02 - Calor Familiar...

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     Se brinquedos eram uma das minhas poucas lembranças que me fazia sorrir, as coisas mudaram. Uma vez e outra, brinquedos olhavam para mim, quase parecia que estavam testando minha sanidade e eu não aguentava mais. A ideia de estar ficando louco preenchia minha cabeça. As vezes parecia que eles se moviam, virando seus rostos para mim e outras vezes faziam barulhos no meu quarto. Não podia ser verdade, era impossível. Porque esses pensamentos me assombram?
       Porque eu odeio tanto brinquedos? Então, porque não me livrar deles? Eles poderiam ser doados a outras crianças ou simplesmente poderia joga-los fora.
Um dia eu tentei, eu realmente tentei, mas quando tomei um deles nos braços, fui preso a um forte sentimento de ansiedade obscura.
      Eu sempre acabava trazendo-os de volta para seus lugares na estante, na minha cama ou nas prateleiras, então eu comecei a tomar tranquilizantes.
Havia apenas um brinquedo que eu levava comigo à noite, apesar da minha idade, eu não conseguia me separar dele. Eu sentia um calor familiar que devia ter começado antes da minha amnésia.
       Eu o encontrei em meu armário no orfanato e desde então nos tornamos inseparáveis. Era o Sr. Coelho, ele tem orelhas flexíveis, de um lado era vermelho e do outro, cor de caramelo. Ele usava um colete preto com duas mangas longas que se arrastava até os pés e tinha elegantes pontos em cada borda do tecido. Seu pequeno olho esquerdo foi costurado com um tampão feito a partir de um botão preto de camisa. Era divertido, mas parecia ser o único brinquedo inofensivo.  Devido a paranoia com os outros brinquedos, eu voltei a dormir junto com o Sr. Coelho. Eu acreditava que ele poderia me proteger.

História Real de Jason The Toy MakerOnde histórias criam vida. Descubra agora