a todos e sorrisos reconfortantes.

Foi quando parei para tentar me lembrar de quando alguém ofereceu um abraço para o tio Charlie naquele dia.

Ele sempre se encarregava de colocar um sorriso no rosto de alguém mas ninguém parecia se encarregar de colocar um sorriso no rosto dele.

Então eu resolvi me levantar do sofá pela primeira vez desde o começo da festa e fui em sua direção para oferece-lo um abraço. Eu também disse que ele era muito especial para todos naquela família e que às vezes conseguia ser o único a fazer todos se esquecerem de seus problemas por um tempo.

Ele me abraçou de volta e me disse que eu havia sido a primeira pessoa a falar isso para ele.

Então eu fiquei um pouco triste porque se não fosse por mim, ele talvez nunca saberia o quão importante e valioso ele é para essa família.

Por isso eu queria fazer você se lembrar de que é importante na vida de alguém, independentemente de quem.

Com amor,
Ali.

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