01 - Adoráveis brinquedos...

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      Não tenho muitas lembranças do meu passado. O rosto dos meus verdadeiros pais estava desfocado na minha mente. Eu tinha apenas alguns flashes da minha infância, nomes sem rostos e escuridão total.
Aos nove anos de idade algo aconteceu comigo. O trauma foi tão grande que me fez querer esquecer a maior parte da minha vida, felizmente ou não, eu esqueci. Minha única lembrança vívida, porém, muito nebulosa está relacionado a quem devia ser meu melhor amigo antes do trauma. Era uma imagem dele ainda borrada na minha mente, de fundo uma risada junto com a melodia de uma caixinha de música. Se eu forçar bem, ainda podia ver seus olhos castanhos e cabelos mogno escuro. Lembrei-me de seu sorriso amigável, mas nada mais. O resto desapareceu na escuridão.
       Sem ninguém saber do meu passado, eu fui levado à um orfanato. Impressionantemente fui adotado. Madalena e Steven me trouxeram de volta a sensação e calor de ter uma família, era um sentimento que eu também havia esquecido.
Minha amnesia me levou à testes e exames psicológicos, semana após semana, mês após mês e ano após ano. Até que lentamente começaram a acreditar que era um caso irreversível. Por um lado, eu queria saber o que aconteceu comigo, mas por outro, uma estranha sensação de angustia me fazia acreditar que era melhor eu não querer saber o que aconteceu.
      Obviamente isso trouxe consequências para mim. Era uma sensação de ser perseguido por algo.
Especialistas disseram que nasci com um material genético no DNA que está relacionado a uma memória especial que foi continuamente estimulada. Não se sabe a causa nem o que realmente é apesar dos meus esforços eu mão conseguia me concentrar no que foi armazenado e esquecido nessa memória.
       Eu me sentia como se estivesse sendo vigiado constantemente, mas não por pessoas, me sentia vigiado pelos brinquedos no meu quarto. Era estúpido eu sei, no início eles eram apenas brinquedos, mas uma vez e outra, grandes olhos redondos olhavam para mim. Desde que eu era pequeno eu sempre pensei que os brinquedos de pelúcia do meu quarto estivessem vivos e muitas vezes eu tentava provar. Eu olhava por um instante para fora do meu quarto entre a porta, depois voltava meus olhos para onde estava minha atenção e quando meus olhos passavam por um relance eu tinha a impressão de ver os olhos piscarem.

História Real de Jason The Toy MakerOnde histórias criam vida. Descubra agora