CAPÍTULO 1

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“O Diamante Negro Retorna para Casa”

“O Diamante Negro Retorna para Casa”

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Cidade do Porto, Portugal. Ano de 1.712.

Aiser decidiu fazer uma visita rápida ao comércio local de Porto para que pudesse comprar uma luneta e novas peças de roupas, já que as que ele fazia uso estavam gastas demais para um homem nomeado como capitão de um navio. Misturando-se ao restante da população, o rapaz também espreitava os mais variados tipos de joias vendidas ali, desde de pulseiras a colares de valor inestimável, tudo por uma única tentativa: o Cristal Azul, a única coisa que lhe interessava. Infelizmente, durante todos os seus anos de navegação, o jovem Aiser jamais foi capaz de encontrar alguma pista que provasse que o objeto era real, encontrando apenas imitações ou joias comuns que, para ele, não possuíam nenhum valor. 

      Ele encarava seu reflexo em uma bandeja de prata em cima de uma mesa – ao seu lado, havia talheres do mesmo material, taças de cristal e jogos de xícaras. Seu cabelo castanho estava preso em um rabo-de-cavalo curto e mal feito, permitindo que alguns fios caíssem na frente de seu rosto sujo e cheio de terra. Aiser possuía um olhar profundo, às vezes quase inexpressivo. Ele não parecia satisfeito com o que estava vendo. Não era diferente com suas roupas. Em terra, nosso capitão tentava manter a discrição, mas tudo o que conseguia fazer era se parecer com um pedinte: ele usava uma camisa branca encardida, que se escondia por baixo de um casaco marrom esfarrapado. Calças pretas desbotadas faziam contraste com suas botas de cor envelhecida. “Isto não é roupa que um capitão deveria trajar”, ele resmungou, chateado.

      — É uma peça e tanto, não acha, esta aqui.

      Ao seu lado, surgiu uma mulher pouco elegante e de riso fácil, que também não trajava belas roupas, mas fazia uso de um vestido azul chamativo repleto de babados e um decote discreto no busto. No pescoço, havia um colar fino de prata com uma pequena pedra azulada presa a ele. Aiser a observou com atenção, mas não com clareza, pois seu rosto estava coberto por um fino tecido transparente que a protegia do ataque de possíveis insetos. Apesar disso, era possível enxergar seus olhos: um azul incandescente jamais visto por ele. Aiser considerou um olhar curioso e, ao mesmo tempo, travesso, como se aquela mulher fosse capaz de brincar com o coração de qualquer um sem hesitar. 

      A estranha continuou, insistente: “Uma deste tipo deve valer muito, eu suponho”.

      — Você gosta? Gosta desse tipo de artefato? – perguntou Aiser, interessado.

      — É muito elegante, fino. Me diga, senhor, que mulher não gostaria de possuir este tipo de artefato? Somente a realeza pode tê-lo com facilidade, então não entendo porquê comerciantes insistem em tentar vendê-los aqui. A não ser – com um sorriso sugestivo no rosto, a mulher encarou o rapaz ao seu lado — que seja de material inferior. 

PIRATA ESPANHOL - A LENDA DO CRISTAL AZUL Onde histórias criam vida. Descubra agora